Quadrinhos a descobrir
Com o boom dos quadrinhos no Brasil nos últimos anos, está cada vez mais comum a idéia de que o mercado brasileiro publica tudo o que é importante e relevante e que não sobra nada de muito especial inédito lá fora. Trata-se, claro, de uma patuscada, espalhada por aí por um inocente ou mal-intencionado.
Logo de cara, penso no argentino Liniers, no norte-americano Adrian Tomine, nos espanhóis, nos franco-belgas, nos canadenses e em todo o resto do mundo. As nossas prateleiras ainda estão carentes de muita coisa.
Mas não dá pra culpar só a falta de iniciativa dos editores, mesmo que essa seja a primeira reação. Afinal, pra que os caras vão se dar ao trabalho de publicar se não tem gente pra comprar e ler?
Quanta gente leu Mas ele diz que me ama? E Pyongyang? Fun Home? E essa edição das primeiras HQs do Batman, que são surpreendentes?
E os álbuns nacionais? Outro dia, no blog da Pixel, o editor Cassius Medauar perguntou quem tinha lido os quadrinhos brasileiros da editora, porque todo mundo diz que quer, mas na hora de comprar, os leitores desaparecem. E então eu amplio aqui a pergunta: e A Relíquia? E A Boa Sorte de Solano Dominguez?
Tudo bem que o mercado até comporta alguns títulos mais sofisticados, mas qual a elasticidade do bolso e da boa vontade dos nossos leitores? Quem está disposto a trocar quatro revistas ruins por um álbum de boa qualidade? Essa vai ser uma questão-chave para os próximos meses.
Olhando para os últimos anos, conversando e trocando e-mails com outros leitores, fico com uma impressão bastante ambígua. Por um lado, é ruim: muita gente desconhece e prefere ignorar nossos melhores lançamentos. Mas tem um lado legal: o leitor brasileiro ainda tem muito material de altíssima qualidade a descobrir nas nossas bancas e livrarias.
4 comentários:
Li todos esses que vc citou Nasi.
Porém Fun Home é muito fraquinho e não merece de forma alguma todo esse estadalhaço que fizeram...
No mais vc tem razão, todo mundo vive pedindo, mais comprar que é bom... nada!
Ainda tem os que só compram comics, e ainda esculhamba outros materiais,d izendo que nao presta, sem sequer terem lido...
Abraços
Lucas, não acho Fun Home fraco. Só acho um pouco repetitivo e, em alguns momentos, cansativo.
Bem, no ano em que uma das obras-primas do quadrinho autobiográfico foi publicada no Brasil, o Epiléptico de David B., fica difícil engolir Fun Home.
Aliás seu Sidão, TREMENDA injustiça a posição de ambos nos melhores do ano do UHQ! Atrás de Guerra Civil e de republicações de HQs velhas de Super-Homem e Batman? Ouch!
Hunter (Pedro Bouça)
Hunter, você tem todo o direito de discordar. Minha lista é assinada!
E achei Epiléptico médio. No máximo.
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