07 janeiro 2008

Às vezes, não dá para agüentar nem um dia a mais

Por Zé Oliboni

Retirado do Blog do Pop Balões, a respeito da palhaçada que a Marvel acaba de fazer com o Homem-Aranha.

Pobre Homem-AranhaNesse post estou comentando um dos tais spoilers, que falam sobre coisas que ainda não saíram no Brasil, mais especificamente sobre o futuro (presente nos Estados Unidos) do Homem-Aranha. Se você não quer saber disso, pare de ler ou não diga que eu não avisei.

No final do ano, os fãs do Aranha tiveram a confirmação de uma notícia bem difícil de engolir. O fim da saga One More Day “resetou” a cronologia do herói. Com uma justificativa bem melosa e chinfrim sobre a não existência de um amor puro como o de Peter e Mary Jane ser um forte golpe no ego de Deus, Mefisto deu a opção para Peter salvar a Tia May, que tomou um tiro como uma conseqüência da Guerra Civil. Para isso, ele deveria permitir que o tempo voltasse e, assim, nunca tivesse se casado com MJ.

Ou seja, os último 20 anos de histórias do Homem-Aranha simplesmente não existem mais, uma vez que ele, obviamente, optou por salvar a Tia May, tão cheia de vida e com tanto pela frente.

Sei lá, como fã do Aranha acho isso muito triste.

Já tentaram dar fim na MJ de várias maneiras. Até mesmo logo depois do casamento dos dois poderiam ter matado a personagem, se quisessem, naquela fase em que o Caesar a rapta e a esconde debaixo do nariz do Peter.

Poderiam deixá-la morta quando o Hulk destruiu o avião onde ela supostamente estava... mas não... tem que ser de uma forma tosca...

Além de toda a situação forçada, o que vem a seguir vai cair naquela coisa de o que aconteceu o que não aconteceu; terá um bilhão de problemas cronológicos e um caminhão de outros enroscos porque o personagem esteve muito interligado com toda a Marvel e isso não pode ser ignorado.

Bem dizia a músiquinha: Homem-Aranha, nunca bate, só apanha... da prórpia MarvelComo fica a Guerra Civil se o Aranha não revelou a identidade? E os novos Vingadores? E a Saga do Clone? Simplesmente nunca existiu, como todo mundo faz de conta? Vão recontar todas essas drogas?

Quem é esse novo Aranha sem tudo isso? A versão Millennium mais velha no universo normal?

Quer saber? Na boa, mesmo que descobrirem o novo melhor escritor da nossa geração, com o melhor desenhista do planeta, mesmo que as histórias sejam excelentes e mereçam nota 10 ou até mais, cara... tudo isso poderia ser feito sem apelar desse jeito...

A grande verdade é a seguinte: os editores e os roteiristas de hoje são medíocres demais para pegar uma situação e trabalhar com ela. Então, dão um passo maior do que a perna, fazem algo chocante como Peter Parker revelar que é o Homem-Aranha e depois não sabem mais como trabalhar isso. E a única saída é desfazer tudo.

Sou fã do Aranha e vou ler até o fim, mas se era para fazer isso, que matassem logo o personagem e começassem algo novo. Ou criassem uma nova versão, algo como This Time is Real Ultimate Spider-Man (TTIR Spider-Man), mas não venham dizer que essas histórias que vão sair agora são do Homem-Aranha “oficial”, porque não vai colar.

10 comentários:

Lucas Pimenta disse...

não é só com o aranha não... há algum tempos os comics vão de pior a pessimo.

mais como gostamos, continuamos comprando...

triste...

Quesada é Marketeiro... vendo a crescente vendas de encadernados, com isso os clássicos Marvel vão vender mais ainda, quem tiver saudades da fase antiga do aranha...vao comprar encadernados normais, depois de capa dura, depois absolute, depois o que mais eles inventarem de uma mesma história...

enquanto isso, no Brasil, só acompanho os encadernados clássicos agora...

ler lixo em mensal? nunca mais...

Unknown disse...

Zé,

o Aranha é meu personagem preferido, mas parei de ler faz 5 anos, porque não tem nada que preste faz tempo. Infelizmente o fato dos personagens serem infinitos leva a muita coisa ruim.
é uma pena, o aranha é um personagem muto bom.

abraços.

Anônimo disse...

Só falta agora o Joe Quejada matar o Homem-Aranha Ultimate. Ele já conseguiu matar os Supremos... e o Ultimatum vem aí...

Denis disse...

Realmente concordo com quase tudo que você escreveu na coluna, menos com essa passagem "A grande verdade é a seguinte: os editores e os roteiristas de hoje são medíocres demais para pegar uma situação e trabalhar com ela. Então, dão um passo maior do que a perna, fazem algo chocante como Peter Parker revelar que é o Homem-Aranha e depois não sabem mais como trabalhar isso. E a única saída é desfazer tudo."
Eu vou discordar Mark Millar mediocre, o cara que criou os Supremos, alem disso, por que ele não pode ter a identidade revelada? Por que não criar histórias em cima disso? Na Marvel tem um monte de personagens que não tem identidade secreta o Demolidor já não tem faz um bom tempo e as histórias estão cada vez melhores, depois do Morrison não tem mais mutantes em segredo, todo mundo sabe onde els estão.
O que a Marvel precisa e começar a colocar os caras bons para fazer as revistas deles ao inves de entregar para os meia boca, ai não importa se ele é casado ou tem a identidade revelada, vão sair boas histórias sem precisar apelar para pactos com o diabo

liber disse...

O grande problema com essas histórias em quadrinhos é lidar com a passagem do tempo para o personagem. O Homem-Aranha casa, tem filha e tal. As coisas deveriam seguir em frente. A tia May teria que morrer de verdade, o Peter deveria lidar com problemas reais, como crise no casamento e falta de grana (aliás, foram esses "probleminhas" reais que deram o charme para o personagem quando ele surgiu). A grande porcaria é que fica essa forte impressão de que quadrinhos têm que ser infantis, no sentido de que não podem se permitir amadurecer.
Soluções como essa do Quesada quebram todo o tesão, toda a mágica. É como ver um ator ruim, um filme ruim, que não consegue convencer, não consegue criar empatia com o espectador.
Vamos ver o que vem por aí. Mas eu vou acompanhar pelas notícias na web. Não vou gastar um centavo com essa porcaria.

Anônimo disse...

Homem-Aranha(1962-2007) - Adeus querido amigo, e fico grato por ter sido o Amigão da Vizinhança por tanto tempo, descanse em paz!

Anônimo disse...

A última coisa que comprei de Comics foi a Contagem regressiva para Crise Infinita - e me arrependi.

A penúltima coisa que comprei de comics foi X23 - e me arrependi

A antepenúltima coisa que comprei de comics fois a saga "batman silêncio" - e me arrependi...

Tipo... já chega!

Hunter disse...

Pô, Jussara, também vai escolher mal assim...

Contagem Regressiva, X-23 e Silêncio estão entre as HQs mais criticadas publicadas nos EUA nos últimos anos!

Como tudo no mundo, existem comics bons e maus. O material "em cronologia" de super-heróis é feito para os obsessivos que acompanham esses personagens ininterruptamente às vezes há mais de VINTE anos! E devo dizer que quem acompanha um material essencialmente infanto-juvenil durante tanto tempo INVARIAVELMENTE vai se decepcionar, já que ele nunca vai poder chegar ao nível de sofisticação que o leitor, agora adulto, deseja.

Agora, material tipo a linha européia da Panini, que É feito para leitores adultos, passa despercebido pelos referidos leitores, que lêm obsessivamente seu material juvenil enquanto reclamam que não é sofisticado o bastante. Não tenho pena dessa gente!

Hunter (Pedro Bouça)

Anônimo disse...

Tem tanta coisa boa como Buda do Osamu Tezuka que tô lendo agora e também Corto Maltese! Mas as HQs de super-heróis viraram uma piada mesmo!

Victor disse...

Isso é o sinal, para mim, que o "estilo marvel/dc de fazer quadrinhos" acabou. É uma era que muitos de nós acompanhamo na infância e adolescência, mas cujo cadáver vem sendo arrastado por editores e artistas sem criatividade já há muitos anos. Coisas como "Crise de Identidade", "Guerra Civil" e "One More Day", onde há mirabolantes reviravoltas, são tentativas desesperadas de aumentar as vendas e extrair criatividade de um mercado editorial que já deu o que tinha que dar. O canto do cisne dessa fase começou com obras como "Crise nas Infinitas Terras" e "Guerras Secretas": certo, a "Crise" foi bem feita e tal, mas não deixou de ser um truque editorial anunciativo de uma era que estava acabando. A advinda de Watchmen, onde Alan Moore desconstruiu a imagem do herói fantasiado, foi uma formidável, genial, lápide para o enterro do nosso sonho de adolescente. Fazem 6 anos que deixei de comprar as revistas mensais da Marvel/DC que são publicadas no Brasil, e, não sinto nenhuma falta, não me arrependo nem um pouco. E só compro lá fora os TPB's daquilo que realmente foi bem recebido pelo público e crítica e, ainda, não distorce o universo dos meus personagens prediletos. As histórias do Homem-aranha acabaram muitos anos antes daquela besteira de trocar de uniforme em Secret Wars. Tudo o que veio depois, salvo raras exceções, é descartável, em minha humilde opinião.