28 maio 2007

O que estamos lendo

Com a pauleira das duas últimas semanas, fiquei 15 dias sem escrever sobre materiais que li e acho que merecem ser comentados. Então, vamos logo com dez deles! Let's go!

Um quadrinho muito legalInvencível - Volume Três - Perfeitos Estranhos: que série bacana! O roteirista Robert Kirkman conseguiu resgatar a diversão de se ler uma HQ de super-heróis. A história, que começou com um tom de humor bem agradável, agora ganha ares de drama com a mesma competência. O desenhista Ryan Ottley também cumpre com categoria seu papel. E o trabalho editorial da HQ Maniacs melhora a edição. Leitura altamente recomendável.

Diversão medianaBatman Extra # 2: fim do primeiro arco da nova revista do Morcegão, que trará apenas histórias fechadas. A trama da entrada de Hugo Strange para o mundo do crime é mediana apenas, mas superior às porcarias que vinham aparecendo no título principal do Batman. Leitores mais novos podem ficar decepcionados com o desfecho, mas os fãs veteranos sabem que ele não poderia ser de outra forma. A revista é um entretenimento razóavel. E só.

Edição caprichadaNeil Gaiman - Dias da Meia-Noite: a edição que marca a estréia dos álbuns da Vertigo pela Pixel é diferente da versão americana (que tem duas HQs do Monstro do Pântano a mais), mas não decepciona. Graficamente impecável, traz histórias que se não estão no nível de Sandman, ficam acima de quase tudo que se acha em bancas atualmente. A melhor é a de John Constantine: curta, forte, direta e muito bem sacada. Em segundo lugar vem o (rapidíssimo) encontro dos Sandmen: Wesley Dodds vê Lorde Morpheus aprisionado, mas logo sua memória é apagada pelo Perpétuo. E a trama do "antepassado" do Monstro do Pântano é honesta, nada mais do que isso. Achei apenas que faltaram algumas notinhas editoriais para situar leitores novos. Por exemplo: dizer que a trama dos Sandmen remete diretamente à saga inicial de Gaiman - Prelúdios & Noturnos - à frente do título do Senhor do Sonhar.

Começo insLJA # 54: A saga Um Ano Depois deveria começar com todos os títulos "adiantados" em um ano. Deveria, porque dois dos quatro componentes do mix desta revista - Liga da Justiça e SJA: Arquivos Confidenciais têm histórias que se passam antes desse evento. E não há qualquer menção editorial a isso. Uma pena. Já Lanterna Verde e SJA trazem histórias que se prestam ao papel de deixar o leitor com dúvidas e mais dúvidas a respeito do que está acontecendo - ou aconteceu nesse período saltado - essa era a intenção da DC. Nesse sentido, até por serem as primeiras edições desta nova fase, os autores conseguem despertar aquela vontade de saber o que virá a seguir. Mas, por enquanto, com pouco brilho.

Gostei deste númeroGrandes Astros - Superman # 5: continua a grande ode de Grant Morrison às histórias do Homem de Aço na Era de Prata. Não é nada que seja classificado como genial, muito longe disso, aliás. No entanto, este número foi o que mais me chamou a atenção, pois o roteirista escocês conseguiu resgatar o "velho" Clark Kent: atabalhoado, paspalhão, covarde, mas sempre se virando para salvar o dia mesmo em trajes civis. Claro que algumas coisas soam absurdas, como deixarem Lex Luthor, uma das mentes mais brilhantes do planeta, na cadeia inventando coisas. Quem imaginaria que ele pudesse dar um jeito de escapar, não é? Mas tudo bem, pois a idéia se encaixa na premissa da série. E os desenhos e a narrativa do Frank Quitely são bem legais. Curti o seu Kent meio gordo e corcunda.

Sem pizzaTartarugas Ninja - Volume 1: quem conheceu as Tartarugas Ninja nos desenhos animados infantis da TV vai levar um susto se ler este álbum da Devir. Afinal, a edição mostra o surgimento dos personagens, com um ar muito mais violento (os protagonistas, que não são tarados por pizza aqui, matam seus inimigos sem qualquer pudor), justamente como Kevin Eastman e Peter Laird os conceberam. Mas que ninguém espere uma obra-prima da nona arte, pois os autores criaram a série para ser uma diversão sem grandes pretensões. E é isso que rola. Mais na primeira parte do livro, pois na segunda, quando surge uma viagem interplanetária, o ritmo dá uma caída brava. É legal conferir também que o traço das HQs era muito mais próximo do underground do que do "engraçadinho" adotado na telinha e nos produtos de merchandising.

Edição para quem conhece o seriadoAlias: apesar de um texto na edição dizer que o entendimento desta HQ independe de o leitor assistir ao seriado homônimo de TV, não é bem assim. A trama é confusa para quem nunca viu as aventuras da agente secreta Sydney Bristow (interpretada pela curvilínea Jennifer Garner, a Elektra do cinema) e a leitura requer bastante atenção, pois o texto de Pierluigi Cothran por vezes confuso deixa pistas importantes aqui e ali, mas que, de cara, parecem irrelevantes. O desenho de Alberto Ponticielli é razoável. Como já aconteceu com A Última Batalha, a Panini estranhamente nem colocou esta graphic novel, produzida pela Disney italiana, no seu site oficial.

Tá feia a coisaRising Stars - Estrelas Ascendentes - Volume 2 # 3: J. Michael Straczinsky desandou a maionese nesta série, que começou tão legal e cai vertiginosamente a cada edição. Agora, dez anos depois, ele faz voltar o argumento do aumento de poder dos especiais cada vez quem um deles morre. Como se isso não bastasse, o personagem que desde o começo vinha sendo considerado o mentor da trama malévola, veja só, estava dominado mentalmente e fez tudo "sem querer". Fala sério! De bom nesta edição, apenas o fato de a segunda história ter arte do Stuart Immonem, o mostra que, mesmo com todos os furos no roteiro, Rising Stars seria bem mais agradável com desenhistas de verdade.

E tome Crise InfinitaDC Apresenta # 3 - Crise Infinita Especial Volume 2: desta vez são abordados capítulo "finais" de Projeto OMAC e Vilões Unidos. A primeira até tem um tom de desfecho, piegas e forçado pra caramba, mas ainda assim um desfecho. Já na reunião de malvadões do Universo DC, não tinha como terminar sem o tradicional "continua...". As duas tramas são fracas, com desenhos medianos. Ambas estão entre aquelas leituras que, daqui a algum tempo, poucos se lembrarão.

Será que vem por aí um campeão de audiência?Naruto # 1: as três principais editoras de mangás no Brasil queriam este título, mas foi a Panini quem levou. Pra quem não conhece Naruto, trata-se, hoje, do único título com potencial para ser um novo Dragon Ball (a última revista em quadrinhos, tirando Turma da Mônica, a vender mais de cem mil exemplares, em 2001). A molecada já é muito fã do desenho animado e, de olho nisso, até assinatura do mangá já foi lançada. Quanto à história da estréia, é uma apresentação apenas, mas fica claro que é mais um "filhote" de Dragon Ball, com um protagonista divertido, que pode se tornar extremamente perigoso e com uma missão a cumprir. Não curto aquelas bobagens de narizes sangrando quando os homens se excitam, mas como isso é voltado para outra faixa etária, vá lá. Vejamos os próximos números.

7 comentários:

Amalio Damas disse...

Só agora comprei o primeiro volume de Invencível e realmente é muito divertido. Decidi não comprar mais os títulos da Panini, pelo menos em banca, porque do ano passado pra cá virou uma verdadeira loteria, a gente nunca sabe se o gibi vai chegar. Só dois exemplos: Batman Ano Cem - só chegou o número 2 e Lobo Solitário, acaba de chegar o 23. Sobre Grandes Astros, realmente não tem nada de genial e inovador, mas está anos-luz à frente do que é escrito nos títulos do Superman atualmente. No meu caso específico, sou fã de carteirinha da arte de Frank Quitely, desde a minissérie Visões de 2020 - Tesão de Viver, lançada pela Abril.

Amalio Damas disse...

Só pra terminar, depois de Invencível, li este final de semana O Rei do Ponto de Lourenço Mutarelli. Altamente recomendável para quem gosta de quadrinhos. Uma narrativa matadora, uma história divertida e arte da melhor qualidade, tudo isso por um preço muito bom. Só por sandice, depois de acompanhar as cenas finais, imaginei o Mutarelli desenhando o Homem-Aranha. Quem leu vai entender o porquê.

ars351 disse...

uma pena que apenas são paulo e rio de janeiro recebem as revistas no prazo.
aqui em belo horizonte elas levam dois ou mais dias para chegarem. elas vêm da comix direto pra cá (pelo menos no lugar que eu compro).
ainda não recebi nem grandes astros nem crise infinita: vilões unidos.

Leandro disse...

Naruto demorou DEMAIS pra chegar no Brasil. Talvez pela briga das editoras, talvez pela falta de interesse editorial mais cedo, ou mesmo porque a moçada escolheu os títulos errados para serem publicados antes de Naruto. Eu sou desses que acha que mangá é só um sinônimo de HQ e, vamos ser honestos, um monte de histórias publicadas por aqui na onda do "estilo-mangá-caça-níquel" era uma porcaria.
Quem se cansou de esperar, ou quem tem acesso à internet, leu scanlations e assistiu ao desenho via distribuição alternativa. Por isso duvido muito que Naruto terá no Brasil o sucesso que Dragon Ball teve. Mas estou torcendo para que seja bem sucedido. É uma boa história! Os desenhos, que já começam muito bons, melhoram ainda mais ao longo da série. Uma coisa interessante, para quem se importa com detalhes técnicos de storytelling, é ver como Masashi Kishimoto usa os clichês do mangá de aventura a seu favor e não deixa a mistura desandar em momento algum.
Abraço,
Leandro

Unknown disse...

Tartarugas Ninja é isso mesmo: diversão sem pretensão. Interessante perceber que os desenhos animados recentes beberam diretamente na fonte: a saga interplanetária, com o fugitóide, o "seqüestro" do Splinter, está tudo lá, só que mais desenvolvida, com mais detalhes e maior duração (ou seria ensebação), contando inclusive com uma luta do quarteto contra o Spasmossaurus. Que venham mais números!!!

Victor disse...

Ô sidão, os narizes sangrando são uma tirada clássica, assim como as gotas de suor enorme no lado da testa. Meio sem originalidade reconheço, mas pelo menos mantém uma certa tradição.
Ei, vcs têm que colocar mais post nesse blog! Eu adoro o UHQ, mas o Blog é genial pq dá para comentar!

WagnerCG disse...

Sobre Grandes Astros Superman, acho que essa ingenuidade (Luthor inventando coisas enquanto preso) é típica da Era de Prata, e não aquela coisa totalmente "lógica e explicadinha" que muitos quadrinhos acabaram se tornando.

É um exercício de imaginação fantástico, na minha opinião. Principalmente quando conhecemos a Fortaleza da Solidão, na edição dois. É o único gibi do Super que eu compro mensalmente em muitos anos, desde a época do formatinho.