24 fevereiro 2008

Nostalgia: mera diversão ou algo mais?

FantasmaAlgumas verdades são incontestes. Por exemplo, o fluxograma infância / adolescência / idade adulta / terceira idade (detesto quem usa a expressão “velho”. Quem dera todo mundo chegar lá).

Então. E daí?

É que estive relacionando algumas “coincidências” sobre o mercado de quadrinhos, no caso, revistas antigas.

Você sabia que revistas em quadrinhos das décadas de 1950/1960 vendem pouco, mesmo que o preço seja razoável? Mistério... afinal, são revistas difíceis de se encontrar.

Então, o que vende bem? Resposta: edições das décadas de 1970/1980. Nem são tão raras assim. Qual a explicação para o fato? Elementar, diria Sherlock.

FerdinandoQuem leu quadrinhos na infância (meu caso) e não colecionou ou guardou, mas seguiu acompanhando esse hobbie saudável, a partir de certo momento teve uma vontade irresistível de reencontrar o material que acompanhou em anos anteriores, quando mais jovem. Esses são os principais compradores de HQs (não tão) antigas: pessoas maduras, por volta de 30/40 anos, querendo retomar leituras passadas.

Basta uma rápida analogia com a televisão. Quem não conhece algum fã do National Kid? Eu não vejo graça no seriado. Em compensação, adoro Ultraman/Ultraseven, personagens que os fãs do Jaspion e similares acham sem atrativos. Segue nessa linha de raciocínio.

Hoje, o mercado tem uma grande procura por edições do Fantasma, Mandrake, Mortadelo e Salaminho e outras, além de diversas séries da Ebal, como Legião dos Super-Heróis, por exemplo. Ao contrário de séries em quadrinhos mais antigas, não tão concorridas (mas não custam barato: Ferdinando, Brucutu, Agente Secreto X-9, Jim das Selvas, etc.), justamente pela faixa etária do colecionador. Curioso, não? Mas é fato – confirmado com alguns donos de sebos.

Jim das SelvasEnfim, o mercado “nostálgico” existe. E, salvo raras exceções, como a série da Luluzinha (Devir) e alguns álbuns da Opera Graphica (Krazy Cat, por exemplo), permanece um nicho pouco explorado. Será que vale investir nele? As editoras que encontrem a resposta. Este colecionador aqui, com certeza, vai adquirir todo e qualquer lançamento neste segmento.

Afinal, recordar é viver. É minha maior motivação no Universo HQ.
Em tempo: pensei em falar sobre isso quando fiquei sabendo da nova série sobre a Super Máquina. Não perdia um episódio do seriado original alguns (muitos) anos atrás.

8 comentários:

Anônimo disse...

Oi Marcelo. Acompanho esse blog há tempos, mas nunca comentei. Lendo esse post me deu uma vontade de comentar. E já que esse universo está em expansão... Bem, até concordo com sua tese, rs. E eu me considero uma exceção. Porque tenho uns vinte anos e geralmente vou em sebos, procurando revistas antigas (por volta de década de 80 e 90, mas tem umas mais antigas). Porque já li a respeito de que tais revistas são boas. Mas eu era um bebê, ou nem tinha nascido quando elas foram publicadas. E sinceramente não li muitas HQs na minha adolescência. Hoje é que leio. Salvo exceções, acho que muito material antigo é bem melhor que os de hoje. E aqui na minha cidade é bem dificíl achar algo. O vontade de ler A saga da fênix negra, rsrs. E então, sou meio saudosista?? Parabéns pelo trabalho de equipe que vcs realizam no UHQ. É muuito bom. Abraços!

Anônimo disse...

"... e o que é esse botão C?"

Super Máquina é show!!!

Sérgio Codespoti disse...

Naranjo,

O curioso é que fora do Brasil, existe um grande mercado de "saudosistas", que é amplamente explorado por editoras diversas nos Estados Unidos e na Europa.

Só pra dar alguns exemplos europeus, na Espanha a Planeta DeAgostini lançou coleções completas, em capa dura, de Terry e os Piratas, de Milton Canniff; Nick Holmes (Rip Kirby, no original), de Alex Raymond.

Na França, a Glenat lançou um encadernadão reunindo 15 álbuns do Torpedo. Na espanha o material saiu em 5 volumes.

Tarzan, tanto do Burne Hogarth, quanto do Hal Foster, e mais recenemente do Kubert, já foi relançado em diversos países em belas edições.

O Popeye, que está saindo em capa dura completo nos Estados Unidos, também está sendo publicado na Aemanha, no memso formato.

Aqui na região que estou (franco-belga) quase tudo existe disponível para compra nas livrarias, e o que não se acha estocado acab se achando nas incontáveis feiras de quadrinhos.

Nos Estados Unidos, é até ridículo, quase tudo está disponível. Mas muitas vezes a preços salgados.

Inveja desta sua edição de Jim das Selvas, que apesar das históris estarem datadas, eu acho sensacional.

Anônimo disse...

tomara que ha opera graphica, que sempre busca trazer esse"bom tempo" de volta, nos brinde quem sabe, com um TARZAN, capa dura, fase da lança de prata ou lança de ouro...
Ou, pra meu total deleite, Tarzan de Joe Kubert...

seria, enfim, compensador e genial...

e olha que hoje aos 24 anos, eu sou daqueles ainda considerados jovens...

Abraços

Hunter disse...

Em verdade, Codespoti, o mercado francês se destaca porque você é capaz de encontrar TODOS os clássicos ainda nas prateleiras. Pô, Tintim completa 80 (!) anos no ano que vem, que outra série dessa idade você vê por aí vendendo (não para velhos saudosistas - esses já morreram - mas para a galera nova) que nem ele?

Esse material dos anos 30 e 40 nem é para saudosista (não tem mais saudosista desse tempo...), são clássicos sendo republicados para um público novo. Aí trata-se de uma outra questão: Fora da França (e, vá lá, do Japão) os clássicos dos quadrinhos NÃO ERAM republicados! Agora está começando a mudar. Felizmente.

Pô, aqui em Portugal estão republicando uma tira de faroeste americana chamada Lance, que eu NUNCA tinha ouvido falar mas é visualmente impressionante! Nível Príncipe Valente/Rip Kirby, sem exagero!

Agoa, isso é republicação. Quem cata material antigo são os ditos saudosistas. E quanto a isso eu ouvi uma história interessante.

Nos EUA o mercado para os velhos pulps (Sombra, Doc Savage, etc.) simplesmente acabou. Eles valorizavam regularmente desde os anos 50, mas de uns anos para cá ninguém mais compra! Por quê? Porque eram saudosistas que compravam - e essa galera dos anos 30 e 40 já morreu quase toda! O material bom dessa época está disponível em republicações. O ruim não interessa a quem não leu naquele tempo...

Hunter (Pedro Bouça)

Anônimo disse...

Acredito que o mercado daria uma resposta favorável às publicações de Tarzan(Foster,Hogart,Manning e Kubert), Fantasma, Príncipe Valente e outros, mas haveria necessidade de uma maior divulgação, o que espero que aconteça.

Eduardo Mário-Cbá/MT

Franchico disse...

Tarzan de Joe Kubert seria maravilhoso. Cheguei a ler alguma coisa da Ebal, mas era muito garoto, sem noção da preciosidade que tinha em mãos...

Guilherme Veneziani disse...

Sei que o post não é sobre isso, mas queria aproveitar o espaço. Me desculpem por fugir do assunto. :-)

Ontem estava fazendo umas compras na Amazon, que, com o dólar baixo, faz qualquer encadernado valer a pena, e vi uma pré venda pra junho do Demolidor da fase Bendis e Maleev. (lembrei do ótimo post do Nasi sobre Klimt e o Maleev)

São 848 páginas, é o primeiro volume e compõe as edições Daredevil #16 a 19 e #26 a 60. Tudo por US$69,82 (com frete e desconto de 5% pela pré-venda)

Fica aqui a dica pra quem é fã e gostou desta fase.

Abraços