25 setembro 2009

E viva a democracia!

Como o leitor do Universo HQ sabe muito bem, sexta-feira é dia de resenhas no site. É quase tão sagrado quanto a pizza do final de semana. :-)

Mas o que nossos leitores nem imaginam é o tanto que discordamos uns dos outros em algumas avaliações. E, pra mim, isso é que torna o UHQ mais rico: ter na equipe várias opiniões divergentes.

Como eu edito todos os reviews, sempre fica comigo a missão de puxar o fio da discordância. Hoje, por exemplo, foi assim. E resolvemos abrir pros leitores como a coisa rola.

Mesmo respeitando demais as opiniões (e as notas) de ambos, não compactuo com o Lielson Zeni e o Eduardo Nasi em suas resenhas de Umbigo sem fundo e Vida boa, respectivamente.

O que pro Lielson soou como técnica narrativa (a utilização do branco nas páginas), pra mim pareceu exagero, por ter sido usado em excesso e em sequências que não precisavam daquele recurso. Além disso, acho o desenho do Dash Shaw fraco - mesmo para uma proposta mais independente.

O Delfin lembrou de ter lido pela internet uma crítica gringa em que se dizia que Umbigo sem fundo ficaria perfeito com 200 páginas a menos (são 720). Concordo.

Já o que o Nasi considerou bacana em Vida boa, eu acho cansativo. Acho o Zimbres muito inteligente, mas não curto seu trabalho em tiras. Pra mim, o desenho duro e sem movimento torna tudo repetitivo, cansativo, dependente ao extremo do texto.

É raro (ou impossível?) ver em Vida boa uma piada sem balões, por exemplo.

Mas, independentemente dos gostos de cada um, minha função como editor é tirar o chapéu pro Lielson e pro Nasi, que escreveram duas belas resenhas, nas quais justificam bem o porquê de, pra eles, as obras merecerem nota máxima.

E você, o que achou? Aproveite este espaço para comentar as resenhas da semana. E até as mais antigas, se quiser.

22 comentários:

Lielson disse...

eu gosto muito do trabalho do Zimbres. E não vejo problema no apoio textual das piadas. eu estou de acordo com a resenah do Nasi.

Audaci Junior disse...

Sempre é muito bom abrirmos espaço pra essas discussões! Não necessariamente com resenhas de cada um, mas com textos (mesmo por aqui) que discutam os quadrinhos na berlinda... Parabéns!

Sidney Gusman disse...

Pois é, Lielson. Quadrinhos, pra mim, funcionam muito melhor quando texto E arte são bons.

Doctor disse...

Se quadrinho fosse pra se apoiar somente no texto, não seria quadrinhos, sera livro.
Eu me impressiono como é tão comum artistas de quadrinhos descartar, por vezes, o principal aspecto das hqs que é a arte.
Pois é possivel fazer uma hq com desenhos mas sem balões ou pensamentos, mas é impossivel fazer uma só com texto sem a arte.

Amalio Damas disse...

Antes de participar da equipe e desde uns seis ou sete anos pra cá, eu pauto a maioria das minhas compras nas resenhas do UHQ e não tenho me arrependido.

Não tenho como opinar sobre essas duas obras, mas estão na minha Crise da Lista Infinita de Quadrinhos Não Comprados e um dia serão apreciados. Em 2025 eu volto a comentar.

Raphael Salimena disse...

Uma coisa importante é que uma boa arte de quadrinhos não tanto a ver com o desenho ser bonito ou feio. Ele tem que ser eficaz e transmitir a emoção. As vezes um desenho desproporcional, ou feio mesmo, é melhor pra uma cena de terror psicológico (sei lá, um exemplo) do que um Alex Ross da vida.

Sidney Gusman disse...

Tocou no ponto, Salimena. Pra mim, os traços das duas obras não conseguem passar essa diversidade de emoções ao leitor.

Sergio disse...

Acho que,já que o site tem tanta gente lendo mesmo material, seria muito interessante que o blog trouxesse mais vezes essas concordâncias. Sabem bem como é difícil encontrar debates sobre HQs pelo Brasil. Espero que continuem com posts como este. Bom fim de ssemana.

Eduardo roque disse...

S/querer levar pedrada, acho q às vezes as resenhas são meio tendenciosas mas isso é inevitável. Houve materiais elogiadíssimos pelo site q li e ñ achei isso tudo e outros pichados q ñ eram tão ruins. Mas como as opiniões são pessoais...Embora, no geral, concorde c/os resenhistas.
Quanto à questão texto/arte concordo discordando da maioria. Óbvio q tem a questão da adequação d certo tipo d arte a dado texto mas q é + fácil digerir 1 HQ c/texto legal e desenho ruim ao inverso, isso é

Sidney Gusman disse...

Eduardo, sempre deixo claro que as resenhas trazem a opinião do resenhista. E nosso leitor não é obrigado a concordar com ela. Se nem nós da equipe concordamos com todas...

Mas os textos não são tendenciosos. Isso jamais! Eles apenas refletem a opinião do resenhista. Simples assim.

Basta ver, por exemplo, a diversidade nas listas de melhores e piores de cada mês. É raro pintar uma unanimidade.

Eduardo Roque disse...

Mas, então, Sidney, quando me referi a "tendencioso" foi o seg: o Nasi, por exemplo, tende a sempre achar legal tudo q Grant Morrison escreve. Basta ver o histórico d resenhas dele sobre qualquer material desse autor. Mas é tranq, gosto d quase tudo do escocês tb e mesmo ñ estando d acordo c/todas as opiniões do Nasi acho seus reviews alguns dos melhores.
Outro q é até melhor quando malha é o Oliboni. Seus textos são hilários até quando fala mal d algo q gostei

Ricardo Soathman disse...

Não sei, acho que o conjunto é o que deve ser analizado em uma resenha, crítica ou qualquer opinião emitida, no intuido de ar uma visão opinativa sobre...

O que acaba sendo parcial, com base no que o crítico em questão, vê, sente... Mas principalmente no que gosta.

Reclamar que a critica é "tendenciosa", é o mesmo que pedir um x-salada e mandar retirar o queijo, ou a salada... Nada demais, só não é possível reclamar.

A questão da arte em sí... Eu sou daqueles que acha que realmente não existe certo ou errado, quando analizamos uma obra de arte. Não é possível analizar um desenho, uma pintura, neste contexto, mas, acredito que é possível entender que um estilo de arte, as vezes, acaba sendo inadequado, seja pelo tipo de história que está sendo contada ou pela ausência de maturidade técnica. E isso, nem é tão ruim assim, e não impede de uma determinada HQ ter um desempenho legal de público, mesmo que a crítica não seja assim, uma Brastemp.

O que mais me divertiu foi a questão da democracia, em relação ou que é escrito na resenha. Ora, quando todos partilham da mesma opinião, corremos o risco de que ua estupidez coletiva, tome a forma de opinião, o que quase sempre denigre quem assina. Porém, como eu realemnte acredito que uma crítica não pode ser, de alguma forma coletiva, é sempre bom ouvir o que outros pensam antes de escreve-la, mas ainda assim, o texto PRECISA ter um dono, e nele, a OPINIÃO do dono (do texto, gente) precisa ser ISENTA.

Isenta de pré disposições, isenta de interferências... Enfim.

Ninguém vai refazer uma obra porque um critico achou duro ou inadequado, assim como ninguém vai copiar o trabalho alheio, por ser maravilhoso aos olhares da crítica.

É só uma opinião.

ABS

- Ricardo Soathman

Unknown disse...

Essas resenhas são a razão de eu visitar o site.

Eduardo Roque disse...

Soathman, vc, como sempre, mostra-se 1 quase poeta das postagens.
Acho q fui bastante claro quanto ao q quis dizer c/"tendencioso". Nada a ver c/sua alusão ao X-sei-lá-o-q(nem curto muito X-Men) mas embarcando nessa, quer dizer q c gosto d feijão vou adorar sempre o mesmo tempero?
Outra: o q significa esse "LOL" q vc põe d vez em quando?
Fechado: "análise" é c/"s", tá?

Eduardo Nasi disse...

Segundo o dicionário Houaiss:

tendencioso - que revela tendência ou propósito de desagradar ou prejudicar; em que há alguma intenção oculta.

Desculpa, Roque, mas acho realmente forçar a barra dizer que sou tendencioso em relação ao Morrison. Gosto dele, simplesmente porque ele tem uma longa ficha corrida de bons roteiros. Ele não costuma errar muito mesmo. Mas você fala como se ele fosse um autor irregular como um Judd Winick.

Tome o caso de Crise Final: recebi vários e-mails de leitores dizendo que passaram a ler com mais prazer depois das resenhas e do texto sobre Sete Soldados. Muita gente já está tão cansada do gênero super-heróis que lê tudo sem muita disposição - e o Morrison não dá moleza mesmo. Só que, com algum incentivo, muita gente muda de ideia.

É óbvio que, mesmo assim, ele não agrada todo mundo. Mas, até aí, tem gente que escreve dizendo que não gosta de Corto Maltese, que acha bizarro elogiar J. Kendall e por aí vai. Vale lembrar que os quadrinhos dos X-Men estão entre os mais vendidos da Panini no Brasil.

De qualquer forma, tem quilômetros de distência entre discordar de opinião e dizer que sou tendencioso. Até porque não ganho nada com isso. Hehehe.

Ricardo Soathman disse...

Ei Roque;

Poeta é nova... LOL!

Então, é só a minha forma de entender o assunto. Nada pessoal.

Mesmo levando em consideração ao que prescreve o tal Houaiss, nem acho que a "alcunha" de "tendencioso" seja, assim, tão perjorativa... Ou mesmo ofensiva, na forma em que você propôs... Acho que foi só uma escolha pobre de palavra... No teu lugar, eu usaria o termo "parcial" que parece encaixar melhor no contexto.

Sei lá.

Mas assim, entendi o que teu texto queria passar. Só achei engraçado o lance da reclamação da crítica, porque, de uma forma geral, uma crítica, é SÓ, uma crítica.

E então, acabei achando diferente o lance da crítica coletiva, partindo do princípio que, quem escreve, é o autor... Então, é a opinião DELE que deve prevalecer. Mesmo que essa crítica seja publicada por um veículo qualquer, e acabe aparentando ser uma opinião do lugar, e não do crítico.

É como escrever uma coluna/crítica/resenha para, e não poder falar como você quer, e sim, como o cara que te contratou quer. o que é diferente de propor um assunto...

Então, se você escrever a opinião de outro, acaba sendo um escritor fantasma, sem opinião, certo? O que seria improdutivo a um critico... De uma forma geral.

Resumindo, na minha opinião, uma discussão sobre um determinado assunto, antes da crítica é produtivo, oxigena as idéias, mas, não pode ser a BASE de uma crítica, porque ela acaba ficando muito impessoal, e daí, não pode ser assinada de forma isenta.

Fez sentido?

LOL!

Aliás... Sobre o LOL... Ele quer dizer "Laughing Out Loud" ou "rindo alto"... Or something like that!

Eu achei isso na Wikipedia... http://pt.wikipedia.org/wiki/LOL

ABS

- Soathman

Eduardo Roque disse...

Rapaz, essa do Houaiss acabou comigo! Pô, Nasi, é como o Soathman, falou: d repente, "parcial" seria + adequado. Mas rendo-me à maioria, embora como tenha dito + acima gosto das suas resenhas(até ñ concordando) e + ainda d quase tudo q o Morrison escreve.
E valeu pelo esclarecimento, Soathman

Eduardo Nasi disse...

Caras,

Do mesmo Houaiss:

parcial - que toma partido a favor ou contra uma pessoa, uma facção etc., sem que importe a justiça ou a verdade; injusto, partidário

Em vez de ficar buscando palavras pra definir, sugiro que vocês aceitem que as opiniões podem ser diferentes.

Ricardo Soathman disse...

Fala Nasi;

Tô com um "galo" na cabeça... Resultado das duas pancadas de dicionário que levei aqui.

LOL!

Não tem nada de errado em ser parcial em relação a alguma coisa que você curta. Nada mesmo. E, mesmo que o dicionário que você usa seja um tanto "parcial" e até mesmo meio "tendencioso" em suas definições, acredite... Nada demais você curtir o Morrison, e gostar do que ele faz, e fazer uma crítica com base nisso.

Quer um exemplo?

Se EU fizesse uma critica ao Morrison, diria que... Um grande escritor NÃO MUDA um persoangem de 60 anos... Se adapta a ele.

Mudar, ou no caso, descaracterizar um personagem como o Batman, não é assim, tão dificil. Dificil é pegar o mesmo Bruce Wayne, o mesmo Batman, e fazer uma coisa fenomenal, como fez o Miller por exemplo.

E olha... Até acho que a vêia alternativa do Morrison até serve para personagens secundários, mas, quando falamos de franquias de ponta... Ele Não SERIA a miha primeira escolha. Porque, fundamentalemnte, EU não curto o trabalho dele. E tenho certeza que, independente do meu CARATER, essa minha antipatia estaria inserida na minha crítica. E, ainda assi ela seria isenta? Não sei... Porque nãoa credito que uma crítica possa ser isenta, afinal ela é opinativa, e precisa ter fundamento em alguma coisa... Além, do que está sendo analisado, senão não seria uma crítica, e sim, uma descrição de determinada obra.

Você gostar, ou não gostar, Nasi, faz toda diferença para quem lê as críticas/resenhas no UHQ, na minha opinião. E, a dispeito das prescrições "parcias" e "tendenciosas" do Houaiss, prefiro acrditar na isenção de carater do HOMEM Eduardo Nazi, e do UHQ.

Então, Nazi, desencana... Curta Grant Morrison e fale bem dele, QUANDO, você achar que deve, afinal a resenha é sua!

ABS

- Soathman

Victor disse...

Sidney, sem analisar especificamente as obras do post, mas voltando à questão de fundo, eu sempre pensei em sugerir a você que fosse permitido a dois resenhadores fazer a crítica de uma mesma obra no UHQ.

Não sei se o sistema do site permitiria (acho que sim, na informática tudo é contornável), e isso traria uma vantagem adicional, já recorrente nos sites que falam de cinema, por exemplo: como as resenhas tem também uma análise crítica e uma nota, nada mais razoável que permitir que dois ou mais "críticos" coloquem seu ponto de vista sobre um mesmo título.

Abraço.

Sidney Gusman disse...

Victor, nunca gostei dessa ideia. Mas há obras com duas resenhas, em versões em idiomas diferentes.

Abraço

Marcelo Fontana disse...

Grande Sidney!
Comentei uma vez na comunidade do orkut, que existiam algumas obras que seguem uma unanimidade desmerecida. Com todo o respeito à opinião alheia, acho que Zimbres tem algumas tiradas geniais, mas somando com os momentos chatos, a média acaba sendo baixa. Dash Shaw segue a linha "volumão autorelexivo" que parece agradar muito à crítica e aos editores da Cia das Letras, mas que para mim tbm são chatos, muito chatos.