Está cansado da falta de qualidade de algumas revistas americanas? A
coluna Chiaroscuro desta semana fala exatamente disso.
Acompanhe o processo de produção das HQs nas editoras americanas, do roteiro até a capa, e descubra os culpados.
Leia a coluna e depois comente à vontade aqui no blog!
11 comentários:
Olá Codespoti, e pessoal do UHQ;
Bem didática tua coluna, e interessante o termo de "alçar" o lápis a arte final. Bem sacado. Tecnicamente é isso mesmo!
Na Dynamite esse processo parece que é padrão.
Ví, a uns tempos atrás algumas publicações da editora, The Lone Ranger, e é um exemplo disso, desenhadas pelo Cariello, que pareciam usar essa técnica.
Acho que hoje em dia, se a empresa não abrir, você só descobre se as paginas foram "photochapadas" se pegar o original na mão. Porque daí, não tem jeito. Inevitavelmente vocÊ só vai ter o lápis dela, certo?
A coloração digital já é uma realidade nas grandes/médias/pequenas editoras norte-americanas. E a posição de arte-finalista, ou seja, o cara que só faz a tinta, mingua...
Porque o colorista que usa o photoshop, PODE (não sei se deve), fazer esse papel usando só BCI, na arte já finalizada a lápis.
Um vício que o pessoal mais novo está adquirindo, na minha opinião.
Hoje em dia, tá ficando cada vez mais raro o uso do rascunho como base para página, como fazia a dupla Byrne/Kesel, por exemplo.
O Byrne rascunhava (era um emaranhado de traços), e o Kesel transformava aqueles rascunhos em um trabalho bem legal.
Hoje, o uso de mesa de luz me parece indispensável, porque o desenho, inevitavelmente, será scaneado para tratamento, e, mesmo usando grafite azul, dificilmente ele será acabado a nankin.
Outra questão são as ferramentas.
Um artista, com menos de 25 anos, depende bastante do virtual, na minha opinião, as vezes, nunca usou um bico de pena, quando muito, e conseguiu fazer alguma coisa diferente de usar computador... Usou só caneta (ainda Desegraph, que é um lixo! LOL!)
Ou, desconhece elementos básicos da vida de um desenhista, como um "mata gato", por exemplo!
Quanto a demanda vs. qualidade, explica, lógico, mas, não justifica na minha opinião.
Imagine, se você busca novos talentos sempre na mesma fonte, infelizmente, você cria um vício.
Aqui no Brasil, deixou de ser um mero vício e virou feudo. Pior, aqui é preciso ser MAIS que um artista, é preciso ser "peal" do cara, senão, a ordem de prioridades te joga lá para trás na fila.
A Marvel, a uns tempos atrás, disponibilizou um tipo de submissão on-line, mas, aparentemente já fechou, e a DC, só e convenções.
Submissões em convenções... Real tresure!
Algumas horas irrecuperáveis na fila para ser, verdadeiramente, esculhambado, por um moleque com a metade da tua idade que não tem a menor noção técnica. E não pense que isso acontece só com quem não está preparado não... Pode acontecer com qualquer um...
FORA DO PERFIL. ;)
Enfim... Gostei muito da forma como você expôs o mercado, parabéns pela coluna!
Abraço a todos
Ricardo Soathman
Sempre prefiro qualidade a quantidade, e se for fazer faça bem feito, ou não faça. Um exemplo interessante é na Europa onde sai uma hq por ano de cada serie. Agora q o problema passa por tratar hqs simplesmente como negocio (e nao arte) e tb pela imensa incompetencia dos editores é fato.
Sobre a continuidade das historias, elas sao desrespeitadas a anos.
Gosto do mercado de super-herois (entre outros), mas estou me afastando cada vez mais, a procura de qualidade.
abç
Acho que, para um artista, é bem fácil identificar quando uma arte não foi finalizada de forma tradicional. Quando isso acontece, aspecto final do desenho é "lavado" e simplesmente falta preto nas páginas. O que acontece hoje em dia, cada vez mais, é o desenho direto no computador. Isso elimina a mesa de luz, grafite azul (ou vermelho ou verde ou seja que cor for) e acelera um pouco o processo. Muitos dos novos artistas que escrevem e desenham suas próprias revistas já aprenderam a desenhar no computador usando tablet ou cintiq, caso de Svetlana Chmakova, por exemplo. Esses novos artistas nem sabem o que é uma mesa de luz ou para que ela era usada. E essas pessoas não poderiam se importar menos! Elas estão fazendo quadrinhos como qualquer outro, vendendo e ganhando seu dinheiro. E daí se não usam mesa de luz? Não faz a menor diferença.
Mas veja, Quadrinhos são uma mídia periódica. Essa é uma das características marcantes do meio e uma das que os editores mais valorizam (porque os leitores mais fiéis, que compram todos os meses as revistas e mantém o mercado, também valorizam). E sempre foi assim. Tezuka tinha editores dormindo em seu estúdio, esperando pelas páginas que ele estava produzindo no quarto ao lado. Kirby desenhava 5 títulos por mês! Sim, são dois gênios que não podem ser comparados com a maioria, mas aqui entra uma outra variável que seu artigo não tocou. Essas pessoas desenhavam isso tudo porque precisavam. Eles tinham família para sustentar e era assim que conseguiriam grana para colocar comida na mesa.
Hoje esse tipo de carga de trabalho não é mais necessária. Não porque quadrinhos são uma mina de dinheiro, mas porque existem outras fontes de renda para artistas de quadrinhos, como a venda de arte original (para aqueles que trabalham fora do computador, é claro), o trabalho em animação ou em Hollywood, a venda de impressos em convenções, venda de sketchs, arte encomendada e assim por diante.
Sim, o processo de produção e venda de quadrinhos de super-heróis nos EUA é insano e mais atrapalha a expansão do mercado do que ajuda. Mas acho que o problema maior está na infraestrutura do que nas pessoas que fazem quadrinhos. Essas não são obrigadas a me entreter. Elas fazem o que sabem e, na maioria dos casos, gostam de fazer. Se o resultado do trabalho deles é ruim, não compre. Se é bom, apóie (comprando os singles e o TPB, por exemplo).
Talvez o que eu esteja dizendo é "dont't hate the players, hate the game", mas para entrar nessa discussão precisaríamos de mais tempo e muito mais caracteres.
Abraço,
Leandro
Belíssima matéria, como sempre. Só pra botar mais lenha na fogueira. Os donos da Marvel e da DC são como a maioria dos donos de empresas gigantes, eles não querem nem saber se o Zé ou o João estão desenhando, eles querem saber quantas unidades estão sendo vendidas e se o balancete está mostrando lucro e não prejuízo.
Quando o editor tem uma cota mensal pra cumprir ele tem que utilizar a técnica de vendas conhecida como TYA ou Turn Yourself Around, em português, se vira! Então ele contrata o Rob Liefeld como capista, desenhista e arte-finalista, o Howard Mackie como argumentista e manda sua filha de cinco anos colorir.
O editor-chefe é tipo técnico de futebol, se tá vendendo ele tá lá, se parou de vender ele sai. Ele tem que administrar a pressão que vem de cima pedindo mais vendas e a pressão que vem de baixo (dos fãs e profissionais) pedindo qualidade. Se bem que o Dan Didio já está fazendo hora-extra. Acho que ele deve ter fotos comprometedoras de alguém.
Salve, Codespoti!
Só uma correçãozinha na sua nota sobre Dominic Fortune: A Atlas/Seaboard chegou a publicar duas edições do Scorpion do Howard Chaykin. Aqui estão os detalhes:
http://www.atlasarchives.com/comics/scorpion.html
Um abraço,
Hunter (Pedro Bouça)
Sergio, desculpe o off-topic, mas um aviso: No seu post de hoje sobre o pinup de Madman feito pelo Grampá tem um erro.
"O brasileiro Rafael Grampá, que ganhou um prêmio Eisner por Mesmo Delivery,"
Ele não ganhou Eisner por Mesmo Delivery, e sim pela antologia 5, como pode ser conferido pelo próprio link que tem no texto.
Abraço.
Discoradando de alguns pontos tysiu/Leandro, se você me permite.
Quando você afirma que um artista consegue reconhecer, acho que no produto final talvez(?) se houve ou não finalização, acho que essa opinião é um tanto absoluta demaisparao contexto...
Explicando.
O produto final, SE bem feito, elimina, ou pelomenos deveria eliminar esse efeito de "lavagem", principamente, se imaginarmos a forma de impressão mais utilizada, que seria a quatro cores. o que nosreete o eameno do arquivo, que deveriaser em CMYK, certo?
Esse efeito "lavagem" é muito comum em arquivos impressos em RGB, mas, eusó posso imaginar lgo impresso assim para eliminar custos operacionas. O que EU acho no mínimo estranho se imaginarmos uma gráfica com rotativas, então...
Outro ponto que gostaria de discordar, a questão do uso da tablet.
Vou falar por mim, que tenho formação técnica uns 10 anos... E tenho toda uma adequação própria a o materiais que uso, e minha rotina criativa.
Não consigo me imaginar largando lápis e papel... Que dirá migrar de vez para o virual. E ainda fazendo QUADRINHOS, e não ILUSTRAÇÕES...
Nada contra quem consegue, e atácho que consio incorporar minha rotina criativa um monte de ferramentas digitais, masessa realidade qu você propôs, acho modernosa demais, para essa geração.
Mas, eu posso estar errado, claro!
Um abraço.
Ricardo Soathman
Por conta da política do site, tivemos que excluir um link que conduzia a um scan não autorizado.
Mas reproduzimos abaixo o comentário do leitor:
Rodrigo Vinicius
O Cebulski com certeza se referia ao artista Philip Tan na "Lanterna Verde 42, 43 onde ele faz parceria com o Eddy Barrows, dá uma olhada no que o cara fez na revista...em alguns momentos ele me lebra o rob liefeld com erros grosseiros de anatomia, falta de cenários, composição....quem quiser conferir é só baixar aqui
Por estas e outras perdi o gosto por comprar HQs. E por encontrar editores assim também perdi o interesse por escrever HQ... Quadrinho não é mais feito para leitor, mas sim para esponjas dependentes de modismos que absorvem sem um mínimo de cérebro as "centenas" de títulos que se sentem forçados a comprar para estar por dentro de uma história que não diz muito e que a qualquer momento pode ser "desmentida" devido a pouca rentabilidade observada.
Antigamente, HQs davam mais prazer de ler e de se gastar com elas.
Desculpem, mas acho que também excluíram um comentário meu por engano!
Eu dava uma sugestão de se fazer uma "segunda parte" da matéria (não sei se usei estas palavras), contando sobre o processo de produção dos quadrinhos japoneses. Há algum tempo ouço falar que os artistas trabalham com um prazo ainda mais restrito que o dos norte-americanos, tendo que contratar assistentes para terminar o trabalho (e esses assistentes muitas vezes ficam anônimos, citados apenas por apelidos nos comentários do autor/artista ao fim das edições. Seria por questões trabalhistas?).
Aliás, parece que isso acontece também com os estrangeiros contratados para trabalhar para as editoras dos "Isteites".
Alguém pode comentar sobre essas questões?
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