03 abril 2008

Viciando


Você com certeza já ouviu alguém dizendo que não gosta de quadrinhos. Na verdade, o contingente de pessoas que apreciam a nona arte é muito menor do que as que não apreciam.

Acredito que muito desse não-gostar vem de um preconceito natural contra as HQs. As pessoas crêem, até com certa razão, que quadrinhos são apenas super-heróis ou mangás.

Ninguém pode culpá-las, pois o grosso da publicação é isso mesmo. E, convenhamos, para curtir super-heróis ou mangás, o leitor precisa estar familiarizado com essas HQs, precisa estar na mesma “freqüência”.

Só que o mundo dos quadrinhos não se resume só esse tipo de história. Como o cinema, as HQs tem uma infinidade de gêneros e histórias para os mais variados públicos. Acredito que nossa missão como fãs é mostrar essa variedade aos não “iniciados” na arte de ler quadrinhos.

Meus colegas de trabalho sofrem com a minha campanha. Só que ao invés de empurrar a eles Guerra Civil ou 52 eu procuro encontrar uma HQ que possa combinar com o gosto deles.

Uma amiga que tem como objetivos de vida ler Proust e Joyce gostou bastante Fun Home - Uma Tragicomédia em Família, de Alison Bechdel. Gostou tanto que fez campanha para que outras pessoas lessem a HQ também.

Já um amigo meu já está lendo Pyongyang - Uma Viagem à Coréia do Norte. E diz ele que gostou das desventuras de Guy Delisle na Coréia do Norte.

Mas quem sofre mais mesmo é minha namorada, que recebeu bastante coisa até eu acertar a mão. E foi com Persépolis, novamente Fun Home e Lost Girls que eu consegui acertar.

O grande segredo é ficar atento aos gostos das pessoas e buscar a HQ perfeita. Não é um trabalho fácil, mas é muito gratificante quando um preconceito é vencido.

8 comentários:

Anônimo disse...

Realmente é difícil as pessoas perderem esse preconceito, minha mãe por exemplo vive dizendo que eu junto papel velho hehehe. E mesmo entre os super-heróis e os mangás existem gêneros dos mais diversos, meu pai que não lê quadrinhos foi gostar de Lobo Solitário.

Meio off-topic mas vocês pensam em implementar rss no Universo HQ? Seria muito bom se fizessem isso, ajudaria bastante.

mboitatá disse...

Sou viciado em hqs, daqueles que compram hqs do homem aranha só pra saber oq está rolando, quer dizer era, pois guerra cívil foi a gota d´agua, (isso que tinha até suportado até a gwen stacy ter filhos do norman!!!). Concordo no método de vencer esse preconceito, minha amiga achava coisa de criança, porém ela adora animais e lhe emprestei blaksad e fisguei mais uma simpatizante. Depois passou para Flávio COlin (estórias gerais) e agora está em Persépolis.

Rafael disse...

"frequencia"... taí um eufemismo bacana... gostei dessa :)
Mas falando em quebrar preconceito, confesso que fui meio infeliz nas minhas tentativas. Durante um tempo eu promovi, em minha casa, o Sábado do Gibi. A ideia era levar diferentes amigos para apresentar esse "mundo maravilhoso das hqs". Mas o que aconteceu foi que só frequentaram a minha casa os "frequenciados" e suas mega sagas em gotham, em manhattan e por aía afora. Não deu certo... mas vou continuar tentando.

Anônimo disse...

com minha namorada funcionou Estranhos no Paraíso. Depois Calvin. na fila, está Persépolis.
e ela diz que quer ler o Eisner.

com um amigo jornalista, Joe Sacco na cabeça.

para meu pai (!!??!!), que tem descendência italiana, as tiras do Radicci funcionaram que é um espetáculo.

Tem um outro argentino que faz tiras, Liniers. esse é meio unânime.

Victor disse...

Acrescentanto meu depoimento: minha esposa um dia resolveu dar uma olhadinha numa das maiores obras do Moore, que tá lá na minha prateleira - Do Inferno. Simplesmente não largou enquanto não terminou de ler, e ficou tremendamente impressionada. Disso se seguiu ela ler meus Watchmen, V de Vingança e os primeiros arcos do Sandman. Mas não demorou para ela desenvolver suas próprias preferências: logo apaixonou-se pela obra do Osamu Tezuka, e comprou ela própria toda a coleção de Adolf e Buda publicados pela Conrad. Nos últimos tempos, devorou Persépolis. Tá certo que ela tinha seus precedentes: quando criança, era fã da Mulher Maravilha e tinha lido aquela fase do Perez em que a amazona luta contra o Ares; além disso, ela e suas duas irmãs às vezes compravam as histórias dos Novos Titãs, e chegaram a acompanhar o Monstro do Pântano. Mas foi depois de me conhecer que ela descobriu que quadrinhos não era só coisa de criança.

Anônimo disse...

Bom, eu tenho tido uma tarefa um pouco mais fácil: trazer antigos leitores novamente para o vício e conquistar alguns novos também.

Minha ex-namorada me surpreendou quando leu junto comigo Bórgia, do Milo Manara. Minha mãe lê tudo o que eu compro da Turma da Mônica (compro só os especiais). Meus irmãos já são leitores a tempos, mas aceitam algumas dicas minha de vez quando.

No serviço já emprestei para diversas pessoas livros como Dilbert, Do Inferno, Spirit, Planetary e Watchmen. Para amigos pessoais e da faculdade alguns livros que nem todos lêem como Mas ele diz que me ama e o recente Vida Louca......

Gustavo Carreira (requiem) disse...

Pois é, cativar novos leitores é uma missão que deve ser assumida por qualquer aficionado.
Ainda ontem, ofereci uma edição de Verão Índio (que tinha repetida) a um primo meu, que aprecia HQ mas conhece pouco mais do que Tintin, Spirou, Asterix, e Blake & Mortimer.
Já a minha namorada, que vai sendo "forçada" a ler ocasionalmente, adorou Bórgia apreciou bastante V for Vendetta e O Grande Poder do Chninkel (a minha série favorita - penso que não publicada aí no Brasil).
Por outro lado, a minha sobrinha de 8 anos (apesar de ter crescido rodeada de livros) mostra pouca paciència para a leitura, até mesmo por quadrinhos. Talvez venha a se interessar...

Gustavo Carreira (requiem) disse...

Ah, e a minha namorada gosta mais de Will Eisner do que eu... eheheh