O que estamos lendoCom a pauleira de trabalho, tenho feito mais
posts a respeito de uma ou outra obra que tenho lido, mas hoje arrumei um tempinho pra comentar rapidamente alguns materiais.
Liberty Meadows - Livro 1 - Éden: um dos melhores lançamentos do ano até agora. Frank Cho manda muito bem, com piadas divertidas e um desenho sensacional. A moçada da
HQM está de parabéns. Ficam apenas duas ressalvas: 1) Como bem observou o Zé Oliboni em sua
resenha no UHQ, o guia de referências, em alguns momentos, ficou repetitivo demais. 2) Vale ficar mais atentos à adaptação do texto, pois, numa tira de linguajar tão solto, fica estranho usar ênclises (pronomes oblíquos depois do verbo), como rolou em alguns quadrinhos.
52 # 1: a série que conta o ano em que a Terra viveu sem o Superman, o Batman e a Mulher-Maravilha começa espalhando pistas por todos os lados, em histórias estreladas por personagens de segundo escalão, como Questão, Renee Montoya, Gladiador Dourado, Poderosa, Homem-Elástico e Adão Negro. As respostas virão ao longo das próximas 12 edições. Como a estratégia da
DC de jogar seus títulos um ano para frente (o que está rolando nas revistas de linha, da
Panini) foi bem legal, esse início deixa o leitor ansioso por descobrir o que vem por aí. Editorialmente, o problema é que há diversas citações a coisas que aconteceram em títulos mensais, sem qualquer nota. E vários leitores optam por comprar apenas minisséries e especiais. Fica o alerta.
Guerra Civil # 1: diferentemente de
52, aqui a história apresenta suas cartas de cara. Depois de uma lambança dos Novos Guerreiros, que causa uma pancada de mortes, e de uma conseqüente reação popular e governamental (que se desenvolve num ritmo acelerado demais), ocorre um racha entre os super-heróis da
Marvel em dois grupos, um encabeçado pelo Homem de Ferro, que defende o registro dos uniformizados; e outro pelo Capitão América, que prega a liberdade de ação, em nome do que eles fizeram em tantos anos. Apesar de o tema não ser novidade e de quase todo mundo já saber o desfecho trágico da série, pela internet e outros meios de comunicação, o começo chama a atenção. O lance das notas editoriais será vital, pois a mini
Guerra Civil terá sete partes, mais quatro especiais e se desdobrará nas revistas de linha até fevereiro de 2008 – confira o
cronograma de lançamentos. E, com certeza, não será todo leitor que terá paciência – e dinheiro – para acompanhar todos.
Whoa, Nellie!: nunca fui um entusiasta das obras dos irmãos Hernandez. Não acho
Love & Rockets brilhante ou revolucionário, como outros colegas. Tampouco sou fã de seus desenhos. Mas eles sabem contar histórias de pessoas comuns, é inegável. É o que acontece neste álbum, baseado no universo da luta-livre, com foco nas personagens Xo e Gina, duas amigas de muito tempo. Não acho que seja uma obra-prima, como o Eduardo Nasi o classificou em sua
resenha para o UHQ, mas é uma trama interessante, que reforça o valor da amizade num ambiente tão propício a falcatruas. Pra variar, a
Zarabatana faz um trabalho gráfico e editorial impecável.
Epiléptico # 1: o Paulo Ramos foi preciso, no
Blog dos Quadrinhos, em sua resenha desta obra. David B. faz uma autobiografia usando a história da doença de seu irmão mais velho como fio condutor. Isso não quer dizer que a história seja ruim. Pelo contrário. Na mesma linha de trabalhos como
Persépolis, em que o leitor se enxerga no lugar do autor, traz uma trama muito interessante, que expõe um problema tão complicado quanto a epilepsia. É daquelas HQs em que não dá para esperar finais felizes. E nisso os desenhos quase caricatos de David B. fazem um contraponto bacana com a seriedade do tema. O francês peca apenas ao estender demais algumas explicações, fazendo a HQ perder ritmo em certas passagens. O trabalho da
Conrad está ótimo, mas, de novo (já fez isso em outras publicações), a editora não coloca na última página qualquer menção ao fato de que ali termina só o primeiro tomo e que haverá outro. Ao menos desta vez colocou o número 1 na capa.
Asterix e a Volta às Aulas: separe um lugar na estante para este álbum, o único dos irredutíveis gauleses que permanecia inédito no Brasil. Ele apresenta apenas histórias curtas, publicadas nas últimas quatro décadas em revistas como
Elle,
Pilote e
National Geographic, uma inédita, do galo da aldeia, Cocoricóquix, e uma temática em que Asterix serviu de garoto-propaganda para que Paris fosse a sede dos Jogos Olímpicos de 1992 - não deu certo, pois a vencedora foi Barcelona, na Espanha. Algumas têm roteiros de René Goscinny, outras de Albert Uderzo, mas todas são divertidíssimas. Depois dos dois últimos álbuns tão fracos de Asterix, Obelix e sua turma, é sempre bom ver o quão magníficos são esses personagens quando bem escritos. O trabalho editorial da
Record está irretocável.