Em 2004, quando escrevi na
Wizard que no Brasil não havia editores de quadrinhos, muita gente concordou e outros tantos discordaram.
Pois, passados cinco anos, mantenho a afirmação, agora no
Beco das HQs.
E você, leitor, o que pensa a respeito? Comente à vontade.
20 comentários:
Olá Sidney, e pessoal do UHQ;
Se não existe a figura do EDITOR de quadrinhos, isso é efeito colateral, do mercado em sí.
Não existem, como vocêmesmo disse na matéria, GRANDES editoras no Brasil. E, o que é publicado, já vem "editado" na origem.
Acho que, e aí, falando por minha experiência, que a figura do editor, acaba se mesclando com a do autor, porque a grande maioria das publicações nacionais, nascem de um ou outro movimento isolado.
Salvo a MSP, e outras editoras de menor porte, não existem CARGOS a serem ocupados, de uma forma geral, então... Não existem profissionais que possam EXERCER essa função. Independentemente de sua competência.
Não sei dizer o quanto isso é bom, ou ruim, só sei dizer que, de onde estou posso afirmar que isso não é causa, e sim, consequência no mercado nacional.
É isso,
Abraço.
Ricardo Soathman
Fala Sidão!
Eu sempre te considerei o editor dos quadrinhos que fizemos pra pepsi, o tipo de editor que eles tem lá fora. Apesar de serem quadrinhos pra publicidade, foi bem legal praticar um pouco o workflow gringo e sentir como funciona (e como funciona!). pena que acabou...
abs,
Chico Zullo
Chico, é verdade. Nos quadrinhos da Revista pepsi Twist, eu atuava efetivamente como editor de quadrinhos.
Obrigado por me lembrar! Isso que dá ficar velho! :-0
Abraço
E aí, Sidão, beleza?
Comentando o seu texto, e sem querer entrar em méritos qualitativos, creio que há um editor de quadrinhos nos moldes do Ota e do Zalla em ação no Brasil de hoje. Trata-se do Daniel Stycer, que edita a Luluzinha e a sua turma para a Ediouro/Pixel. Como acompanho o trabalho de uma distância segura (hehehe) sei que o Daniel interfere (e muito) no conteúdo das histórias, na adequação da linguagem para o público alvo e em outras funções de edição de fato. Enfim fica um registro e um grande abraço pro amigo. Nos vemos em BH no FIQ?
Bração,
Heitor
E aí Sidão!
Na época em que a Talismã publicava Godless e mesmo na época dis especiais da Holy escritos pela Petra e pela Fran, o Cassaro - além de roteirizar algumas séries - era também editor bem nestes moldes que você citou.
abs!
M.
Boas lembranças, Trevisan e Heitor.
Mas uma revista acabou e a outra está iniciando agora (e torço para que continue indo bem).
Não concordo.Com material importado pode ser,mas não com a maioria dos nacionais.(como a Mônica que você citou)Isso sem esquecer o trabalho desenvolvido pela Desiderata.
Nuno, vou checar com o Lobo, mas na maioria dos álbuns da Desiderata, ACHO que os materiais chegavam prontos.
Com a louvável exceção do sensacional Irmãos Grimm, que eu esqueci (falha minha), mas pedirei pra incluir.
Olá, Sidney.
Parabéns pelo texto. É um tema polêmico e importante. Posso contribuir um pouco em relação à atuação do Lobo. No caso do Cabeleira, a Martha Batalha (dona da Desiderata na época) soube do roteiro que eu e o Hiroshi haviamos escrito e pediu para ler. Ela gostou e pediu para o Lobo avaliar se seria um bom quadrinho. Lobo aprovou e chamou o Allan Alex para desenhar. Mensalmente fazíamos reuniões na Desiderata - Lobo, Allan, Hiroshi e eu - para discutir o andamento do trabalho. Não tenho dúvida de que o trabalho do Lobo como editor foi fundamental.
Abração,
Leandro Assis
Valeu, Leandro. Eu já havia checado com o Lobo a respeito de sua atuação.
E já atualizei o texto com o nome dele e do Raphael fernandes, da Mad.
Abraço
Olá Sidney,
Interessante o seu texto. Apenas reafirmando o que foi escrito pelo Leandro, o trabalho do Lobo como editor de "O Cabeleira" foi fenomenal e fez toda a diferença para o sucesso do projeto. Boas HQs dependem, não apenas de um belo desenho e roteiro, mas também de um excelente editor!
Um abração, Hiroshi.
Bem que eu gostaria de opinar, mas não pouco entendo da profissão com relação à HQs. Conheço algimas editores na área de livros. Alguns também são os próprios donos da editora. Acumulam cargos!De qualquer forma considerei suas inquietações pertinentes. Twittei com um link para cá.
Abraços
Editor é editor, seja de quadrinhos, de livros ou revistas de textos diversos. O cara responsável pelos tps, archives masterworks da vida nos EUA (edições de reprises) é chamado de editor, mesmo não tendo conversado/orientado os desenhistas e roteiristas na época original em que aquelas histórias foram feitas. Zalla e Ota? Conversa! Editavam Spektro e Calafrio quanto qualquer outro editor de gaveta ou de republicações, como as da Panini. Você não editou então a Wizard? Só porque não tinha quadrinhos você não era, então o editor? E as edições nacionais da Opera Graphica editadas por Franco, Guedes e Dari? Não são editores eles? Raphael e o próprio Ota são por acaso "meio-editores" só porque editam apenas metade (a nacional) do material nacional? E daí que os fanzineiros e independentes publicam quase sempre apenas o que eles mesmos escrevem? Por décadas, Stan Lee fez praticamente isso. E não esqueçam, Lee continua sendo o maior editor do mundo dos quadrinhos. Enfim, puro papo furado.
Editor é editor e fim de papo.
O editor de quadrinhos acabou absorvido em outras funções de uma editora... Primeiro, porque ninguém investe, segundo, autor brasileiro se desilude com o mercado nacional e terceiro, pras editoras não pagarem um salário de editor pra um setor de "pouco retorno", pois assim consideram nossas HQs. De minha opnião, tenho fé de que os profissionais da área saberão achar o caminho para nossos quadrinhos alçarem vôo.
Sidney, o que um desenhista de HQ como eu pode fazer para aparecer mais no mercado? Além do óbvio, claro.
Desculpe! Esqueci de me identificar no comentário acima. Abraço
Zambi
Carlos, você não leu o texto com atenção. Lógico que fui editor da Wizard. E lógico que os editores de TPBs americanos e de revistas estrangeiras no Brasil são editores.
Mas editores de texto. Não de quadrinhos.
Está bem explicada a diferença no texto.
Zambi, o segredo é justamente achar formas de fugir do óbvio. Não há uma "receita", tem mais é que meter a cara.
Abraço
Realmente, atualmente não existem muitos editores, mas é claro q isso é reflexo do mercado consumidor interno e da falta de interesse das editoras de reverter esse quadro; é até crueldade comparar o mercado brasileiro de hqs com o americano, francês e japonês, ou seja, de que adianta haver um grande polo de hqs nacionais entre livros e revistas se não há mercado consumidor?, eu acho que as HQs "educativas" (como "Pérsepolis" por exemplo) deveriam ser distribuidas entre os professores de escolas(professores de História, Literatura, Geografia, etc...), esses professores vendo um bom material que poderia ser usado em sala de aula, iriam dar aos alunos uma HQ "X" como livro paradidático, depois de um tempo uma HQ "Y" até chegar a um ponto onde eles sempre estariam 1 ou 2 vezes ao ano mandando HQs como paradidáticos, a partir de um tempo os pais desses alunos (e consequentimente os próprios alunos)iriam olhar as HQs como um todo sob um olhar diferente e pensar 2 vezes antes de taxar uma HQ como "Infantil", "sem conteúdo", ou algo do tipo; as editoras poderiam se aproveitar que os livros estão sendo consumidos por leitores que não os consomem normalmente e iriam colocar dentro do livro uma espécie de catálogo com outros livros em quadrinhos, assim esse novo leitor pooderia começar a se interessar por HQs (assim como seus pais)e assim com um tempo o Brasil poderia ter um polo auto sustentável de HQs nacionais, editadas "100%" pelo editor e pelo próprio autor, e um outro polo cheio de HQs traduzidos para o português
Não estou emitindo uma opinião, nem criticando o ótimo texto mas, seria função do editor nacional "consertar" erros de fora, que não sejam materiais?
O artigo fala em " personagens conhecidos falando de modo totalmente inadequado"; isso não seria função do editor original? Não seria uma intromissão na obra?
Estou colocando o tema em debate.
Meu estimado amigo Sidney:
Tua afirmação é verdadeira. E é onde os "proprietários" das editoras deveriam refletir com calma.
E é o grande dilema da "indústria de Quadrinhos" na nossa Pindorama.
A existência de editores, no significado preciso da palavra, é mesmo rara.
Pois é raro um verdadeiro trabalho editorial com produto nacional (ou uma verdadeira edição de uma obra estrangeira).
Quando lí o review do André Craveiro da Enciclopédia Cavaleiros do Zodíaco, escrevi uma mensagem agradecendo e contando a história dessa edição: o trabalho de adaptar uma por completo. Esse trabalho teve com principal cabeça o trabalho do Denis Takata, (um dos melhores editores de arte que já trabalhei) que segurou o tranco da reedição completa de uma obra noutro formato e em outro sentido de leitura. Essa obra foi um dos maiores trabalhos editoriais que já ví. E foi o primeiro livro da Conrad numa lista de mais vendidos (mais de 20.000 exemplares).
A mesma coisa com o majestoso trabalho vosso e do Mateus Potumati na edição de texto, mas em particular de notas do Sandman na Conrad. Um trabalho raro e primoroso. Elogiado até pelos editores nos EUA.
Mas a verdadeira edição se dá nas obras nacionais.
E é ai que encontramos o maior desafio: lidar com paciência, com atenção, com fraternidade com pessoas. E isso nem sempre é fácil.
É duro lidar com falta de grana, com ego...
E um editor tem de lidar com isso. Tem de lidar com pessoas.
E nem sempre é algo simples.
Quando foi lançado o Ooru, fiquei pensando nisso, afinal um dos personagens da história é um editor de quadrinhos desesperado atrás de um sucesso. Essa pressão é devastadora para a criação.
Uma obra como "A Relíquia" do Marcatti demorou 17 meses. O "Chibata!" do Hemetério e do Olinto demorou tantos outros meses.
No caso do Marcatti, ele não conhecia a Obra do Eça de Queiroz antes de eu lhe enviar o livro.
No caso do Chibata! (o nome original do projeto era Almirante Negro) o trabalho do editor envolveu pesquisa inicial (desenvolvida e consolidada de modo majestral pelos autores) e discussão sobre o traço, aqui novamente o Mateus Potumatti fez um árduo trabalho de discussão quadro a quadro para a evolução do traço.
Esse é um trabalho necessário. E são os editores que precisam fazer.
E o bom é que eles inspiram todo o mercado. Um bom exemplo são tantas outras edições que se inspiram em bons exemplos. O caso da edição do Sandman da Conrad é o melhor exemplo: tantas editoras perderam o medo de dar acabamento definitivo à boas obras hoje.
É um trabalho fundamental. E é um trabalho que os editores devem fazer.
A ausência dele faz com que por exemplo hoje ocorra uma explosão de adaptações, mas sem o cuidado e a dedicação necessárias para desenvolver trabalhos relevantes e marcantes. Ou sucessos comerciais.
O caso da "Turma da Mônica Jovem" é um exemplo fenomenal. É um produto que só existe pois teve um árduo trabalho de editores. E o sucesso que que se tornou é um mérito indiscutivel.
Desculpe eventuais erros de digitação, estou na correria numa lan house.
Um forte abraço!
Nem discuto o mérito do bom texto. Existem uns aqui, outros ali, na maioria não é, etc. Tudo muito bem esclarecido.
Mas um problema sério ocorre hoje com os referidos que "não poderiam" lançar mão do título, especialmente dentro da Panini. São, sim, encarregados de tradução, do português utilizado e do "redesenho", entre outros afazeres. Veja que tradução (fazendo ou revisando) e correção de português são dois trabalhos extremamente diferentes -- posso afirmar que faço ambos, não em quadrinhos. E essa história de "redesenho" é só um nome que dei para as adequações de arte, como em letreiros nos quadros, por exemplo.
O tal problema é justamente em traduções às vezes péssimas e em erros absolutamente grosseiros de português. Há algum tempo, os tais dos "redesenhos" também vinham muito mal-disfarçados, quando não francamente mal-desenhados mesmo.
Minha chamada especial de atenção à Panini se deve ao fato de que é ela *A* editora brasileira de heróis das majors mundiais, Marvel e DC. Seria de se esperar, portanto, um trabalho impecável, que, infelizmente e muito mais do que deveria, fica nos 95% de qualidade e estragam a experiência da boa leitura.
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