02 junho 2009

Um Contrato com Deus é a bola da vez?


Nesta terça-feira, 2 de junho, o programa SP TV, da Rede Globo, apresentou uma matéria sobre o livro Um Contrato com Deus, de Will Eisner, publicado pela Devir.

De acordo com a matéria, o livro contém ilustrações de pedofilia, brigas familiares, violência, etc.

O foco foi informar que o álbum não é adequado para crianças, mesmo estando presente em diversas bibliotecas escolares, sendo necessário orientação para os leitores da obra conforme sua faixa etária.

A reportagem fez questão de deixar claro que Eisner é um dos nomes mais importantes dos quadrinhos, que o ponto em questão é que álbum não é para crianças e não deveria ter sido adotado pelo programa do governo para a faixa etária em questão - ou seja, uma mudança na abordagem em relação aos problemas ocorridos com 10 na área, um na banheira e ninguém no gol.

Enfim: a polêmica continua, mas, ao menos, o foco parece ser outro - méritos, quem sabe, da imprensa especializada em quadrinhos e de todos que conhecem o gênero e o defenderam frente aos acontecimentos recentes.

Confira aqui a resenha de Um Contrato com Deus.


UPDATE

Veja aqui o vídeo da reportagem mencionada acima.

14 comentários:

Zé Wellington disse...

Ah, meu Deus! Preferia quando as HQs eram artes marginais desprezadas pela mídia...

Unknown disse...

Pois eh. Imagina se pegam um manga tipo Angel Sanctuary que trata de incesto e tudo mais. Prato cheio pra esse povo.

Anônimo disse...

Ai, ai, ai... Quer ver a hora em que tais "educadores" resolverem ler a Bíblia atentamente....

ffaustodr disse...

Por que o Brasil odeia tanto a cultura ?

Alessandro disse...

Achei bacana que na reportagem alguém disse que "Contrato com Deus" era sim uma literatura adequada para pessoas a partir de 15 anos. Isso, de fato, é verdade.

Velho da Montanha disse...

http://mauro-tavares.blogspot.com/2009/06/o-governo-do-imundo-gollum-repugnante_01.html

minha visao do fato

Anônimo disse...

Oi, Naranjo. Acho que não existe nenhum problema na matéria. E não gosto muito dessa postura que vem sendo adotada pela mídia "especializada" em colocar a palavra "polêmica" neste tipo de assunto, é meio que criar intriga. A matéria é esclarecedora, algo que, para o público geral, ainda é importante. Se fosse dentro de um espaço que trata de quadrinhos, seria rasa. É ficar na superfície. Mas o que me incomoda neste assunto, não é tanto a postura de matérias como essa citada, mas sim a postura adotada pela mídia (novamente) "especializada" em quadrinhos. E acho que, para mim, é isso, uma questão de postura. É o mesmo incômodo que me gera ver nos (nem tão) poucos espaços que tratam de quadrinhos em nosso país, a eterna atenção voltada para adaptações cinematográficas de super heróis, bonequinhos ou tratar público de quadrinhos como fã. E depois dizer que existe polêmica neste assunto.

Mudar nossa postura neste sentido é fundamental.

Pedro

Ronaldo Ruiz disse...

Oh meu deus! Retirem de todas as bibliotecas das escolas "O Decamerão" de Boccacio! Nunca vi tanta pu&@%#*! em um livro só! Ah, me esqueci, a Globo vai até fazer uma minissérie sobre o livro...

Para aproveitar a oportunidade, li um livro belíssimo quando estava na 7ª Série: "Quem Matou Palomino Molero", de Mário Vargas Llosa, um dos maiores escritores latino-americanos. A obra está repleta de palavrões e violência. Ela estava em uma prateleira da biblioteca da escola em que eu estudava (acredito que está lá até hoje). E pelo selo, o livro havia sido distribuído pelo Governo do Estado de São Paulo. Em se tratando de São Paulo, é o mesmo governo que está aí até hoje.
Por que clássicos da literatura são incentivados e não censurados?

Freud disse...

Talvez essa palhacada toda pelo menos sirva pra divulgar (ainda que pobremente) que quadrinhos é uma mídia como qualquer outra e não se restringe a produtos infantis como até hoje a maioria pensa.

Não vi o vídeo, opino baseado no que foi citado no post, e me pergunto se o maior cuidado ao abordar a faixa etária da obra e o erro do governo seria o mesmo se fosse mais um quadrinho nacional ao invés de uma hq do mestre Eisner....

Maxoel disse...

No meu ensino médio, li, por intemédio da biblioteca da minha escola, vários livros de Jorge Amado, Sidney Sheldon, Rubem Fonseca e Stephen King, entre outros. Em vários desses, havia cenas de sexo bem detalhadas, violência, palavrões, entre outras coisas consideradas "inapropriadas para crianças e adolescentes". Inclusive, li, a pedido de professores, "Capitães da Areia", de Jorge Amado, onde há uma descrição bem detalhada de sexo anal.
Vários livros estão chegando às bibliotecas por intermédio do MEC, incluindo várias HQs. Li o "Toda Mafalda", do Quino, emprestado da biblioteca da escola onde eu dava aula. Dentre estes livros, há vários com linguagem adulta. Mas alguém critica isso? É mais fácil atacar os quadrinhos, que sempre foram considerados por essa gente como "coisa pra criança". Eis, talvez, a causa de tanta comoção. Ficaria bem mais difícil se o alvo fosse o que as pessoas em geral tem idéia de ser literatura.

Marcelo Naranjo disse...

Amigos, agradeço os comentários.

Ao Pedro: Eu acho que é polêmica, sim. Quando se mostra imagens de um álbum do Eisner afirmando conter "violência, pedofilia", óbviamente fora do contexto, é porque se quer chamar atenção - e criar polêmica. Foi o que a reportagem da TV fez, ainda que com "aspas" ao final.
Óbvio que agradeço e respeito sua opinião sobre o assunto. Abraço!

Velho da Montanha disse...

O unico contexto dessa situação toda Naranjo, é o politico.
O objeto do caso poderia ser merenda escolar, livros de geografia, uniformes ou reformas de escola, eles não tão nem ai se tem quadrinhos no meio.
Não sei se vc sabe mas a oposição aki no estado de sp tem atacado continuamente a politica educacional do serra, questionando a formaç~ao de professores, salariso, entre outras coisas.
O contra ataque veio dessa forma, pois o partido das situação no ambito nacional é a mesma oposição no estado.
Portanto o que esta fora de contexto é a leitura que vem sendo feita do caso por parte dos "especialistas" em hqs, que demonstram uma profunda insegurança com relação ao valor real dos quadrinhos.

Ricardo Soathman disse...

Pois é...

E aquela caça as bruxas?

Eu acho que tudo que qualquer pessoa que falar agora, certamente, será redundante!

Abraço

Soathman

Huirian disse...

eu conheço essa hq, é a mesma coisa que acontece com "o pequeno principe", é bonito, chamativo, mas as mensagens são mais adultas, dificeis de discernir sem uma certa maturidade, fica mais fácil compreender, ou aceitar a obra, quando sabemos que a filha do autor havia morrido antes da obra ser feita.
É o cabernet das hqs
vale a pena, não só ler, como contribuir para o talento do autor e adquirir a obra.