08 junho 2009

Fahrenheit 451 dos gibis


Para quem ainda não leu a obra-prima do Ray Bradbury e nem viu o clássico do François Truffaut, essa temperatura é aquela em que o papel entra em combustão. Tanto no filme quanto no livro, livros são queimados, destruídos, e apenas ouvimos falar deles diante de uma rediviva tradição oral de contar histórias. À parte da brilhante história, de tempos em tempos, a gente ouve falar de queima de livros por aí. Muitas vezes é por motivos ideológicos (e essa é a crítica principal de Fahrenheit 451), mas nem sempre.

Pelo twitter de Salvador Camino, soube que a Ediouro, que agora diz investir um milhão de reais no projeto Luluzinha Teen e sua Turma, lançado na última sexta-feira, estaria incinerando todo o seu estoque de quadrinhos Pixel ligados às linhas Vertigo/WildStorm/ABC, da DC Comics. A editora carioca, por contrato, não poderia mais comercializar esse estoque.

Essa informação foi apurada junto a um funcionário da Ediouro envolvido no processo e não foi confirmada pela editora. Ainda segundo a fonte, esse estoque não pode ser vendido a interessados, que existiam. Sendo assim, o material foi condenado ao pior destino de qualquer conteúdo editorial: nunca ter a chance de chegar aos leitores e ser devidamente obliterado da existência.

Um triste fim para um trabalho digno, que foi capitaneado seriamente por André Forastieri, Odair Braz Jr. e Cassius Medauar por aproximadamente dois anos.

Não temos informações sobre o destino dos materiais relacionados a outros contratos, como os álbuns de Hugo Pratt e Milo Manara e os quadrinhos Dark Horse e Image, também publicados pela Pixel.

Update: Como foi dito, ainda não há a confirmação da informação. Mesmo porque, acreditamos, seria muito mais lógico reciclar o material, se ele teve mesmo que ser destruído. Assim que a informação for confirmada, o post será atualizado. Fique ligado.

25 comentários:

Amalio Damas disse...

Torraram dinheiro literalmente. Cada vez que fico sabendo de uma "novidade" sobre esta história, fico pensando no quanto esse material foi maltratado, não editorialmente, que fique bem claro, mas comercialmente foi um desastre.

Eduardo Roque disse...

Mas q tremenda sacanagem!!! C ñ podem vender por q ñ doam p/escolas(c/as devidas ressalvas quanto à faixa etária, claro)?
Ou será q tem alguma lei q os obrigue a destruir esse material?
Ñ entendi nada

Jáder, O Pitoresco disse...

Não entendo e não vejo justificativa para esta media. Lembro que quando a Abril perdeu o contrato com a DC, e mesmo depois da Panini começar a publicar quadrinhos DC, a Abril começou a liquidar um monte de suas velha HQ's DC nas bancas a preços de liquidação mesmo, pra acabar com seu estoque.

Por quê então a Pixel não pode liquidar seu estoque?! Até mesmo agora, depois de cancelar suas publicações Vertigo e WildStorm, a Pixel ainda quer nos sacanear mais um pouquinho?! Por acaso acham pouca toda a sacanagem que já fizeram com os leitores?!

Ricardo Soathman disse...

Olá;

Olha, antes de qualquer coisa é preciso saber quais são as cláusulas contratuais. Se houve o repasse dos direitos a DC, sobre o material já publicado. Se não existe algum tipo de impedimento para a liquidação de estoque.

O que me parece claro, é que o rompimento abrupto dessa relação comercial, deve ter sido provocado por alguma coisa alheia ao público consumidor, e por isso, fica complicado emitir qualquer opinião sobre o fato.

Interessante mesmo foi o gancho da matéria, lembrando Fahrenheit 451!

Um abraço.

Ricardo Soathman

Rafael disse...

2 pontos:

1 - Queimar gibis "incomercializaveis" pode parecer realmente uma catastrofe. Mas e o que dizer dos alimentos pereciveis que, ao expirar o prazo de validade, são jogados fora de maneira igualmente cruel. É sabido que as distribuidoras de alimentos são obrigadas a "descartar" pacotes de trigo, café, macarrão, arroz, iogurte, etc... assim que chega o dito prazo de validade. E, como todos sabem, nunguem nunca morreu de ter comido um hamburger com molho de ketchup vencido 2 meses.

2) Maravilhoso citar Ray Bradburry, mas sua obra prima ainda são as Cronicas Marcianas.

abraços.

Toni Rodrigues disse...

E ainda por cima tão gastando uma grana com essa absoluta PORCARIA que é a Luluzinha teen, copia sem graça da Monica Jovem e que não tem absolutamente NADA a ver com a Luluzinha que todo mundo conhece.

Yabai disse...

boa matéria!

nao conhecia esse filme/livro!

=)

bom gancho!

Eduardo Roque disse...

Verdade, Rafael, mas quando isso é feito por motivo d risco à saúde ainda é compreensível. Acho q tá + p/1 daqueles "protestos" q os produtores d leite, p/exemplo, fazem. Tipo: "P/vender essa merda a esse preço prefiro jogar fora!". Guardadas as devidas proporções já q jogar alimentos fora é bem pior q queimar revistas.
Como o manda-chuva da Ediouro disse q esse material ñ dá retorno...
Fico pensando c Corto Maltese vende isso tudo.
Esqueci d dizer:esse filme é muito bom mesmo. Soube em algum lugar q Mel Gibson queria fazer remake. Parece q furou. Ñ sei c isso foi bom ou ruim

Anônimo disse...

Em tempos de "consciência verde", quando assuntos relativos a falta de políticas público-privadas com transparência e livres de impactos ambientais negativos, que são abordados cada vez mais seriamente nas conferências de alto nível mundo afora, ler a notícia de que a Ediouro pretende (ou parece pretender) destruir seus encalhes pela queima, é ridiculamente absurda.

Enquanto dia a dia somos informados da quantidade de tratados e acordos internacionais, elaborados para dirimir os efeitos lesivos e indiscriminados do uso da celulose e seus derivados, que são tidos como os agentes mais gravosos e daninhos na poluição de fontes de água e da atmosfera, do constante desmatamento de florestas e matas, e da destruição de biomas inteiros, sem esperança de recuperação, a possível idéia de descarte de papel (revistas, jornais) para a queima, não só parece uma infeliz opção, como soa irresponsável para com toda a sociedade planetária.

As perguntas que advêm desse provável descalabro são várias, tanto fogem da ainda pequena esfera das questões ambientais inerentes - a queima lança CO2 na atmosfera, ato que por si mesmo contradiz todo um esforço mundial em controlar e diminuir esse tipo de emissão -, como denotam uma total inconsistência com o panorama sócio-econômico em nosso próprio país. O encalhe da editora não poderia ser doado às inúmeras instituições de amparo e caridade, que estão sempre precisando desse tipo de solidariedade? Não deveria ser oferecido à orfanatos e escolas da rede pública, como incentivo à leitura, incrementando os esforços do governo na alfabetização do povo brasileiro? Não seria, na pior das hipóteses, muito melhor reciclar o montante e doar o produto às tantas ONGs sociais, que dariam um destino mais digno à esse material?

São questões que não se exaurem, mas que aguardam respostas claras, diretas e sem demagogia da editora, pois vivemos tempos em que nossos olhos estão abertos à toda e qualquer forma de desperdício: o cultural, o sócio-econômico, o político-ambiental e, principalmente, o institucional. Se a Ediouro realmente seguir tal atitude inconsequente, de miopia social e de desrespeito ambiental, no mínimo não estaria comprometendo o seu futuro empresarial, mas certamente padeceria na contramão da história.

Amalio Damas disse...

Queimar essas revistas não vai contribuir nem diminuir a emisão de CO2. Eu vejo muito defensor da natureza por aí que não abrem mão de acelerar o seu carrinho, ou seja, não adianta plantar uma árvore no fundo do quintal e ficar andando de carro todos os dias.

Os ecologistas também vivem reclamando do desmatamento, mas não deixam de comer um churrasco ou um hambúrguer no Macdonald´s e não vivem sem seus móveis de Jacarandá.

Voltando ao que interessa, o remake de Fahrenheit 451 está nas mãos do competentíssimo Frank Darabont, diretor de Um Sonho de Liberdade, À Espera de Um Milagre, Cine Majestic e O Nevoeiro.

Anônimo disse...

Amalio, não seja grosseiro. O que expuseram aí, e com bastante propriedade, foi uma opinião. Válida, aliás, exatamente como a sua. Fazer pouco dela só invalida a sua participação aqui, já que vivemos em uma democracia, senão de fato, de direito.

Além disso, não acho que dizer que ecologistas fazem ou deixam de fazer desmerece o que vem sendo feito nas convenções internacionais.

O que REALMENTE interessa é que os pontos levantados (tanto os seus como os dos outros aqui) têm fundamento. Ao menos até que se prove o contrário. Você é entendido no assunto, de tratados e acordos internacionais? Por acaso já mediu balisadamente se emissão de CO2 aumenta com as (diversas) queimadas?

Dê licença, mas os seus argumentos carecem de crédito. Recomendo que fique somente nos assuntos que domina, para o bem desse e de outros fóruns.

Eduardo Nasi disse...

Amalio,

Sua descrição de "ecologistas" não passa de uma generalização desnecessária e ofensiva.

É a mesma coisa que dizer que todo leitor de quadrinhos gosta de X-Men.

Como em qualquer área, a defesa do meio ambiente tem gente séria e gente que se une por motivos diversos.

Mas, francamente, isso não é motivo pra você sair por aí desqualificando quem faz um trabalho sério.

Amalio Damas disse...

É realmente vocês tem razão, fui grosseiro, mas essa não foi a minha intenção. Só quis dizer que existem muitas pessoas, que eu conheço inclusive, que falam muito de ecologia, mas não agem de acordo. Não é o caso do amigo que escreveu os textos acima. Novamente peço desculpas, mas a minha opinião, sem desmercer esse ou aquele indivíduo, democraticamente falando, é essa.

Realmente não sei se a queima de x quantidade de livros pode levar a uma hecatombe ecológica. A única coisa que tenho certeza é que essa história da Pixel com a Vertigo/ABC/DC começou comercialmente mal e termina da mesma forma, apesar dos consideráveis esforços conduzidos pela equipe editorial.

Carlos EJT Vázquez disse...

Pq não doam tudo? Para bibliotecas, gibitecas, escolas, universidades... o que não falta é lugar que aceita esse tipo de doação! Pode até doar pra um sebo, o dono adoraria, hehehe!

Eduardo Nasi disse...

Porque às vezes o contrato não permite. Pode ser o caso.

Unknown disse...

KD O CHECKLIST DESSE MES PRA JA IR ME PREPARANDO ? RS..

Velho da Montanha disse...

acho que a comparação com o Fareinheit não foi feliz, deu ideia que estariam censurando os gibis

sensacionalismo barato !!

ou o proprio autor nao leu o libro e nao viu o filme ?

Edvaldo Santos disse...

Eu, sincera e respeitosamente falando, me recuso a acreditar que tal estupidez será feita. Tão achando dinheiro de graça???

Delfin disse...

Entonces, Mauro, não associe a ideia à censura. Não foi a intenção, e acho que o post deixa isso bem claro. Apenas quis chamar a atenção para algo que o Amalio colocou muito bem: foi uma história que começou mal, foi trôpega pelo decorrer do processo e terminou mal também. Achei que, dado o mote, valia chamar a atenção de um modo impactante.

E, repito, vale ler o livro do Bradbury (acho, sim, este aqui a obra-prima do homem) e o filme do Truffaut. Os dois se complementam e ambos têm cenas memoráveis.

Marcus Ramone disse...

O livro é sensacional. Mas não assisti ao filme.

Eduardo Roque disse...

C esse lance do Darabont q citaram acima for à vera, pelo currículo do cara, vai ser ótimo.
A versão do Truffaut é dukct

Amalio Damas disse...

O lance do Darabont é verdade sim. Esta no Imdb faz tempo, sempre em desenvolvimento, mas ele demora mesmo pra fazer os filmes, mas quando saem são acima da média.

Kuroi disse...

Mesmo não podendo vender esses parvos deveriam ter encaminhado a alguma biblioteca, de preferência à Biblioteca Estadual que poderia encaminhar o excesso de revistas a outras bibliotecas e escolas de ensino médio.
Se pedissem um ofício ainda poderiam abater uma pequena parte no Imposto de Renda. Só no Brasil mesmo...

Anônimo disse...

Moro em Recife-PE e cheguei a comprar uma edição da Pixel Magazine que custava R$ 9,90 por R$ 3,90. Aliás, várias revistas da editora Pixel estão sendo vendidas em promoção: WildCats, Authority, etc. E isso foi recente, dia 22 de junho de 2009.

Luiz Carlos - magno1971@hotmail.com

Grallity disse...

Acredito que a informação de queima de estoque (no sentido literal) deva ser falsa. Eles estão queimando o estoque sim, mas torrando o material a preços de banana para a Wal-Mart, que está vendendo baratinho na sua rede de supermercados Bompreço, no Nordeste. Quem é do Nordeste pode comprovar. Semana retrasada chegou mais um lote! Ainda falata chegar muita coisa, mas acho que o estoque veio todo para o Nordeste.