Nova coluna: Recordatório
Estréia no Universo HQ: é a coluna de Marcus Ramone, Recordatório.
O primeiro tema é a crise, não só a mundial, mas também em relação aos quadrinhos da Marvel e DC.
Portanto, fique à vontade para concordar – ou discordar – de nosso colunista estreante.
17 comentários:
Olha,das "crises" da DC eu não sou contra, desde que eles façam o que se propunham a fazer, que é reorganizar e unificar as terras paralelas e tornar mais coesas as origens dos personagens -o que eles não fizeram, pelo contrário, eles pioraram,eles não só acabaram com o universo unificado do final da primeira crise, como aumentaram de 1 para as 52 terras (com o acrescimo dos universos das linhas Elseworlds e Legends of The Dark Knight, aqui conhecidas como Túnel do Tempo). Assim não há leitor antigo (e por mais fanboy que seja e conheça as minúcias da cronologia) e nem leitores novos mais jovens, que sempre acham as histórias de Marvel/DC chatas e complicadas, que aguente essa trozoba toda. Acho que as "crises" ainda são necessárias, desde que os editores façam o que se propõem a fazer e não fiquem enrolando o leitor e jogando spin-offs a torto e a direito, até porque eles dão tiro no próprio pé, pois a galera só lê os scans e só compra TPs, e ainda assim as vendas baixam.
O problema é que isso tudo já ficou maçante. Todo ano é a mesma coisa. E sempre obrigando o leitor a aumentar suas despesas.
Eu estava acompanhando "Hulk Contra o Mundo" e tive que comprar várias outras revistas para entender a trama. Na mais cara, "Frente de Batalha", estavam algumas respostas que,se eu não comprasse, ficaria sem saber.
O pior é que tirando essas respostas Marcos, não sobra nada da tal Frente de Batalha, uma história completamente vazia e sem graça...
Aumeto das revistas já houve, aonde se viu vs comprar uma revista só para ler uma historia que vale a pena, o resto é sebada para jogar fora...
Marcus,
há muito tempo eu deixei de comprar gibis de super-heróis por causa disso. Agora, por causa de uma saga que não chega a lugar nenhum sou obrigado a comprar um monte de revistas que não quero? Que saudades do tempo em que eu podia passar numa banca de revista e comprar um gibi com uma história que se fechava. Agora parece que todo mundo está fazendo uma mega-saga, esticando ao máximo uma trama que Alan Moore escreveria em 10 páginas. De tudo o que está saindo no gênero super-herói, só o que dá para comprar é o Superman do Morrison...
Toni, infelizmente é isso mesmo. E quanto à Crise Infinita, não estou acompanhando. Mas tive um vislumbre do quanto deve estar sendo difícil para quem está acompanhando, quando comprei Superman # 70 (por causa do chaveiro) e tudo ali se referia à saga, inclusive convidava o leitor a ler outros títulos para saber qual a razão do Jimmy Olsen estar com superpoderes.
Anônimo, você está certo. Mas os títulos relacionados a uma grande saga sempre têm algo que puxa o leitor curioso que quer entender melhor a trama. É uma jogada que, infelizmente, costuma dar certo. Só não sei até quando. Eu memso já estou me livrando desse vício.
Gian, assino embaixo. E a All Star Superman é a prova de que é possível fazer uma boa HQ de super-heróis com simplicidade. Na defesa contra tanto de ruim que está send ofeito, cheguei a deixar passar batido esse título. Só agora estou correndo atrás das edições antigas para começar a acompanhar.
Isso de comprar tudo pra entender a mega saga não cola mais. Só se o leitor for inexperiente. As interligações e spin offs são apenas enrolações pra mostrar outros pontos de vista. E por mim, não preciso ver como os Heróis de Aluguel, por exemplo, reagiram a Hulk Contra o Mundo.
Essa saga é um bom exemplo: dá pra entender perfeitamente acompanhando só a minissérie principal. No máximo, o título solo do Hulk, que enfoca mais a galera do Amadeus Cho. As interligações são muito bem feitas, vc precisa da minissérie pra entender o que está acontecendo. Mas quem lê O Incrível Hulk obviamente vai comprar o Hulk Contra o Mundo. Já leitores ocasionais podem ficar só com a mini que não perdem nada.
Torço muito para que a crise afete as vendas da Marvel e DC. Já deu o tempo de Quesada e Didio, um com suas afrontas em busca de polêmica fácil e outro com suas confusões multiuniversais.
Jackson, concordo com você 100%, mas acrescento outra coisa: mesmo quando compramos apenas a minissérie principal de uma mega-saga, em geral essa minissérie é ruim, ou meramente razoável. Vide "House of M" e "Civil War", onde Bendis e Millar mostraram que mesmo os bons talentos têm seu dia de mediocridade.
Não estou acompanhando a Final Crisis e provavelmente não vou acompanhar no futuro (comprar os tpb's). Mesmo que ela esteja sendo elogiada, já estou de saco cheio de "reformulações" dos universos DC e Marvel.
Acho que o Ramone resumiu muito bem o que tem que ser feito no seguinte trecho: "Talvez dando um basta às grandes sagas que limitam vários artistas de HQs diferentes a criar em torno de um único tema; ou, então, acabando com os títulos interligados; quem sabe até parando de chafurdar o passado dos personagens em busca de elementos que contaminam o presente com péssimos roteiros."
Perfeita a colocação, e acrescento mais uma: seria ideal contratar só autores que não são fanboys para trabalhar em títulos da Marvel e DC. Escritores fanboys como Bendis e Morrison podem até ser ótimos, geniais e tudo o mais, só que têm um terrível defeito: quando chafurdam no núcleo dos quadrinhos Marvel/DC tendem a escrever histórias que só fanboys vão gostar e entender, cheias de referências ao passado, à personagens obscuros e adorando complicar o enredo até não mais poder. Em suma, autor fanboy escreve para leitor fanboy, afastando o público jovem. Autores como Bendis e Morrison deveriam escrever histórias autocontidas ou quase-autocontidas, como o All Star Superman e Alias.
Vejam que esse foi o segredo da melhor fase da Marvel: Stan Lee não era nem nunca foi um fanboy, e a maior parte dos autores clássicos não eram fanboys, pela simples razão de que naquela época essa era uma criatura ainda em desenvolvimento. Stan Lee e sua turma tinham visão de mercado ao escrever suas histórias, pensavam em conquistar o leitor casual a cada nova edição, e quem já leu as sessões de cartas dos primeiros anos de Fantastic Four e Spiderman vê que o Stan Lee tirava o maior sarro daqueles leitores que apontavam erros na história, nos desenhos ou na então nascente cronologia. No fundo, sempre tive a impressão de que o Stan Lee tem uma postura irônica com os fãs mais fervorosos de seu trabalho: é um velhinho arriado e deve achar muito engraçado como algumas pessoas levam a sério a "cronologia" que criou.
Enfim, com todo respeito, há dois tipos de pessoas que se merecem: fanboys e editores estúpidos se merecem, pois encaixam-se direitinho numa relação que estraga todo prazer de ler algo que era para ser, antes de tudo, puro entretenimento. Parafraseando um conterrâneo meu, "cada público tem a história que merece, e o Quesada vem com tudo e com razão".
Falou tudo Marcos.
Eu mesmo deixei de compras os gibis do Homem-Atanha desde começou Guerra Civil.
Por Que Marvel/DC não pegam o exemplo dos mangás, e não falo só do estilo de desenho e outros signos gráficos, mas que, um dos fatores para o sucesso deles é o fato do leitor saber que um dia aquelas histórias teram um fim, mesmo que demore anos, mas sabem que um dia acontecerá.
Eu lembro do tempo da inflação em que chegava na banca e tinha que conferir a "tabela de preços da semana". Ao invés das revistas terem preços impressos, tinham um código que deveria ser conferido na tabela...
Ramone,
A expressão "caça-trouxa" é mais adequada mesmo, pois só sendo trouxa para comprar essas revistas horríveis que levam nada a lugar nenhum.
Quem quiser entender a trama sempre pode ler na banca, pedir emprestado ou baixar um scan.
Aliás, os velhos que dizem que as crises financeiras melhoram a industria cultural porque as pessoas param de viajar e investem em diversão escapista para aliviar a realidade, como aconteceu no passado, parecem esquecer que surgiu a internet e a pirataria de filmes, músicas e quadrinhos.
Na hora dos cortes, a diversão paga vai pro brejo...
Vamos analisar mais globalmente. A DC é uma das muitas empresas do conglomerado Warner, portanto os gibis tem uma importância relativa dentro da captação de recursos para a empresa e podem servir muito bem para testar os gostos e desejos do público-alvo ao qual ele se destina. Além disso, os valores ganhos com licenciamentos para países da Europa e Brasil, acabam compensando, porque quem fica com o prejuízo das vendas nestes locais são os licenciantes. Obviamente que a liderança do mercado é importante, porque ninguém rasga dinheiro, mas em relação a ações na bolsa, creio que a DC Comics, não deve ter uma representatividade tão grande, porque se tivesse, Dan Didio já teria dançado a muito tempo e pelo menos não ficamos sabendo de nenhuma grande mudança nos quadros executivos da DC. Outra fator que pode estar salvando a cabeça dos executivos é o sucesso do Batman nos cinemas, como é um produto originário dos quadrinhos, está gerando lucro tanto em bilheteria, quanto em licenciamento, que paga todo e qualquer prejuízo que os quadrinhos possam ter. Além disso, temos que lembrar que as empresas não levam prejuízo nas vendas, porque a venda direta não permite isso, elas acabam lucrando menos.
Pessoal
Procuro um garoto do estado do Rio que se chama LUCIANO CARVALHO e que escreveu uma HQ com heróis:
P R O T E T O R E S D A V I D A
Página 1 - CAPA - arte: Luciano Carvalho
Página 2 - EXPEDIENTE - O que é o projeto "Protetores da Vida". Os heróis em negativo atrás / arte: Luciano Carvalho
Ele deixou esse projeto comigo e nunca mais o vi....
Se alguém conhecer... help!
Meu email irinafaria@yahoo.com.br
Excelente exposição Amálio. Esse é justo o problema da DC e mesmo da Marvel: seus heróis não são meros personagens, com os quais o autor pode fazer o que lhe der na veneta para contar uma história criativa e divertida - seus heróis são franquias, vendem ingresso no cinema (e aí damos razão às críticas do Alan Moore à subserviência da nona arte em relação à sétima), brinquedos, roupas infantis e trocentas outras coisas. O curioso é que no Japão isso também ocorre (um personagem q faz sucesso vira game, anime, marca, etc.), só que mesmo assim eles não têm medo de fazer histórias fechadas, sem eternizar o personagem.
Ah, e Decenauta chiita, na minha opinião nem precisava de crise nenhuma para acertar o UDC, e nem precisava de pacto com Mefisto para acertar a vida do Peter Parker: era só, sem satisfação nenhuma, de uma para outra recontar tudo desde o início, corrigindo o que tiver que ser corrigido, sem explicações. Como o Morrison disse em seu manifesto, os fanboys sempre vão comprar, não importa o que as editoras façam.
Apesar de ler uma coisa aqui e outra acolá, compro mesmo só alguns títulos da Pixel e fico pensando como a crise vai afetar, por exemplo, a republicação de Sandman que a editora vem fazendo. A idéia era ter preço acessível, lembra? E outras séries que foram descontinuadas, como Authority e 100 Balas, por exemplo, devem continuar no limbo... de qualquer modo, acho de muita utilidade o artigo do Marcus, que vem nos lembrar que as grandes crises internacionais e desvalorizações do dólar apertam primeiro no bolso da gente, colecionadores de quadrinhos... Abs,
Postar um comentário