Spawn, ascensão e queda
Na última atualização de reviews do UHQ, entrou no ar o texto sobre Spawn Origem # 2.
Ao ler os dois encadernados de Spawn Origem, que contêm as primeiras histórias do personagem, é impossível não sentir um pouco de nostalgia da época em que ele foi lançado.
A despeito da qualidade baixa de muitos gibis da década de 1990, nesse período vimos um boom de novos leitores de quadrinhos. Impulsionados pelo sucesso de X-Men e, posteriormente, dos títulos da Image, os quadrinhos atingiram um alcance grande na cultura pop da época. Spawn foi o grande auge desse fenômeno.
Tanto nos EUA quanto no Brasil, a sua revista vendia absurdamente bem, gerando, inclusive, spin-offs. Sua quantidade de fãs era, e continua sendo, tão grande que até o hoje o gibi sobrevive nas bancas sem ter tido a numeração interrompida.
Apesar de seu caráter revolucionário a princípio, logo o personagem caiu nos clichês dos super-heróis e se tornou mais um nas bancas. O grosso dos seus leitores foram embora, mas ele se manteve com uma base sólida de sustentação, tendo fãs tão fiéis quanto os de Conan ou Tex.
Mas o que mais me chama a atenção no Spawn é que a maioria das pessoas que puxam algum papo comigo sobre gibis casualmente, como nos ônibus e metrôs da grande São Paulo, quase sempre perguntam: "É Spawn o que está lendo?", o que muitas vezes é seguido com variações de: "Não?, puxa, eu tenho uma coleção dessas revistinhas lá em casa".
Às vezes, o sujeito diz que a coleção dele é a completa(!), outras, ele é mais descolado e diz "tenho mó cota de Spawn em casa", mas sempre são variações da mesma idéia. O detalhe é que essas pessoas têm em sua maioria idades entre 20 e 30 anos e não aparentam serem os tradicionais nerds dos quadrinhos.
Sinal dos tempos. Spawn marcou uma era dos quadrinhos e uma geração de leitores. Pena que a indústria desperdiçou a oportunidade de conservar esses leitores com histórias ruins e qualidade baixa.
5 comentários:
Meu caro amigo, só tenho uma coisa a dizer: quem não leu a edição de abril do Spawn, perdeu uma das melhores histórias publicadas neste ano. A começar pela arte fodaça.
Em minha humilde opinião, é tudo o que "A Torre Negra" deveria ser (já que são de estilos parecidos, vai).
Inclusive com um filme muito ruim também, que não saberia dizer até onde conta para o fato dessa série perder, ou quem sabe deixar de ganhar leitores, mas que é um fato é.
Eu li e colecionei o Spawn até o #50. O estilo grafico do TM era muito legal, totalmente caricato e isso me gusta, tb tinha o Greg Capullo com um traço melhor que o do TM que eu gostava p'rá danar. A dupla de pociais era impagável, mas, o saco foi inchando e o enredo se alongando demais, num guentei e vendi tudo, inclusive os VHSs do desenho sombrio e legal da cria do inferno. Depois disso nunca mais tive contato com o bicho feio...
Essa revistinha marcou época.
Sílvio Introvabili
Spawn foi um fenômeno mesmo. A proposta, para o mainstream americano, tinha tudo para dar certo: idéias já usadas (vínculos diabólicos como o Motoqueiro Fantasma e Etrigan, ser das trevas como Batman, rosto deformado como Deadlock e Hex, herói negro como o Falcão,...) mas misturadas e rearranjadas com algo totalmente novo, com ótimos desenhos. Foi talvez a grande e última oportunidade para alavancar os quadrinhos americanos, trazer novos leitores. Havia grande expecativa, tanto que até Neil Gaimann caiu no conto do pato. O TM tinha tudo nas mãos para, em cima daquela mitologia que estava criando, elaborar um novo universo da estatura do da Marvel. Mas para isso faltava-lhe a visão e a genialidade de um Stan Lee. Na falta de inteligência, o que ele fez ao invés disso? Usou o dinheiro que ganhou para comprar uma bola de Beiseball de trocentrilões de dólares e saiu por aí exibindo a "raridade"(sério). Da época, só sobraram as fabulosas Action Figures. Que triste.
Spawn, como a Image Comics em geral, foi uma verda para os quadrinhos. Um bando de leitores foi atraído, com certeza, pois a Image tinha uma arte produzida. Mas... quadrinhos não são só arte. Se a arte é boa, mas as histórias são uma merda (e é o que a Image tinha), o cara lê um tempo mais depois cansa. Só quem é desenhista é que fica só admirando a arte.
É a mesma coisa que aconteceu com coisas como uma revista com várias capas diferentes, gimmicks como capas glow-in-the-dark e estupidezes do gênero. Geram aumento das vendas no curso prazo, mas no médio e longo prazo fodem os quadrinhos.
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