Começa a nova era dos quadrinhos
Nos últimos anos, muito se leu e ouviu sobre o revival das editoras Marvel e DC às Eras de Ouro e de Prata dos quadrinhos, em histórias que mostravam a volta de personagens há décadas esquecidos ou aventuras cujos elementos cronológicos e conceituais remetiam àquelas épocas.
Seja pela necessidade de situar os quadrinhos e suas tendências em determinado intervalo de tempo e contextualizá-los em algum período histórico, ou apenas para apontar marcos a partir dos quais mudaram-se as formas de se contar histórias nos gibis, separar a arte seqüencial em eras é uma das máximas seguidas por qualquer fã de HQs.
Embora comumente não se discuta os títulos das eras de ouro, prata e bronze, bem como os eventos que marcaram suas transições, há controvérsias sobre o que veio depois, a ponto de ficar a dúvida: a época atual é chamada de ferro ou moderna?
Nenhuma das duas opções é a correta. Do que poucos se deram conta é que os quadrinhos acabaram de dar adeus a essa fase e entraram em outra que promete não dar margem a questionamentos, pelo menos quanto ao nome: a Era Pós-Moderna.
É o que afirma o jornalista norte-americano Shawn O'Rourke, em artigo publicado recentemente na revista eletrônica PopMatters. (Leia mais...)
3 comentários:
Acho que quadrinho é muito mais que as fases passadas por super heróis, tem muito mais a ver com a situação do país onde são geradas, influenciando estas mudanças, do que algo que possa pautar novas tendências.
Mas como tudo tem que ter um rótulo, uma embalagem, então que seja vendida a era de forma adequada ao aspecto global dos quadrinhos.
Achei esse texto excelente e me fez pensar muito. Uma das conclusões que cheguei (meio óbvia, admito) é que, afinal, os quadrinhos de super-heróis realmente podem ser a marca de um tempo, e estão com seus dias contados. E não há nada de ruim nisso. Creio que quase todos nós aqui temos entre 25 e 40 anos, e na nossa infância ou pré-adolescência nos iniciamos em quadrinhos de heróis da Marvel e DC. De tão fissurados que somos, não conseguimos imaginar que isso terá um fim, porque a história dessas editoras e seus personagens acompanha nossas próprias histórias pessoais. Soa meio tolo, mas nós no fundo ficamos achando que essa vai ser uma história 'infinita', e que daqui 50 anos ainda vai ter quadrinhos dos X-Men, e que nossos filhos vão continuar nossas coleções (ehehe). Mas, óbvio, uma coisa são quadrinhos, e outras são quadrinhos-americanos-de super-heróis-da-Marvel-e-DC. Os quadrinhos sobrevivem certamente, como forma de arte e comunicação. Mas quadrinhos de super-heróis americanos é algo datado, de uma geração. O público desse tipo de quadrinhos somos nós e, "acabando nóis", vai gradualmente acabar o "mundo dos Super-heróis". Nem Spawn nem, recentemente, Invencível conseguiram arrebanhar novos fãs em números significativos. Poxa, nem mesmo os filmes do Homem Aranha e X-men conseguiram atrair a garotada para os quadrinhos, salvo raras exceções. Há algum problema nisso? Para nós não. Desde que as histórias nos agradem (e, no fundo, podemos espernear, mas esses mega-eventos seduzem nosso lado fanboy), continuaremos os próximos 10, 20 anos comprando quadrinhos Marvel e DC. E dá-lhe mega-eventos, e dá-lhe edições luxuosas, nesse ínterim. Quando acabar nossa geração, essas editoras vão ter que inventar uma nova forma de ganhar dinheiro, sei lá. Talvez daqui um século, depois de enterrada nossa "tradição super-heróica", naquela típica onda cultural 'revival' que faz coisas antigas virarem moda, um grupo de pesquisadores ou artistas desencave a saga dos universos Marvel e DC e veja ali uma brilhante forma da cultura pop expressar o imaginário da nossa geração, uma forma única e autêntica de "arte" da transição de milênios. Talvez até vire moda de novo alguns heróis com cueca para fora do colã, como algo "cool" e pitoresco. Mas talvez haja um grande esquecimento. O importante é que nos divertimos pacas! Coitados dos outros que não! Ah, coitados mesmo!
Essa calou fundo! Será que nossa impressão de que as comics de heróis são o centro do universo quadrinhístico uma espécie de etnocentria ocidental? Os heróis parecem em alta, tanto no cinema quanto na publicidade e, porcaria, até nas novelas (vide record), mas os quadrinhos parecem não conseguir se aproveitar disso. Desconsolador!
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