Quadrinhos: um hobby caro?
O jornal USA Today publicou uma matéria interessante sobre os "preços abusivos" dos quadrinhos nos Estados Unidos.
No texto, há reclamações sobre o fato de gibis de linha como o do Homem-Aranha (com cerca de 24 páginas editoriais) custarem de US$ 2.25 a US$ 2.99. Alguns chegam a US$ 3.95. "Nenhuma criança tem condições de comprar uma revista em quadrinhos tão cara assim", diz um trecho do artigo.
E tem umas coisas que me deixaram imaginando como seriam aqui no Brasil. São alguns lançamentos em capa dura como New X-Men Omnibus, uma puta coletânea com todas as edições dos Filhos do Átomo escritas pelo Morrison. O TPB tem "somente" 1096 páginas e custa US$ 100.00. Agora imagine quanto custaria isso por aqui.
Sem contar o álbum Absolute Sandman, reunindo as 20 primeiras edições do Mestre dos Sonhos de Neil Gaiman, com mais 50 páginas de bônus (totalizando quinhentas). A obra está sendo vendida nos Estados Unidos por US$ 99.00. Faça aí as contas e tente chegar ao valor de venda no Brasil.
E então? Os norte-americanos estão reclamando à toa?
A matéria também afirma que essas coletâneas de luxo andam vendendo muito bem, e que a demanda tem sido grande. "Estamos entrando em uma era, não limitada aos quadrinhos, em que as pessoas estão dispostas a pagar mais por bonitas coleções de coisas que são importantes para elas", foi o que disse ao jornal o quadrinhista e editor da DC Paul Levitz.
Bem, parece haver muito mais em comum entre os mercados brasileiro e norte-americano de HQs do que podemos supor.
6 comentários:
isso sem contar q esses são os preços de lançamento...
tanto o new x-men omnibus quanto o absolute sandman vol 1 estão saindo por 63 dólares na amazon.
quem dera termos essas coisas por aqui, por esses preços, pra podermos reclamar tb - e é certeza q reclamaríamos!
O problema ao meu ver, não é a existência cada vez mais de publicações de luxos para um público seleto, mas o desaparecimento das edições simples e baratas para o grande público. Pois são essas edições que formam novos leitores, que faz com que o mercado se recicle. Ao deixar de prestar atenção nesta publicações, as editoras estão, a longo prazo, dando um tiro no próprio pé. Como diz no artigo, as criança no EUA não tem condição de comprar um gibi do Homem-Aranha a US$ 2.25, e aqui no Brasil a situação é pior ainda, pois a grande maioria das crianças não tem condição de comprar um gibi do Homem-Aranha a R$ 7,00. Ae entramos num puta ciclo vicioso. Sem novos leitores, gibis cada vez mais caros, para cada vez menos gente. É preciso que as editoras lembrem-se que quadrinhos é em sua essência cultura de massa, ainda mais os quadrinhos de super-heróis.
O comentário do companheiro Cadu aí em cima é extremamente preciso. As edições de luxo não podem anular o caráter primevo dos quadrinhos de serem uma forma de comunicação de massa, rápida, barata, acessível. Negar a natureza popular dos quadrinhos é assassiná-lo aos poucos. Eu nunca teria começado a ler quadrinhos de super heróis em 1979 se o (mítico) número um de Capitão América custasse o equivalente aos R$ 7,00 de uma revista de hoje em dia. Essa situação ainda vai causar um mal muito maior ao mercado de quadrinhos de que imaginamos, escrevam isso.
Há tempos que o preço dos quadrinhos vem crescendo (muito mais rápido que a espada de Thundera!). Eu até compreendo o custo de material para as editoras, que querem ter lucro. Mas é muito difícil divertir gastando dinheiro com uma revista que custa R$7,00 , sendo esta uma revista de linha, que todo mês está nas bancas, Batman, Homem-Aranha, X-Men. Com esse preço, corremos o risco de extinguir a leitura no nosso país! Parece exagero, mas é verdade.
Concordo com os amigos acima. Sem uma política por parte das editoras para formar uma nova "safra" de leitores, o que ocorrerá, realmente, é isso: REPAGINAR velhos lançamentos de sucesso sempre a um preço maior. No mundo do cinema, diríamos que seriam as "versões dos diretores", com direito a extras, comentários e etc. Mas um dia, isso cansa...
O problema é que, tanto aqui, como nos Estados Unidos, quadrinhos são um meio em extinção. As revistas vendem cada vez menos e os leitores são se renovam, sendo cada vez mais somente adultos que já leem quadrinhos há décadas. Então, já que os leitores são adultos mesmo, o jeito é investir nas edições cara.
Tem jeito de mudar? Talvez. Com a competição de outras atividades, os quadrinhos nunca vão ser populares como já foram no passado, mas eles podem crescer. O que não dá é para o mercado esperar que todo mundo goste de ler super-heróis, em histórias medíocres e mal-desenhadas e que, o pior de tudo, pressupõem que o leitor já conheça algumas décadas de histórias passadas.
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