Entre os dias 26 e 29 de setembro, aconteceu, na Biblioteca Nacional de Buenos Aires, o Viñetas Serias – Segundo Congreso
Internacional sobre Historieta y Humor Grafico.
Com participação de estudantes, pesquisadores e professores de diversos países, trata-se de um evento que procura criar um espaço para discussão, reflexão e troca de ideias sobre as histórias em quadrinhos.
Brasil, Argentina, Chile, França, Espanha, Uruguai, Estados
Unidos, entre outros países, mostraram que há um número cada vez maior de
pessoas dentro e fora das universidades dispostas a pensar as histórias em
quadrinhos como meio de expressão cultural, artístico e social.
A maioria esmagadora dos participantes veio de diversas
universidades e áreas de conhecimento. Como os quadrinhos ainda não têm uma
tradição e uma teoria sólida, podem servir como objeto de estudo para
pesquisadores de História, Sociologia, Literatura, Semiótica, Linguística,
Comunicação, Artes, Educação etc.
O Brasil teve uma participação expressiva, com pouco mais da
metade do total de artigos inscritos.
Os pesquisadores brasileiros abordaram diversos títulos e
aspectos dos quadrinhos. Houve artigos sobre Watchmen, Batman, Fábulas e V de
Vingança, considerados sob perspectivas de ideologias, representações e
sociedade, mas predominaram as análises sobre Henfil, Angeli, Mutarelli e outros autores brasileiros. As pesquisas também chamaram a atenção para certas produções nacionais que estavam esquecidas, como a Editora Outubro, que
produziu muitas histórias em quadrinhos de terror na década de 1960.
O congresso apresentou também uma interessante paisagem
da produção em quadrinhos da Argentina, Chile e Uruguai. Muitos trabalhos
destacaram o profundo impacto que a
ditadura teve sobre esses países, deixando marcas profundas que se refletem desde
o fundamental El Eternauta até o
recente álbum El Síndrome Guastavino,
com roteiro de Carlos Trillo.
Destaque para a história do quadrinhista chileno Luis
Jiménez. Autor de diversas HQs populares em seu país, ele era também
um militante político e desapareceu em 1973. Por duas vezes, foram encontradas
ossadas que foram identificadas como suas e, depois, se mostraram um engano. Seu
destino permanece desconhecido até hoje, mas acredita-se que tenha sido
assassinado pela ditadura aos 25 anos de idade.
A investigação sobre Jiménez foi feita pelo escritor Jorge
Montealegre, que a transformou em um livro (Apariciones
y desapariciones de Luis Jiménez) que também reúne diversas páginas,
desenhos e histórias completas do desenhista.
Congressos como o Viñetas
Serias demonstram como cada vez mais as histórias em quadrinhos são pensadas
e discutidas como relevantes objetos de estudo que permitem refletir sobre a nossa história, cultura e sociedade.
2 comentários:
Estudo O Alienista no mestrado. Eu vou engatar Black Orchid no doutorado (Análise do Discurso, UFMG). Gostaria de manter contato por e-mail (o que pode gerar boas publicações para o blog). A maior dificuldade é encontrar gente para conversar sobre quadrinhos de forma mais profunda. johannlufter@yahoo.com.br
Que bom descobrir iniciativas assim, também faço pesquisas sobre quadrinhos principalmente como ferramenta de incentivo à leitura.
Estamos por ai
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