07 maio 2012

Não é que tenha um tema, mas vamos debater?

Como é norma, as colunas do UHQ ganham sempre um espaço para debate aqui no blog.

Não sei bem o que vai acontecer com essa coluna que publiquei hoje. Ela toca em muitos temas e não chega a muitas conclusões. É mais um convite pra pensar sobre os quadrinhos hoje em dia.

Por tabela, não sei se algo vai ser debatido. Mas estou curioso pra ver.

19 comentários:

Marshall disse...

Nasi, o seu texto é interessante de uma maneira...estranha, paradoxal. Vc parece se esforçar para expressar o seu desdém por premiações em geral (e algumas em particular), mas se fosse assim mesmo...acho que vc não teria escrito nada em primeiro lugar, assim como vc não vota mais no HQ Mix ou não comentou sobre sobre o Pedro Franz na lista beta quando pôde. Eu nunca li a obra do Pedro, mas tenho curiosidade. Talvez, e quero frisar o TALVEZ, o problema seja realmente de alcance. Fazer um bom produto é metade do trabalho. Saber VENDER (e entenda-se vender no mais amplo dos sentidos) é a outra metade. Isso acontece muito no cinema. Filmes excelentes passam desapercebidos porque não se vendera como deviam...talvez (de novo essa palavra) essa seja uma visão um pouco...pragmática demais da minha parte, em contraste com outra mais utópica (não digo que é a sua visão), que colocaria a arte além de tais considerações, mas enfim, é o que eu pude pensar no momento. Essa visão toca também no tamanho do MQB, e nesse ponto me permita discordar um pouco de vc. Em temos de econômicos, concordo, é a uma pulga, mas o número de publicações já torna muito difícil acompanhar tudo o que sai mês a mês. Ainda mais num prêmio como o HQ Mix, no qual não há inscrição prévia de trabalhos...vale tudo, são muitas páginas de quadrinhos para ler, prioridades são elegidas, pilhas de leitura são erguidas...e o Pedro Franz não foi privilegiado, assim como outros, imagino. Talvez a obra do Pedro Franz não esteja na lista do HQ Mix simplesmente porque ele não trabalhou para isso, talvez ele não dê a mínima, vai saber.

Anônimo disse...

Li o texto, gostei. Mas minha opinião sobre premiações não é nada agradável, por isso, vou me reservar e só ficar quieto.
Premiar quadrinhos é o mesmo que pegar meia dúzia de pessoas e dizer se o Brasil todo está com mais casos de DST ou não. Como podemos saber qual é o melhor quadrinho se ele será avaliado por umas dez pessoas apenas? Isso é muito pouco perto do Brasil. Só o Estado de São Paulo já representa algo gigantesco em comparação a esse júri.
E o artista que ganha uma premiação de HQ não quer parar ali. Não é um concurso de beleza onde as meninas vão lá e uma ganha, leva a coroa e no outro dia ela está de volta no sofá de sua casa esperando telefonemas que podem ou não acontecer. Eu penso que um vencedor de quadrinhos quer segurança de uma editora para que sejam publicadas suas obras durante um certo período, de preferência uns cinco anos. Não adianta nada ele ser premiado, ganhar uma bolada em grana e depois simplesmente sumir.

Mas parabéns pelo texto!

Fabiano Caldeira.

gustavo A disse...

eduardo nasi

vc é um ranzinza divertido, respeito sua opiniao, gosto é muito subjetivo.

Fabiano Barroso disse...

Curti o texto, compartilho com relação à ausência do Pedro Franz. Sobre a importância (ou não) das premiações, e de seus critérios, há o que dizer. Em especial com relação a critérios, pois enquadrar as produções artísticas dentro de gêneros/formatos/técnicas é, no mínimo, limitador. Ainda mais hoje, ainda mais quando se fala de HQ: algumas editoras são quase independentes e quem falou que os independentes não são quase editoras? Da mesma forma, você bem citou os "webcomics", algo difícil de definir e/ou separar dos "comics que não são web". Mas há algo importante aqui, e que por sinal já foi motivo de discussão no twitter, veja só, com o próprio Franz (não sei se vc tava tb): as classificações, ou os "enquadramentos", servem, ao menos, para situar o leitor, ou ainda quem vê a coisa de fora. Porque eu, você, e provavelmente todos os leitores deste blog, gostamos de quadrinhos, lemos, conhecemos. Se não muito, com certeza mais do que a média. Trocando em miúdos (e era disso que tratava a discussão), o termo "quadrinho de autor" não é de todo inútil, pois norteia os leitores e distancia o quadrinho industrial ao quadrinhos, digamos, mais artesanal. O mesmo ocorre para o grande público quando o HQ Mix diz "Melhor revista mix", ou "Melhor webcomics". Acho que o mais importante do prêmio, por sinal, é o reconhecimento por um público maior e "de fora" Para um nanico como eu, tem uma importância grande (e que cresceu nos últimos anos, pois o HQ Mix ganhou visibilidade propocional à dos próprios quadrinhos).

Curiosamente, votei no Pedro Franz e em várias pessoas que não constavam nas listas do HQ Mix. As listas são boas, porque nos ajudam a lembrar, mas são ruins porque direcionam o nosso voto, inevitavelmente. Por isso, acho que deveriam ter mais nomes.

Sobre os possíveis porquês de o Pedro Franz não constar, acho que simplesmente esqueceram dele. O que já quer dizer alguma coisa, talvez os caras que fizeram a lista não gostem mesmo dele. Mas acho que o principal motivo para alguém não constar nas listas deve ser mesmo o inevitável esquecimento.

Paula Mastroberti disse...

Bom, eu não vou repetir o que li já em outros coments postados aqui. Adorei esse seu texto, muito bom (fiquei sabendo dele via tweet do paulo ramos, pra vc ver. Mas eu queria acrescentar que eu não conhecia o trabalho do Pedro Franz e fiquei muito feliz porque vc me proporcionou essa descoberta (que eu já baixei toda no iBook do meu tablet, onde prefiro ler atualmente, por absoluta carência de espaço pra botar mais papel aqui em casa). Já é um dos meus favoritos, junto com o Mutarelli. Ele tem a mesma levada na arte (ainda não pude ler o roteiro), mas com uns toques de Basquiat, né, não? Sem contar que o processo dele é o que mais prefiro: o de autoria solitária. É engraçado como prêmio é tudo igual mesmo. Vim das artes plásticas, passei para a literatura e é tudo igual, exato como vc falou. Então prêmio é isso e ponto. Mas nós aqui damos o nosso prêmio especial pra ele. Só não sei se concordo contigo em relação ao MQB (eheh, já foi). Não conheci ninguém que ganhe grana com isso, a não ser os que trabalham na linha industrial. Quadrinho tipo o do Mutarelli ou do Franz (não sei o que acontecerá comigo) amarela nas prateleiras. Abraço.

derbyblue disse...

Sim, não são importantes mesmo. Mas a simples existência do prêmio fomenta coisas incríveis na periferia do evento,coisas como esse texto.Aliás, esse texto vale mais( fosse comigo) para o Franz do que a indicação ao prêmio e no final ganhamos todos.
Parabéns, rapaz. Merecido.
Obrigado, Nasi.
Merecemos.

Eduardo Nasi disse...

Pessoal,

Obrigado pelos comentários. Quem bom que é sentir que a resposta é tão verdadeira, que vêm de uma reflexão.

Marshall, não sei quanto o HQ Mix é pautado por divulgação e pela lembrança que ela provoca. Mas me parece que o trabalho dele não é obscuro a ponto de não chamar atenção de uma comissão formada por gente que lida com isso constantemente.

Fabiano, eu acredito em estatísticas, mas fico mais com a ideia de que a qualidade artística é algo que só se resolve dentro de cada leitor. Então a eleição não importa muito, não.

Gustavo, sou bem ranzinza mesmo. :)

Fabiano, eu tenho esse coração dividido como você pelas classificações. Me dói dar estrelas quando faço resenhas no site, porque sei que, apesar de todos os parágrafos de comentários, o leitor tende a se limitando a interpretar as estrelas. Tudo isso limita muito a expressão e a fruição.

Paula, a ideia do MQB é uma tentativa de criar essa aura institucional que rege as artes hoje. Espero que ninguém leve a sério.

Derbyblue, não sei se é melhor ou pior. Mas, se alguns leitores descobrirem o trabalho de Pedro Franz e gostarem, tá de bom tamanho pra mim.

Paula Mastroberti disse...

Bom,
Pra vc ter uma ideia da repercussão, vou falar sobre o trabalho do Franz num Congresso na PUCRS amanhã. Acredita que eu mudei na última hora?

Eduardo Nasi disse...

Que notícia maravilhosa, Paula. Acho bárbaro.

Marshall disse...

Nasi, eu acho que só pela amostragem dos comentários vc pode ter uma ideia do quanto o trabalho do Franz é pouco conhecido. Talvez ele esteja na periferia do radar de muitas pessoas...como é o meu caso. Eu já sabia da existência da obra, mas não a procurei...não encontro uma boa justificativa, li outras coisas. Prefiro acreditar que se trata de esquecimento, como disse o Fabiano. É isso ou realmente a dita não caiu no gosto do Juri do HQ Mix. De cabeça só me lembro de um amigo que leu Promessas...mas vou sondar mais por curiosidade.

Ruptured Duck disse...

Vamos continuar usando o Pedro Franz como exemplo: ele não foi lembrado talvez porque não publicou nada em 2011, como o Nasi comentou. Um dos critérios para seleção é que tenha lançado as obras no ano anterior, como é sabido. Não vejo o motivo de tanta celeuma assim. Daí, você pode dizer "então porque ele não foi indicado no ano passado, já que lançou as revistas em 2010?". Mas pra que essa ânsia? O Franz é - vamos ser justos - um grande artista, dono de um belo traço. Mas ele mal começou na "carreira". O autor tem que continuar mostrando a que veio. Ele lançou a primeira revista (que me causou ótima impressão) mas a segunda já me desapontou. Porque a segunda, meus amigos, sinto muito mas não é uma história em quadrinhos. Me pareceu que ele ficou com preguiça e preferiu o caminho mais fácil de ilustrações/pintura e texto paralelo. Talvez não tenha sido "caminho mais fácil" mas sim um caminho diferente. Mas ficou um contraste muito grande. Eu pensei "cadê a continuidade da obra? Cadê o quadrinho? Vai ficar nessa enrolação artística?" Não é uma questão de querer discutir o que é e o que não é história em quadrinhos. Mas, sinceramente, pintura com poesia não me convence como tal.

Existia uma vertente, do tempo dos fanzines, que o pessoal chamava de "poético-filosófica". Os leitores mais calejados como o Nasi se lembrarão: autores como Gazi Andraus e Edgar Franco que faziam um trabalho de grande pretensão artística mas que, para mim, era uma grande bateção de punheta. Existe espaço para todos os tipos de HQ. Todas as experimentações são bem vindas. Mas, às vezes, o pessoal cai pro lado da pretensão e com o segundo número da revista do Pedro Franz, não pude deixar de me lembrar dessa antiga cena poética ultrapassada e clichê.

Reconheço que ele tenta fazer algo diferente e ousado e isso é muito digno de nota num cenário atual onde os autores seguem uma linha meio água-com-açúcar estilo Fábio Moon e Gabriel Bá: o também citado no texto Gustavo Duarte e o Mário Cau. É tênue a linha entre sensibilidade artística e ladainha sentimentalóide. Felizmente, o tabalho do Franz não cai nessa cilada mas ele precisa continuar fazendo QUADRINHOS e não arte plásticas, do contrário, permanecerá sendo lembrado.

Pena que poucos que lêem o UHQ se preocupam com a cena dos quadrinhos em geral. Os poucos comentaristas sequer conhecem o trabalho do Franz, lançado há alguns anos. Mas o UHQ contribui para isso, pois não há um foco nos quadrinhos independentes brasileiros: com tanta revista sendo lançada por aí, falta - no mínimo - mais resenhas de obras de autores novos. Mais análise! Mais crítica! Cadê a tão falada crítica especializada? Só publica notas sobre esse ou aquele lançamento na Livraria HQ Mix? Notícia sobre a Marvel e a DC está até sobrando. Às vezes, o UHQ parece um reduto para leitores da Panini! Eu sei que a maioria dos leitores do site têm esse perfil Marvete ou Decenauta mas falta mais iniciativa pra falar da cena brasileira, se é que a mesma está tão maravilhosa assim, com os desenhistas de quadrinhos pegando a mulherada bonita que também lê quadrinhos (risos). Gostei do senso de humor do Nasi! Será que ele consegue imaginar gatas lendo o UHQ pra saber como será a nova cronologia da DC? Eu não!

Eduardo Nasi disse...

Marshall e Lucrécio, vocês dois tocam em pontos importantes que eu voltam ao motivo pelo qual eu escrevi o texto: será que o Pedro não foi esquecido porque não publicou em papel? E será que o mercado está dando conta da mudança pela qual ele está passando?

Quando o Lucrécio diz que ele não publicou nada em 2011, toca justamente nessa questão: ele publicou. Não em papel, mas quem disse que a publicação tem que ser em papel? O HQ Mix é um prêmio pra quem publica em papel? Isso é sabido? Eu nunca soube. Um dos concorrentes a "webquadrinhos" não pode ser o melhor desenhista? Nem o melhor roteirista? E um trabalho que não foi indicado foi esquecido porque não estava na pilha?

E, indo além, parece que quem quer ser lembrado é o Pedro, enquanto que, na verdade, quem se propõe a revisitar o ano anterior em busca de melhores é o prêmio. De novo: é o prêmio que faz isso. Não ele. Nem eu.

Pra mim, esse deveria ser o centro do texto. Mas pode não ter ficado claro, então, estou dizendo aqui de novo.

De resto, Lucrécio, eu naturalmente discordo de você quanto ao segundo número de Promessas e quanto à maioria dos comentários sobre outros artistas.

Quanto ao site, imagino que os editores possam querer comentar algo, e eu acho mesmo que deve haver algum motivo pra tanta importância pra Marvel e DC -- me parece eco de um cenário de eras passadas, que era o que tinha uns anos atrás. Mas certamente há uma cobertura bem mais ampla do que aquela que você aponta.

Sidney Gusman disse...

Lucrécio, no UHQ há notícias, sim, sobre DC e Marvel. Mas há também sobre praticamente toda HQ independente que é lançada.

E há também de HQ europeia, nacional etc.

Nas resenhas, aliás, até a volta do Marcus Vinícius ao time do UHQ, muitos leitores reclamavam que dávamos muita atenção a álbuns e publicações nacionais.

Tanto que, se pegar todas as listas de melhores de 2011 que foram feitas, verá a maioria dos títulos foi resenhada no site.

Mas não dá pra agradar todo mundo. E nem temos essa pretensão. Seria utopia.

Sidney Gusman disse...

Fabiano Caldeira, só para esclarecer: o HQ Mix, que eu saiba,tem dois mil votantes cadastrados.

Claro que existe o voto viciado, como postei até no Blog do prêmio, mas estamos longe de dez pessoas apenas definirem os melhores do ano.

Marshall disse...

Esta realmente é a questão Nasi, bem resumida por vc:


E, indo além, parece que quem quer ser lembrado é o Pedro, enquanto que, na verdade, quem se propõe a revisitar o ano anterior em busca de melhores é o prêmio. De novo: é o prêmio que faz isso. Não ele. Nem eu.


A minha dúvida é ser o Pedro está fazendo por merecer ser lembrado. E não estou me referindo a qualidade da obra, posto que não a li, mas ao esforço de divulgação. Acho que a prova dos 9 seria entrevistar toooooodos os 2.000 votantes do HQ Mix, mas como isso não vai acontecer nunca, só nos resta especular.

Eduardo Nasi disse...

Marshall, acho que você não pegou um detalhe: nesta fase de indicação, não há 2 mil pessoas, e sim meia dúzia de membros de uma comissão de indicação.

Não acho, contudo, que seja o caso de instaurar uma inquisição. O ponto é: tá todo mundo ligado que o mundo tá mudando?

Cássius Rodrigues disse...

Premios e estatísticas sao muito subjetivos. Acho que a analogia que vou fazre serve: moro numa cidadezinha do interior do RS e aqui tem um radialista que todo ano faz "Os melhores no ano" ninguém tá nem aí pro premio, eles escolhem um comerciante, ou alguem da sociedade de cada setor (saude, educação) e te procuram: "Foste eleito o melhor do ano, se queres receber o premio me paga 400 reais". Se não paga, escolhem outro melhor do ano, hehe q piada as obras nacionais nao chegam em muitos lugares e não vendem em todo brasil... ah e mudanmdo de assunto, faltou nos melhores de abril o encadernado "Universo X", pela ousadia de lançar- 700 páginas e ótimo acabamento - fora o preço. Quem quiser ter uma noção se vale a pena ou nao, visite meu blog onde comentei a primeira leitura: gibiblioteca.blogstpot.com

Sidney Gusman disse...

Cássius, eu li Universo X e achei modorrento.

Dann Thomas disse...

Nasi,

Poderia discorrer minhas concordâncias em cima do seu texto, dizer q acho mesmo(não estaria mentindo)mas independente da opinião de uma premiação o intuito é valido, mesmo sendo triste. Para alguns serem lembrados e infelizmente outros ignorados, independente do motivo para caso mas o mercado e pessoas como seu amigo precisam da lista pra se orientar no meio de tudo que é lançado.

Mas a questão bem interessante levantada quanto a questão do laçamento impresso/web/pdf, no meio da bagunça de midias de todos os dias quando e como definidos datas e maneiras pre estabelecidas quando o intuito de uma premiação assim é justamente o quadrinho.

De qualquer forma, me fez bem ler seu texto, por ser um texto sobre quadrinho não de quadrinho. Me fez dar vontade de ler Pedro Franz de novo, pelo menos alguns mais sabem q ele existe agora...