19 setembro 2012

O curioso mundo das seções de cartas dos gibis

"A cartinha de hoje veio de outro planeta e é
 assinada por alguém que se identifica apenas
como 'Azulzinho Apaixonado de Oa'."
As seções de cartas dos gibis, no Brasil e em outros países, têm muito o que contar.

Nesse espaço tradicional das revistas em quadrinhos, já teve "barraco armado" entre leitor e editor, respostas bizarras, mensagens mal-educadas e marcos editoriais, além de outros episódios divertidos ou curiosos que viraram um capítulo à parte da história das histórias em quadrinhos.

A matéria publicada hoje, no Universo HQ, mostra mais sobre isso. Clique aqui para conferir.

E fica lançado o desafio: você consegue identificar a que gibis pertencem, respectivamente, as imagens de seções de cartas que ilustram o texto?

31 comentários:

Edivandro disse...

Muito legal a matéria. Todo gibi que eu comprava eu sempre ia primeiro na sessão de cartas, o problema é que algumas dessas sessões ficavam na última página após o final de uma história, e daí gerava um certo medo de spoilers.
Infelizmente, a Panini não está mais publicando a sessão de cartas nessa nova fase dos Novos 52. Espero que eles a tragam de volta.
Abraço.

Samir Naliato disse...

Ao ler a matéria do Ramone lembrei do caso envolvendo o Geoff Johns, hoje escritor de Lanterna Verde, Aquaman e Liga da Justiça. Em 1996 ele era apenas um leitor, e escreveu para a DC sugerindo que o DNA humano usado na clonagem do Superboy (pós-morte do Superman) fosse do Lex Luthor. Essa carta foi publicada em Superboy # 26.

Nos anos 2000, já como escritor da DC, ele aproveitou a própria ideia e a colocou em prática na série dos Novos Titãs.

Sidney Gusman disse...

Eu dou um depoimento bastante pessoal aqui: no começo dos anos 2000, editava os mangás da Conrad, junto com o Cassius Medauar.

Modéstia à parte, nossas seções de cartas eram sempre muito divertidas. Tanto que até hoje tem leitor que me chama de "Tio Sidão", por causa das brincadeiras que o Cassius fazia comigo, me chamando de Mestre Kame (por causa da idade).

Tinha também a "Intervenção do Sidão", que era quando eu dava o troco nas gracinhas do Cassius "jogando-o do quarto andar" ou coisa que o valha. Os leitores ainda se lembram disso.

Essa interação é vital para que o leitor se afeiçoe à revista. Por isso que não consigo entender editores que dizem "odiar" fazer seções de cartas. Pena.

Cássius Rodrigues disse...

Duas vezes escrevi e nunca foi publicada minha carta, mas mesmo assim era a primeira coisa que eu lia pra me informar melhor. Pena que a atual revista Universo Marvel já está no número 28 a nunca mais publicou a seção, desde que zerou a numeração. É a única que coleciono regularmente.

Daniel Oliveira disse...

Tive o prazer de ter uma carta publicada em Batman da Abril, formato americano, respondida pelo próprio rs :)
Eu tinha doze anos e me incomodava muito com a forma com que Bruce tratava Dick depois que este se tornou o Asa Noturna. O Batman me respondeu: minha relação com Dick é coisa do passado. Agora cada um segue sua vida. rsrsrs
Na época eu pensei "que velho chato" rsrsrs
Hoje tenho 34 anos e guardo com carinho essa edição para mostrar ao meu filho que ainda tem apenas 2 anos.
Linda matéria! parabéns e forte abraço!

Marcus Ramone disse...

Valeu, Daniel!
E eu, apesar de ter muitas cartas minhas publicadas em gibis, nenhuma foi respondida pelo próprio super-herói. :-(

Marcus Ramone disse...

Sidão, vale lembrar que o UHQ também já teve seção de cartas. :-)

Luiz Carlos Produções disse...

Um lembrete: Dermeval Calógeras e o SuperEditor eram a mesma pessoa! Era um caso de dupla personalidade.

Henrique Brum disse...

Muito boa a matéria! Sempre que pego um gibi mais antigo da coleção adoro reler a seção de cartas.
o blog themarvelageofcomics.tumblr.com/ tem postado cartas que (hoje) famosos enviaram para as seções do Stan Lee. Muito legal de ver.

Sr. Bondius disse...

A imagem que apresenta a seção de cartas da americana Fantástico Four tem outra curiosidade: a ultima carta é de Dave Cockrum.

Marcelo Naranjo disse...

Eu tinha uns 10 anos quando mandei uma carta para a revista do Capitão América da Editora Abril... não foi publicada mas recebi uma carta em resposta, como se fossem os super-heróis agradecendo o envio da correspondência, tenho guardada em algum lugar. Boas lembranças. Valeu, Ramone!

Sanzio disse...

E a Panini, com suas publicações em piloto-automático, vem deixando de publicar as seções de cartas...

Ronaldo Ventura disse...

MUITO BOM!!!

Olendino disse...

Seria interessante ouvir o Ota sobre as seções de cartas das revistas da Vecchi nos anos 80. Eu me lembro que elas eram "descaradamente" (na verdade muito inteligentemente) usadas como extensão das narrativas publicadas nas revistas. O personagem Jonas Beltron surgiu na seção de cartas da Spektro, como se fosse um jornalista desempregado tentando vender seus casos misteriosos. Quando Ota teve que "matar" seu pseudônimo Oswaldo Pestana o "suicídio" dele foi estampado na primeira página de um jornal na abertura da história "Massacre na Baixada". Na edição seguinte um "leitor" escreveu para a revista perguntando se aquele Pestana da nota era o mesmo roteirista que tinha várias histórias publicadas.

Às vezes as seções de cartas eram inteligentemente exploradas para golpes promocionais. Um "leitor" chamado Wellington E. C. Braga (EC de Entertainment Comics?) começou a escrever várias cartas para a revista Krypta da RGE, descendo o malho naquela publicação que tinha uma legião de fãs. Quando um desses fãs perguntou a Wellington de qual revista ele gostava afinal, ele respondeu na bucha: Spektro!

Marcus Ramone disse...

Olendino, o caso do "Wellington" já virou um clássico!
O Roberto Guedes me contou detalhes. O nome verdadeiro do leitor era Gustavo Leiter Jr. e o cara fez tudo aquilo só pra zoar. Ele era fã da Krypta, também. :-)

Marcus Ramone disse...

Ah, outro detalhe: ele já é falecido.

Daniel Oliveira disse...

Marcus Ramone, como faço para enviar uma revista para o UniversoHQ avaliar a possibilidade de uma matéria ou incluí-la na coluna reviews? Procurei por algum endereço no site mas não encontrei...
Forte abraço!

Mister X disse...

Sobre o Dermeval Calógeras e o SuperEditor, foi o que o Luiz Carlos Produções disse. A "causa" da demissão, explicada numa seção de cartas, era que pegaram o supereditor vestindo a peruca do velhusco, e descobriram a dupla personalidade e internando o homem no hospício.

Mister X disse...

Sobre seções de cartas, aqui tem uma discussão interessante sobre elas nas revistas Bonelli: http://www.texbr.com/forum/viewtopic.php?f=5&t=646

Um trecho:

"A Seçao de cartas do Magico Vento utiliza desde cartas dos leitores, até mensagens postadas em Grupos de Discussão na Internet e no meu caso e do Felipe (Magico Vento 26) foi uma conversa de Boteco. Ou seja, com relaçao a Magico Vento a fonte é variada."

resiak74 disse...

Grande matéria! Sempre fui fã da seção de cartas, nos anos 80 mandávamos uma carta e a espera era de uns 4 meses para ver se era publicada. Havia também uma presença de leitores do Brasil inteiro e não só de capitais, achava isso muito interessante. No caso da Turma da Mônica (reproduzida na matéria)infelizmente hoje virou apenas uma seção de fotos...

Marcus Ramone disse...

Pois é, Mister X, lembram que, na brincadeira, quiseram "mascarar" o motivo da "demissão" como conduta antiprofissional? :-)
E as eções de cartas têm tantas histórias interessantes, que, sem dúvida, daria pra escrever um livro.

Marcus Ramone disse...

Abelrod, também acho que as seções de cartas da Turma da Mônica eram muito melhores nos tempos da Abril.

Eddie disse...

Nossa, essa (ótima) matéria do Marcus Ramone me fez voltar ao início dos anos 80, quando comecei a comprar quadrinhos (e nem sabia ler ainda, minha mãe precisava fazer isso por mim). Realmente essas seções de cartas antigas eram muito, mas muito mais divertidas do que as de hoje e, para a maioria, a única fonte de conhecimento sobre o que ainda estaria por vir (devido ao atraso cronológico de 4 anos).

Hoje em dia infelizmente a impressão é que a Panini só publica cartas de elogios, o que não contribui em nada com o debate e a troca de informações. Por esses e outros motivos, nos últimos anos deixei de prestar atenção às páginas de seções de cartas.

Alessandro disse...

Ótima matéria, Marcus! Lembrei-me de uma vez que li na seção de cartas da Superaventuras Marvel (se não me engano) um leitor perguntando o que eram os dois D´s no uniforme do Demolidor.

A resposata foi que vinham da própria palavra demolidor sendo DemoliDor... Vai vendo a criatividade...

Palhares disse...

Parabéns! Matéria muito boa. Lembro que as seções das revistas Disney e Turma da Mônica tinham espaço para anúncios de leitores que queriam trocar correspondência. Era a pré-história das redes sociais e dos grupos de discussão.

Uma sugestão para uma pauta futura é descobrir onde estão os editores que respondiam as cartas nos anos 80 e 90. Uns 10 anos atrás participei de um projeto e conheci por acaso a Sadika Osmann, da Liga da Justiça (1988). Outra vez, lendo a Gazeta Mercantil (acho), li um crédito para o Décio Trujillo. Vi um outro crédito, para o Kazuhiro Kurita, em algum projeto editorial na Vila Madalena. Acredito que a maior parte daquele pessoal, bem como os principais letristas e coloristas tenha mudado de área.

Super disse...

Legal a matéria. Não sabia desses "causos". Eu dei sorte pois mandei uma única carta e ela foi publicada. Bem, publicada em termos pois eles cortaram quase toda. Só foi publicada mesmo a minha pergunta que era qual é a origem do Homem-Hídrico. Não o herói do grupo Os Impossíveis e sim o vilão do Homem-Aranha.

Olendino disse...

Obrigado pelas informações, Marcus. Um outro "duelo" do qual muita gente deve se lembrar era entre o Franco de Rosa e o Reinaldo de Oliveira na seção de cartas da revista Calafrio. O Reinaldo (que Deus o tenha) fazia a seção brilhar com aquelas respostas muitas vezes cruas e desconcertantes. Eu, que fui uma das "vítimas" dele não deixava de gostar daquele estilo ranzinza mas altamente informativo.

xandrohq disse...

Legal a matéria só agora EU vi...e olha EU(nome;Alexandro de Oliveira) lá na página da seção de carta do gibi do Tio Patinhas!! ;)

QG Comics disse...

Muito legal! Sempre amei essas seções tb! Mas acredita que nunca mandei nada? =/ rsrs

Já estou seguindo vc aqui, mto legal o blog!
Estou começando um blog onde irei vender HQs. Quem tiver interesse, siga-nos e responda nossa enquete!
http://QGcomics.blogspot.com.br

Valeu! Abraços,
Ísis

Ivan Linares disse...

Puxa, cheguei tarde pra comentar! Mas me lembro de escrever pra revista da Mônica (ou do Cebolinha, nãosei ao certo) e ter recebido uma carta de volta, avisando que a minha não foi publicada, mas que agradeciam e tudo mais. E com direito a um trecho escrito à mão e um cartão da Mônica dando um aperto no Cebola, gritando "Um abração pra você!"

E o pessoal dos super-heróis também respondia aos "impublicados". Mandei uma carta anunciando que queria comprar umas revistas, bem na época que a Abril deixou de publicar os "classificados" em seus gibis. A redação mandou uma carta de volta informando o endereço de alguns fanzines onde eu poderia colocar meu anúncio. Achei superprofissional da parte deles.

(Ah, sim: a seção de cartas do Tio Patinhas, antes de se chamar "Caixa-Forte", tinha o nome de "Um Quaquilhão de Amigos"

Ivan Linares disse...

Outra coisa: acabei de encontrar uma entrevista (em inglês, infelizmente) com o Ota da revista Mad, sobre os bastidores da revista aqui no Brasil, nas editoras Vecchi e Record. E, no tocante a esta matéria aqui, a gênese da Seção de Cartas da Mad, contando como eles se viravam pra inventar personagens e respostas criativas pros leitores que só sabiam escrever que a revista era uma eca, uma droga que só servia como papel higiênico... Li e ri pra caramba!

A entrevista está na página http://madtrash.com/interviews/ota.php

Aliás, embora não tenha muitos quadrinhos, uma dupla de seções de cartas que têm um espírito de "Mad light" é a da antiga revista de RPG Dragão Brasil e sua sucessora atual Dragonslayer. Comandadas pela mesma equipe, ambas tinham personagens respondendo às cartas, leitores que escreviam às vezes só pra tirar onda e que até alteravam a "cronologia" da seção: uma leitora fez um redator ser morto, outro leitor inventou um método pra ressuscitá-lo, outro sugeriu que havia um clone de reserva e as cartas passaram a ser respondidas por dois personagens... Era uma das melhores coisas da revista!