29 novembro 2009

Mais espaço para HQs nos jornais

Pelo segundo domingo consecutivo, o jornal Folha de S.Paulo dedicou a capa de um de seus cadernos às histórias em quadrinhos.

Capa do livroNa semana passada, foi a HQ de Fernando Gonsales baseada no livro A Origem das Espécies, de Charles Darwin, no caderno Mais!. Na edição de ontem, a Ilustrada destaca o uso de páginas em quadrinhos no livro Loucas de Amor - Mulheres que Amam Serial Killers e Criminosos Sexuais, do jornalista Gilmar Rodrigues.

Apesar das páginas em quadrinhos serem apenas uma espécie de adendo entre um capítulo e outro do livro, com narrativas paralelas ao relato documental, esse foi o aspecto que chamou a atenção da editoria da Folha. Os desenhos, sobre roteiro do próprio autor do livro, são de Fido Nesti, ilustrador e colaborador da revita New Yorker.

O jornal informa que a parceria deve se repetir para produzir uma versão do livro toda em quadrinhos, prevista para ser publicada em 2010 com apoio de um edital da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.

O título da matéria no interior do caderno reproduz uma declaração de Rodrigues: "Quadrinhos permitem voos literários"

Em um texto de apoio, a reportagem da Folha afirma: "Formato que no passado era associado à fantasia e aos super-heróis, só recentemente os quadrinhos têm sido utilizados no Brasil como recurso para contar histórias da vida real". Em seguida, aponta os nomes do norte-americano Art Spielgelman e do maltês Joe Sacco como "principais nomes do formato".

Foto do Blog de Fido Nesti
O aumento do interesse da Folha e de outros veículos pelos quadrinhos se justifica pelo momento que o mercado brasileiro está atravessando. O crescimento das vendas em livrarias faz com que as editoras busquem dialogar com um público diferente do perfil habitual do leitor de HQs. A mídia, nesse caso, assume o papel de mediadora desse diálogo por meio de matérias como a da Ilustrada.

É curioso observar a imagem que se faz dos quadrinhos nessas matérias, especialmente quando retomam a discussão do valor das HQs como arte e como literatura. Elas têm muito a dizer sobre o que se pensa sobre o passado dos quadrinhos e aquilo que se pretendo como um futuro para eles.

6 comentários:

Vitor Batista disse...

por favor, que é o jornalista responsavel pelas materias sobre quadrinhos na folha?

Sidney Gusman disse...

Vitor, que eu saiba há dois jornalistas que cobrem quadrinhos hoje na Folha: Marco Aurélio Canônico e Diogo Bercito.

Abraço

Vini Costa disse...

Enquanto isso, o maior jornal de Brasília, não a toa chamado de Correio Braziliense, não publica nem sequer quadrinhos a anos, nem mesmo no caderno de cultura publicado apenas uma vez por semana.

Diego Figueira disse...

Além dos nomes citados pelo Sidão, a Raquel Cozer tem assinado muitas reportagens e entrevistas sobre quadrinhos para a Ilustrada. Muitos textos também aparecem com a indicação "Da Reportagem Local", como foi o caso da matéria de domingo.

A Folha deixou de ter um espaço fixo com colunista de quadrinhos como teve há alguns anos, mas tem feito muitas reportagens.

Quanto à falta de HQs em jornais é uma realidade por aqui também, especialmente para jornais do interior de SP de certa tradição no jornalismo, que aparentemente desistiram das tiras.

momentoinstante disse...

enfim, a divulgação sempre nos é valida, mas o que esperar alem disso de um Jornal do porte que tem a Folha de São Paulo, o interesse comercial ou artistico simplesmente?

valeu galera...

Lucrécio disse...

Matéria sobre HQ fora da mídia especializada é sempre com aquela cara de "olha, quadrinhos não são só coisa de criança", "ei, quadrinhos também podem ser Arte e Litetatura" (com maiúsculas prepotentes).
Os quadrinhos não têm que provar nada pra ninguém e nem ser arte ou literatura (embora eles possam). Eles não têm que conquistar o respeito dos "adultos" (adultos são aqueles que não lêem "gibis", ao contrário das crianças).
Além disso, o que dá raiva é que essas matérias chovem no molhado, parecem matéria paga.
Só espero que o interesse do público se mantenha para que os lançamentos permaneçam e o mercado de quadrinhos se sustente sem que precise da aprovação dos doutores da cultura.