Causos do mercado de quadrinhos: "Fui eu, Sidão!"
Como o personagem desta história já tornou isso público num depoimento pra mim no Orkut, resolvi colocar aqui no blog.
Em 1991, eu trabalhava como redator da Editora Globo e tinha a "chata" incumbência de redigir as matérias que saíam na seção HQ Press, da revista Sandman.
Um dia, apareceram na redação dois jovens leitores para mostrar seus trabalhos pro Leandro (Luigi Del Manto). Um se chamava Ricardo Giassetti, que anos depois se tornaria um dos donos da Pandora Books; e o outro, Delfin, que viraria um multimídia que, entre outras coisas, escreve muito bem sobre quadrinhos.
Os dois estavam começando e o papo correu solto. Em dado momento, Delfin citou uma revista chamada Mephisto: Terror Negro, da editora ICEA, de Campinas. Nem deixei ele terminar a frase.
- Eu conheço - falei.
- Sério? - perguntou o Delfin, todo animado
- Sim, os caras chuparam minha matéria do Sandman #13 (sobre os sonhos nos quadrinhos, que deu um trabalho de pesquisa do cão) na maior cara-de-pau! - esbravejei.
- É verdade! - ele disse.
- Você também viu a tal matéria? - indaguei.
- Não, fui eu que escrevi... - ele confessou.
Cara, ficou um silêncio sepulcral na redação. É difícil me deixar sem graça, mas a humildade dele na hora me quebrou. O Delfin (que tinha 19 anos) disse que respeitava muito meu trabalho, que eu servia como fonte e, por inexperiência, acabou copiando vários trechos e tal.
Apesar do que o Delfin classifica como vexame, eu fiquei sem ação, disse que entendia, mas pedi para ele não fazer mais aquilo. Expliquei que a pesquisa era válida, mas que criasse seus próprio estilo de escrever etc.
Até hoje, damos boas risadas quando lembramos desse episódio. O Delfin fala que ficou anos sem poder me encarar, mas isso é bobagem, pois o cara se tornou um baita profissional, colaborador do Universo HQ e, principalmente, um grande amigo.
Um comentário:
Vendo o caso de plágio do UHQ pelo JB, Sidão, foi difícil não lembrar disso.
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