07 setembro 2006

A arte na capa de um LP

Sou do tempo dos LPs, as chamadas bolachas de vinil, que podem não ter (e realmente não tinham) toda a qualidade que um CD oferece, além de serem mais frágeis. Mas sinto falta deles, ainda tenho guardado todos os meus quase trezentos e faço uma limpeza periódica em cada um pra que durem pelo menos mais uns 150 anos.

Na transição pra o CD, muitas produções antigas ganharam um tratamento de primeira no som, mas as capas, que chamam a atenção nas prateleiras, perderam muito da magia. Pegue o álbum Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band (1967) dos Beatles e tente apreciar aquela imagem reproduzida no tamanhico de um compact disc. Dá pra ver bem algum detalhe da capa considerada uma das maravilhas da pop art?

Quem só começou a curtir o Iron Maiden na era do CD e comprou o magnífico Powerslave (1984), por exemplo, nem imagina onde esteja na ilustração o inconfundível símbolo da banda, presente em todas as capas, e que nessa e em outras reduzidas para o formato compact disc ficou sumido.

Ainda em Powerslave, só quem tem o LP pode ver a inscrição “Indiana Jones was here” (“Indiana Jones esteve aqui”) e o desenho do Mickey Mouse talhados na entrada de uma das esfinges.

Pra mim, essa é a melhor capa dos discos do Iron Maiden, pela riqueza de detalhes e por causa do tema, o Egito antigo, que me fascina desde a infância. Mas há outras belas ilustrações, como as dos álbuns Seventh Son of a Seventh Son (1988) e Somewhere in Time (1986).

Esta última traz também um festival de citações, como o nome do escritor de ficção científica Isaac Asimov em um letreiro; no céu escuro, ao fundo, o anjo caído da banda Led Zeppelin; e, no alto de um edifício, a inconfundível imagem do Batman na penumbra. Isso tudo quase não dá pra perceber na versão da capa em CD.

Muitas outras bandas de heavy metal também se valem da arte pintada para chamar a atenção na capa de seus discos. O Manowar é mestre nisso, e destaco aqui as belas ilustrações para Hail to England (1984), que é de fazer babar qualquer fã do Conan, e Fighting the World (1987), que emula a capa de Destroyer (1976), do Kiss. Compare nas imagens postadas aqui.

Aliás, o Kiss tem outro álbum com uma capa espetacular, Love Gun (1977). A pintura realista é de encher os olhos.

E voltando ao bárbaro cimério, o ilustrador Ken Kelly, que já foi capista de A Espada Selvagem de Conan, é o responsável pelas ilustrações de um CD-tributo ao Kiss lançado no ano passado na Noruega. Também é dele a maioria das artes de capa do Manowar.

Mais bandas famosas entre os metaleiros (ou headbangers, como queiram) apresentaram em seus discos algumas capas sensacionais, como o Judas Priest em Painkiller (1990) - um clássico insuperável, daqueles cuja parede de guitarras faz estourar os tímpanos de qualquer desavisado.

Tem ainda o Iced Earth, que já usou uma capa e encarte com ilustrações do Spawn, a Cria do Inferno de Todd Mcfarlane, em The Dark Saga (1996).

Entretanto, por mais belas que sejam todas essas e muitas outras artes, elas perdem um pouco do impacto em um espaço tão pequeno como a capa de um CD. Já nos LPs, são verdadeiros painéis no tamanho perfeito até para serem emoldurados.

Saudade...

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