29 setembro 2008

Melhores e piores de setembro

Sem mais delongas, é hora da equipe editorial do Universo HQ eleger os melhores e piores do mês que está acabando.

Abaixo você confere o que cada integrante deste blog mais e menos curtiu em setembro. Este mês só Zé Oliboni ficou de fora, mas rola (depois de muita insistência dos demais) a estréia de nosso webmaster Ronaldo Barata.

Vale lembrar: as opiniões são pessoais e não precisam ser sobre um lançamento do mês.

Não há mais limite para as indicações dos melhores, que não são listados necessariamente em ordem de preferência; e uma, duas ou três pros piores.

Granpá detona neste álbum de estréiaSidney Gusman

Melhores: Mesmo Delivery (Desiderata), Pixel Magazine # 18 (Pixel), Aú, o capoeirista (edição do autor), Hard Boiled – À Queima-Roupa (Devir), Leão Negro # 2 – O medo da solidão (HQM) e Predadores # 1 e # 2 (Devir)

Piores: O ataque das Amazonas # 2 (Panini) e Aniquilação – A Conquista - Prólogo (Panini)

Grande trabalho sobre o Rei Jack KirbySérgio Codespoti

Melhor: Tales to Astonish, de Ronin Ro (St. Martin's Press)

Pior: nenhum




Alguém poderia reeditar esta coleção Marcelo Naranjo

Melhor: Um Homem, Uma Aventura – O Homem do Nilo (Ebal)

Pior: nenhum




E não é que o bárbaro atrapalhado já está há um quarto de século na estrada?Marcus Ramone

Melhores: Fábulas Pixel # 2 (Pixel), Groo – 25 Anos de Desastres (Mythos), Leão Negro # 2 – O medo da solidão (HQM), O Melhor da Disney - As Obras Completas de Carl Barks # 36 (Abril), Liberty Meadows – Livro 1 - Éden (HQM), Os Leões de Bagdá (Panini), O Livro Negro de André Dahmer (Desiderata), Mauricio Apresenta # 4 – Turma da Mônica em Superparque (Panini), Clássicos do Cinema Turma da Mônica # 9 – O Planeta dos Coelhinhos (Panini), Os Pequenos Guardiões # 1 e # 2 (Conrad) e As Tiras Clássicas da Turma da Mônica – Volume 3 (Panini)

Pior: Tina Especial # 1 (Panini)

Novidade argentina em nosso mercadoEduardo Nasi

Melhores: Gaturro # 1 (Vergara & Riba), Batman # 70 (Panini) e Macanudo # 1 (Zarabatana, ainda no prelo)

Pior: O ataque das Amazonas # 2 (Panini)

Terry Pratchett é bom à beçaGuilherme Kroll Domingues

Melhores: The Discworld Graphic Novels (Harper) e Turma da Mônica Jovem # 1 (Panini)

Pior: Marvel Especial # 5 - Guerra Silenciosa (Panini)



Tomara que a Pixel regularize a periodicidade desta revistaRicardo Malta Barbeira

Melhores: Fábulas Pixel # 2 (Pixel), Morte (Conrad) e Vertigo # 1, # 2 e # 3 (Abril).

Pior: nenhum





Logo, logo este material chega ao BrasilDelfin

Melhores: Fábulas Pixel # 2 (Pixel), Fables # 50 (DC), Secret Invasion # 4 (Marvel) e Final Crisis - Legion of Three Worlds (DC)

Pior: Iracema Mangá (Edições Demócrito Rocha)



O segundo número do mais recente sucesso do mercadoDiego Figueira

Melhores: Marvel Action # 20 (Panini), Batman # 70 (Panini) e Turma da Mônica Jovem # 1 e # 2 (Panini)

Pior: Homem-Aranha # 81 (Panini)


Um baita álbum do diabão de Mike MignolaRonaldo Barata

Melhores: Hellboy – O clamor das trevas (Mythos) e Calvin & Haroldo – Yukon Ho! (Conrad)

Pior: nenhum
Parabéns, contestadora!


A Mafalda, neste dia 29 de setembro, faz 44 anos. Parabéns, garota! Imagino que, se você estivesse falante e ativa nos jornais do mundo justo hoje, você teria mais assunto do que nos dias normais. Né, não, W. Bush?

25 setembro 2008

Incomunicabilidade

A nota de hoje sobre a participação de Jodorowsky numa mostra da Estação Pinacoteca merece um pitaco aqui no blog.

Na ladainha do coitadismo dos quadrinhos, é normal a gente ouvir que as HQs são subvalorizadas por todo mundo e que só sobrevivem graças a uns poucos abnegados, os leitores.

Mas aí você entra em um dos mais importantes espaços de arte contemporânea de uma das cidades mais importantes do mundo e encontra as Fabulas Panicas, uma série de HQs surpreendente, coisa rara de se achar por aí.

Lá mesmo, ano passado e no começo deste, houve uma mostra de Öyvind Fahlström, artista paulista radicado na Suécia que dialogava radicalmente com as HQs na maioria dos trabalhos expostos. A mesma mostra integrou a Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, ano passado. Era um troço importante. E bom demais.

E, mesmo que a gente tenha falado do assunto no Universo HQ, a mostra não rendeu nenhum burburinho do meio das HQs, que parecia mais interessado em detonar alguma saga qualquer da Marvel.

Outro caso: inaugurou agora mesmo na galeria Choque Cultural, em São Paulo, a mostra Trimassa, que ainda não fui ver, mas já sei que inclui trabalhos de dois dos grandes autores de quadrinhos brasileiros: Jaca e Fábio Zimbres.

Eu poderia ir além das três mostras e das artes visuais, mas a essas alturas já deu pra sacar onde quero chegar: enquanto os leitores fiéis reclamam que a nova fase do Homem-Batatinha está ruim, tem muita gente aí fora aproveitando o que os quadrinhos têm de melhor para oferecer. São trabalhos geniais em exposições fantásticas.

Mas quem é que aceita o convite?

24 setembro 2008

O Beco das HQs está de volta!

Enfim, o Beco das HQs está reabertoBom, como você já deve ter visto no Universo HQ, hoje retomamos as colunas opiniativas. E essa volta (pra valer) começou comigo, que reabri as portas do Beco das HQs.

Como no site não há espaço para comentários dos leitores, quem o quiser fazer pode usar o Blog do UHQ.

Abaixo seguem os links pros dois textos que escrevi para esse retorno do Beco das HQs.

O Sonho acabou... mas já está de volta

HQs na rede: divulgação ou pirataria?

16 setembro 2008

Gedeone, o cara que deu início a tudo (pra mim, também)

Nem sei como lamentar a morte de um ídolo. Sim, Gedeone Malagola era mesmo um cara que eu admirava. Afinal, quantas pessoas você pode dizer que viveram de quadrinhos no Brasil – e sem depender de nenhuma major, nacional ou internacional? Era o caso do mestre, que conheci num longínquo 1991 na Casa de Cultura de Jundiaí.

Gedeone tinha influenciado diretamente, à época, pelo menos três das cinco pessoas presentes àquela mesa de debates de grandes projetos: eu mesmo, Emerson Eduardo Luiz (o Miranda, falecido há alguns anos) e o Ricardo Giassetti. Também estavam por lá o Jean Okada e o Dennis Anderson, único que não seguiu carreira em quadrinhos.

Gedeone dava cursos de HQ na Casa de Cultura, sendo que Miranda e Ricardo eram meio que seus pupilos mais adorados. Lembro que ele era um pouco taciturno, mas quis saber no que estávamos trabalhando (era nas primeiras histórias de Pet Nash, personagem que estrearia só oito anos depois, na revista Metal Pesado). Deu alguns conselhos, gostou do visual do personagem, apesar de criticar o armamento que ele usava.

Eram os anos 90 e era bacana brincar com esses clichês, mas isso talvez fosse demais para o mestre, que saiu de lá minutos depois. De lá pra cá, falei algumas vezes com ele, a maioria por telefone. A última foi recentemente, para conversar sobre o Spirit de Will Eisner, há exatos seis meses.

Gedeone nunca soube, mas, quando comecei a escrever para a ICEA – que, em 1991, publicava Mephisto e Os Guerreiros de Jobah, e que seria, logo após, uma das publicadoras recentes de histórias inéditas do Raio Negro –, a Neuza Luz (secretária de redação da editora agrícola campineira e verdadeira pau-pra-toda-obra) me disse que o Gedeone era um dos motivos inspiradores deles tentarem publicar quadrinhos por lá.

Foi quando conheci o trabalho do mestre e me empolguei. A ICEA era uma boa editora, na verdade – apenas equivocada. E eu era só um cara de 19 anos a quem eles resolveram dar ouvidos. Sorte minha. Era uma carreira que começava, que me levou de vez ao jornalismo e a batalhar para ser, mesmo, escritor/roteirista.

Daí, ontem, chegou o e-mail do Manoel de Souza, da revista Mundo dos Super-Heróis, e fiquei baqueado na hora. Muita gente boa foi embora na última semana, não só nos quadrinhos: Fernando Torres, Waldick Soriano, Richard Wright (tecladista do Pink Floyd), David Foster Wallace (escritor que era uma inspiração pra minha geração) e, agora, o Gedeone. Isso pra não falar do Colonnese, mês passado. Dá um nó na garganta.

Mas o Gedeone, ao contrário de muita gente que passa, deixa um dos maiores legados dos quadrinhos nacionais, cujo maior reflexo se vê justamente agora, nessa novíssima geração de produtores de HQs nacionais, com enfoque especial pro pessoal do Quarto Mundo.

Ele inspirou muita gente, liberava o uso de seus personagens para participações em histórias de outros heróis, adorava conversar sobre quadrinhos e, claro, era uma verdadeira enciclopédia sobre o assunto. Ao contrário de muitos picaretas por aí que ficam falando que fizeram e aconteceram, Gedeone realmente fez e aconteceu. No Brasil. Com heróis. E não só: terror, suspense, ficção científica e romance foram gêneros também explorados com sucesso pelo escritor e desenhista.

Se ele copiou o Lanterna Verde? Até aí, quando perguntaram ao Steve Ditko de onde ele tirou a idéia para o Blue Beetle (Besouro Azul), à época da Charlton, ele decepcionou milhares de fãs ao responder, sinceramente: "Green Hornet" – sim, o Besouro Verde da TV e das HQs.

Inspirações existem desde a época do Super-Homem. Mas o Raio Negro era um militar todo certo, bem diferente do civil rebelde Hal Jordan. O Homem-Lua também tinha outras nuances que o diferiram de sua inspiração principal assumida, o Fantasma, de Falk e Moore. E o trabalho de um criador também é agregar valores a mitos. Gedeone fez a sua parte. E, agora, continuam fazendo por ele.

Queria tê-lo conhecido mais. O Giassetti sabe que tem pelo menos um personagem dele, que não é o Raio Negro, que me é muito caro, e algum dia quero escrevê-lo. Gedeone não poderá vê-lo, mas sei que ele gostaria muito de saber que sua obra, em absoluto, não morreu com ele.

Daqui, a gente segura os seus sonhos por você.
E Gedeone descansou

Raio Negro, criado por Gedeone MalagolaOntem, o quadrinho nacional perdeu mais um de seus mestres. Mais do que isso: um de seus grandes batalhadores. Aos 84 anos, Gedeone Malagola morreu vítima de complicações de seu estado de saúde, que estava debilitado havia tempo.

O Ramone fez uma bela matéria no Universo HQ, que pode ser conferida aqui.

De minha parte, ficam os sentimentos a toda a família e um muito obrigado ao Gedeone, que, muito tempo atrás, foi um dos caras que me fez descobrir que super-heróis podiam, sim, ser feitos também no Brasil. Fique bem, Gedeone! E que o Raio Negro te acompanhe nessa nova jornada.

14 setembro 2008

Como o Galactus foi derrotado pela primeira vez

Agora já sabemos como o Galactus foi convencido a deixar a Terra em paz.

Quando disseram que o Quarteto Fantástico deu no saco do Devorador de Mundos, não era mera linguagem figurada.

12 setembro 2008

Dica de livro: Irmão Lobo

Passado distante. No território hoje conhecido como Europa, o ser humano divide-se em clãs, os quais adotam os animais como símbolos: clã da víbora, clã do corvo, clã do lobo. É a Idade da Pedra.

Vivendo à parte das comunidades, um exímio caçador de nome Pa, e seu filho Torak, sobrevivem em sintonia com o que a natureza oferece.

Porém, tudo muda quando um urso violento e descontrolado começa a destruir tudo que encontra em seu caminho. Pa é assassinado, e Torak, de apenas 12 anos, terá que usar toda sua argúcia e inteligência se quiser sobreviver.

Em sua trajetória de grandes desafios e perigos, o encontro com um filhote de lobo que mudará sua vida. E, no confronto com o urso, a descoberta de uma vingança à muito planejada.

Essa é a trama do ótimo Irmão Lobo (Editora Rocco – selo Jovens Leitores), livro infanto-juvenil de Michelle Paver, com duas seqüências já publicadas no Brasil: Espírito Errante e Devorador de Almas.

A narrativa envolvente, aliada com uma grande pesquisa por parte da autora, tanto visual quanto histórica, garantem a ótima reconstituição de época, a qual coloca o leitor se imaginando no local do protagonista, o que garante boas horas de entretenimento.

Em alguns momentos, em especial quando o ponto de vista da trama passa para o pequeno filhote de lobo, a autora chega a lembrar Jack London (um de meus autores favoritos).

Altamente recomendado. É daquelas obras infanto-juvenis que o leitor maduro pode curtir sem problema nenhum. Para ler de uma só vez, e ficar com vontade de conhecer as seqüências da série.

Afinal, leitor de quadrinhos também curte um bom livro, não?