30 maio 2008

Melhores e piores de maio

Hora dos melhores e piores do mês que se encerra. Então, veja abaixo o que cada integrante deste blog mais e menos curtiu em maio. Ah, o Naranjo ficou de fora por ter lido pouco.

Vale lembrar: as opiniões são pessoais e não precisam ser sobre um lançamento do mês.

Serão três ou mais indicações para os melhores (este mês tem muita coisa boa), não necessariamente em ordem de preferência, e uma ou duas pras piores. Vamos a elas!

Material muito, muito legalSidney Gusman

Melhores: Mariazinha (Independente), Pixel magazine # 14 (Pixel), Asterix e seus amigos (Record), Ken Parker # 4 – Pálidas Sombras (CLUQ), Gantz # 11 (Panini) e Piratas do Tietê - A Saga Completa - Volume 3 (Devir)

Pior: Hangar # 2 (Independente), pois só o desenho do Laudo se salva.

Será que ninguém relançará Torpedo por aqui?Sérgio Codespoti

Melhores: Torpedo Intégrale, de Sanchez Abuli, Jordi Bernet e Alex Toth (Vents d'Ouest), Gunsmith Cats Burst # 1, de Kenichi Sonoda (Glénat), Caraïbes, de Rubens Pellejero e Jorge Zentner (Casterman/Studio A Suivre) e All-Star Superman # 10, de Grant Morrison e Frank Quitely (DC Comics)

Pior: nenhum

Spawn está realmente numa fase bacanaMarcus Ramone

Melhor: Spawn # 174 (Pixel), Spawn # 175 (Pixel), Tex Ouro # 36 (Mythos), As Tiras Clássicas da Turma da Mônica # 2 (Panini) e Bob & Harv – Dois anti-heróis americanos (Conrad)

Pior: nenhum

Mais uma obra de Marjane Satrapi no BrasilEduardo Nasi

Melhores: Tangos e Tragédias em Quadrinhos (L&PM), Pixel Magazine # 14 (Pixel Media), Os Sertões (ainda inédito), Frango com Ameixas (Cia. das Letras) e A casa ao lado (HQM)

Pior: Superman & Batman # 34 (Panini)

Punho de Ferro: revigoradoZé Oliboni

Melhores: Marvel Apresenta # 35 - A Última História do Punho de Ferro (Panini), Café Espacial # 2 (Independente) e Homem-Aranha # 77 (Panini)

Pior: Marvel Especial # 6 - Novos Guerreiros



Bela estréia da MojoGuilherme Kroll Domingues

Melhores: Bela Lugosi's Dead (Mojo Comix), Gantz # 7 (Panini) e Pixel Magazine # 14 (Pixel)

Pior: Torre Negra # 2 (Panini)


A favorita do mês, escolhida por quase todos do UHQ: uma baita ediçãoRicardo Malta Barbeira

Melhores: Preacher – Rumo ao Sul (Pixel), Preacher – Guerra ao Sol (Pixel) e Pixel Magazine # 14 (Pixel)

Pior: Marvel Max # 57 (Panini)



Cuidado! Você pode ser filho de um skrull...Delfin

Melhores: Secret Invasion # 1 (Marvel), Batman # 676 (DC), Promethea # 12 (Wildstorm) e Underworld (Zarabatana)

Pior: Sovereign Seven # 1 (DC)




Eita ratinho valente!Diego Figueira

Melhores: Os Pequenos Guardiões # 1 - Na barriga do monstro (Conrad), Os Pequenos Guardiões # 2 – Nas sombras (Conrad), Pixel Magazine # 14 (Pixel), 100 Balas - Dia, Hora, Minute... Man (Pixel) e Saiba Mais # 8 - Histórias em Quadrinhos (Panini)

Pior: DC Apresenta # 9 - Renegados e Asa Noturna (Panini)
Fotos do lançamento

Entraram hoje no Universo HQ as resenhas de duas edições da bela revista potiguar Maturi. A primeira é de uma edição especial lançada no ano passado - e cuja avaliação ainda estava pendente.

A outra é da revista Maturi # 1, que saiu no fim de abril.

As fotos abaixo, enviadas pelo editor Marcio Coelho, podem ser consideradas um extra das resenhas: mostram o lançamento da revista lá no Rio Grande do Norte.





29 maio 2008

Para o alto e avante!

Recebi por e-mail algumas fotos divertidas, e decidi compartilhar duas delas (clique para ampliar).

Afinal, quem disso que só o Super-Homem sabe voar???


Moto pra quê?

Volte aqui, Krypto!

28 maio 2008

Los Simpson

Depois do Homem-Aranha italiano, chegou a vez dos Simpsons espanhóis.

Clique aqui pra conferir o vídeo dessa bizarrice.

26 maio 2008

Agora vai

Tudo, mas tudo mesmo, indica que o quadrinhista argentino Liniers vai, finalmente, ser lançado no Brasil.

24 maio 2008

O incrível consertador de bicicletas



Monty Python é incrível, não é mesmo?

(O quadro aí de cima saiu do DVD da primeira temporada de Monty Python's Flying Circus, que está à venda no Brasil.)

23 maio 2008

Não, obrigado, só tô olhando...

Esse box com bonecos de Batman, Robin, Super-Homem e Mulher Maravilha, incluindo alguns acessórios como o batmóvel, foi lançado em 1966. É uma memorabilia bem bacana pra quem curte colecionar badulaques relacionados a quadrinhos (e eu me incluo nessa categoria).

Ficou interessado? A boa notícia é que essa raridade está à venda no site da agência de leilões Hake's Americana & Collectibles, em excelente estado de conservação.

E a má notícia é que o lance inicial do brinquedo é de acachapantes US$ 7,500.

Tá, é um balde de água fria. Entretanto, tenho que confessar, não perco a mania de visitar diariamente esses sites gringos de leilões e outros de vendas de artigos colecionáveis antigos e recém-lançados.

Não conseguirei comprar 99,999999% do que vejo por lá, mas dá um prazerzinho filho da mãe de tão masoquista, só de ficar olhando... :-)

22 maio 2008

Rock'n'comics

O blog norte-americano Topless Robot postou uma interessante lista com as dez melhores capas de discos de rock desenhadas por artistas dos quadrinhos. No rol tem até Neal Adams.

Tem muita coisa legal:

10) Disco: Winger IV (Winger) / Desenhista da capa: Ethan Van Sciver


9) George Thorogood & the Destroyers (Haircut) / Peter Bagge


8) From Beyond the Back Burner (The Gas Giants) / Geof Darrow


7) Too Old to Rock ‘n’ Roll: Too Young to Die! (Jethro Tull) / Dave Gibbons


6) Dead Ringer (Meat Loaf) / Berni Wrightson


5) They’re Everywhere (Jim’s Big Ego) / Carmine Infantino


4) 6:66 Satan’s Child (Danzig) / Simon Bisley


3) Trixter (Trixter) / Neal Adams


2) Heavy (Swollen Members) / Todd McFarlane


1) Nightcat (Nightcat) / Joe Jusko

Mortal Kombat versus Universo DC

Olha só que belo painel. O impávido Super-Homem com a cidade de Metrópolis destruída ao fundo.

A imagem foi divulgada nesta semana e faz parte do game Mortal Kombat x DC Universe, que deverá ser lançado até o próximo ano.

Vale a pena visitar o site oficial do lançamento pra conferir outras imagens e o trailer do game.
Conotações freudianas no reino animal ou Sacanagem na lata de Nesquik

Taí uma coisa que não se vê todo dia numa lata de Nesquik, da Nestlè, um rango do qual eu gosto muito (o de morango rules).

Repare nesse bichinho azul. Acredite, ele está de costas. Portanto, o que parece que é, na verdade não é - ou seja, aquilo em riste é uma cauda e as "bolinhas" são as tetas do animal chifrudo, vistas por trás.

Entretanto, o touro que está ao lado dele olha praquilo lá com os olhos arregalados, o que leva a crer que ele tem a mesma mente suja que a minha.

E logo abaixo, uma perereca parece estar pensando o mesmo que eu e o touro e estende as patas numa atitude oferecida e lânguida.

Se estivéssemos nos anos 1950, Fredric Wertham teria desencadeado uma caça às bruxas aos laticínios infantis. E aí daríamos adeus ao Leite Ninho, Farinha Láctea...

Afinal, onde já se viu uma simples lata de Nesquik retratar uma orgia entre inocentes animaizinhos de fazenda? :-)

20 maio 2008

A Wizard não sabe quem são os outros dois?

Não é de hoje que não se pode levar a sério a revista norte-americana Wizard, mas, veja bem, tudo tem limite!

Olha só que pérola que o blogueiro Eric Reynolds, do blog da excelente editora Fantagraphics, encontrou:


(Explicando a piada: numa nota sobre crossovers esquisitos, a Wizard destacou o encontro de Alan Moore com os Simpsons, visto em um episódio - a propósito, genial - da temporada atual do desenho animado. Mas a revista especializada simplesmente ignorou que os caras ao lado de Moore são dois quadrinhistas pelo menos tão brilhantes e excêntricos quanto o autor de Watchmen - mas que não escrevem HQs de super-heróis, que são, verdade seja dita, a sua única e verdadeira vocação. Aliás: o carequinha é Daniel Clowes. E o sujeito com máscara de rato é Art Spiegelman.)

Pode?

19 maio 2008

Bom tê-lo de volta, Cedraz!

Recebi um e-mail que me deixou ao mesmo tempo assustado e feliz. Quando estive com meu amigo Antonio Cedraz, no FIQ de 2007, ele me contou que estava doente, mas não sabia que era algo tão grave.

Cedraz contou que, cerca de 40 dias atrás, foi internado para fazer uma cirurgia e que deveria ficar no hospital apenas três dias. Mas o caso foi sério. Depois de 13 dias internado, ele voltou para casa, mas teve que retornar outras vezes ao hospital.

Em casa, Cedraz começou a perder sódio e potássio e foi internado de novo, às pressas. Ficou até na UTI e só teve alta no dia 17 de maio, após 16 dias sob cuidados médicos.

Grande CedrazE aí vem a boa nova: Cedraz está bem. Durante sua ausência, os seus colaboradores continuaram produzindo as histórias da Turma do Xaxado. Agora é torcer para que este velho batalhador dos quadrinhos volte à ativa logo e definitivamente.

Força e muita saúde, Cedraz!

18 maio 2008

Café Espacial e Samanta Flôor

Li esses dias uma revista independente ótima chamada Café Espacial. Mais especificamente a segunda edição que devo resenhar em breve (a da primeira pode ser lida aqui). A publicação é capitaneada por Sérgio Chaves, o mesmo do conhecido fanzine Justiça Eterna.

Ele tem uma proposta de trazer quadrinhos, contos, entrevistas e alguns ensaios relacionados à arte. O produto final é muito bom. Além de bem editada, a revista conta com artistas excelentes. Assim, só de folhear, a qualidade visual já salta aos olhos.

Um destaque da edição é Samanta Flôor, que fez a capa e uma das HQs. Essa menina tem um traço muito "fofinho" e agradável e deixou a revista muito atraente.

Como muitos artistas brasileiros, Samanta não vive de quadrinhos, mas de fazer ilustrações. Contudo, como a maioria dos ilustradores, gosta de HQs e mantém no seu site uma seção chamada Toscomics, com histórias autobiográficas curtas, no geral de uma página.

Vale a pena conhecer o trabalho da Samanta no site Corn Flake e também, se você ainda não conhece, procure a Café Espacial, é uma revista nacional que com certeza vai surpreendê-lo.

16 maio 2008

15 maio 2008

Começa a nova era dos quadrinhos

Nos últimos anos, muito se leu e ouviu sobre o revival das editoras Marvel e DC às Eras de Ouro e de Prata dos quadrinhos, em histórias que mostravam a volta de personagens há décadas esquecidos ou aventuras cujos elementos cronológicos e conceituais remetiam àquelas épocas.

Seja pela necessidade de situar os quadrinhos e suas tendências em determinado intervalo de tempo e contextualizá-los em algum período histórico, ou apenas para apontar marcos a partir dos quais mudaram-se as formas de se contar histórias nos gibis, separar a arte seqüencial em eras é uma das máximas seguidas por qualquer fã de HQs.

Embora comumente não se discuta os títulos das eras de ouro, prata e bronze, bem como os eventos que marcaram suas transições, há controvérsias sobre o que veio depois, a ponto de ficar a dúvida: a época atual é chamada de ferro ou moderna?

Nenhuma das duas opções é a correta. Do que poucos se deram conta é que os quadrinhos acabaram de dar adeus a essa fase e entraram em outra que promete não dar margem a questionamentos, pelo menos quanto ao nome: a Era Pós-Moderna.

É o que afirma o jornalista norte-americano Shawn O'Rourke, em artigo publicado recentemente na revista eletrônica PopMatters. (Leia mais...)

11 maio 2008

Os Sertões


Escrever sobre quadrinhos tem lá suas vantagens. Não é sempre, mas tem.

Há duas semanas, uma dessas vantagens caiu na minha caixa de correio eletrônico. Era uma versão quase finalizada do clássico monumental Os Sertões, do jornalista Euclides da Cunha, que está ganhando uma versão em quadrinhos com texto do Carlos Ferreira e arte do Rodrigo Rosa. O álbum vai fazer parte da mesma coleção da editora Agir, que já lançou O Alienista.

Eu já tinha visto um preview, a partir do qual fiz uma nota pro Universo HQ e do qual tirei a imagem acima.

Mas, desta vez, era a obra inteira, do começo ao fim.

Li neste fim de semana. Claro que não posso adiantar muita coisa. Mas acho que não tem problema revelar que o trabalho é surpreendente. E que consegue dar conta da magnitude de Os Sertões, sim, de um modo sério e denso.

Pois é: vem mais um álbum nacional de fôlego por aí.
Força animal

Que Marvel Apes, que nada! A "Casa das Idéias" deveria trazer de volta o Poder Paquiderme.

O grupelho aí era formado por elefantes de circo que, após um acidente com uma bomba genética (argh!), ganharam poderes, inteligência e... se transformaram na resposta da Marvel às Tartarugas Ninja.

Ele foram criados por Roger Stern e estrearam em 1989, no especial Power Pachyderms.

Mas os heróis da Marvel também ganharam outras versões esquisitas. Como o Presunto-Aranha (ou Porco-Aranha, como quiser, cujo alter ego era o Peter Porker), criado em 1987 por Tom de Falco. Ele estreou em uma edição especial e depois protagonizou um gibi bimestral que durou 17 edições.


E acredite: o herói suíno ganhou até uma versão pro Universo 2099. Quer mais? Então, que tal a encarnação zumbi em Marvel Zombies?

O personagem ressurgiu na capa alternativa de Amazing Spider-Man #528, em 2006. E em março do ano passado, ao lado de outras divertidas paródias "porcas" de super-heróis, foi a estrela de Ultimate Civil War: Spider-Ham.

Pois é. Apesar de a DC ser campeã nesse quesito, a Marvel também costuma soltar os bichos, de vez em quando.

Spawn, ascensão e queda

Na última atualização de reviews do UHQ, entrou no ar o texto sobre Spawn Origem # 2.

Ao ler os dois encadernados de Spawn Origem, que contêm as primeiras histórias do personagem, é impossível não sentir um pouco de nostalgia da época em que ele foi lançado.

A despeito da qualidade baixa de muitos gibis da década de 1990, nesse período vimos um boom de novos leitores de quadrinhos. Impulsionados pelo sucesso de X-Men e, posteriormente, dos títulos da Image, os quadrinhos atingiram um alcance grande na cultura pop da época. Spawn foi o grande auge desse fenômeno.

Tanto nos EUA quanto no Brasil, a sua revista vendia absurdamente bem, gerando, inclusive, spin-offs. Sua quantidade de fãs era, e continua sendo, tão grande que até o hoje o gibi sobrevive nas bancas sem ter tido a numeração interrompida.

Apesar de seu caráter revolucionário a princípio, logo o personagem caiu nos clichês dos super-heróis e se tornou mais um nas bancas. O grosso dos seus leitores foram embora, mas ele se manteve com uma base sólida de sustentação, tendo fãs tão fiéis quanto os de Conan ou Tex.

Mas o que mais me chama a atenção no Spawn é que a maioria das pessoas que puxam algum papo comigo sobre gibis casualmente, como nos ônibus e metrôs da grande São Paulo, quase sempre perguntam: "É Spawn o que está lendo?", o que muitas vezes é seguido com variações de: "Não?, puxa, eu tenho uma coleção dessas revistinhas lá em casa".

Às vezes, o sujeito diz que a coleção dele é a completa(!), outras, ele é mais descolado e diz "tenho mó cota de Spawn em casa", mas sempre são variações da mesma idéia. O detalhe é que essas pessoas têm em sua maioria idades entre 20 e 30 anos e não aparentam serem os tradicionais nerds dos quadrinhos.

Sinal dos tempos. Spawn marcou uma era dos quadrinhos e uma geração de leitores. Pena que a indústria desperdiçou a oportunidade de conservar esses leitores com histórias ruins e qualidade baixa.

09 maio 2008

O novo Homem-Resenha

A gente que lê muito super-heróis sabe que já rolou várias vezes de um personagem ter seu "título" passado para outro. Besouro Azul, Capitão América, Homem-Aranha, Thor, Batman e outros. E não é que no Universo HQ rolou algo parecido?

Se você vir este sujeito na rua, acredite: ele é o poderoso Homeeeeeeem-ResenhaExplico: entre a "diretoria", o nosso amigo Zé Oliboni sempre foi chamado de Homem-Resenha, porque era, disparado, o cara que mais assinava reviews no site. Mas do ano passado pra cá, o seu sidekick, ou melhor, o segundo lugar no ranking, veio aumentando sua produção, comendo pelas beiradas, dando farol alto até que... aconteceu!

Na atualização desta sexta-feira, Eduardo Nasi ultrapassou Zé Oliboni e passou a ser o novo Homem-Resenha do UHQ. Hoje, o placar é de 584 reviews a 580.

Resta saber se, como nos universos Marvel e DC, o herói que perde o posto vai retomá-lo! Aguardemos, pois, as próximas megassagas "resenhísticas" do Universo HQ!

P.S.: brincadeiras à parte, fica aqui o meu agradecimento, mais uma vez, ao Nasi e ao Oliboni, pela contribuição incrível ao site. E a todos os outros colaboradores - afinal, a briga pra subir no ranking é acirrada! :-)

08 maio 2008

Saudades dos antigos editores da Marvel


Atenção: o texto abaixo cita eventos ainda inéditos no Brasil.

Imagine a seguinte situação: você é um assinante de uma revista de tecnologia, mais especificamente um título sobre computadores. Mas não se trata de qualquer computador, a publicação é só sobre Unix.

Agora imagine que por dois ou três meses a sua revista de computadores (Unix) publica artigos sobre PC, ou até sobre carros antigos.

Uma verdadeira felicidade para o assinante, não é mesmo?

E é mais ou menos isto que a Marvel fez recentemente com as revistas Mighty Avengers e New Avengers, que em seus dois ou três últimos números publicaram aventuras inteiras sobre "Nick Fury e seus novos agentes da S.H.I.E.L.D.", ou sobre "A queda do Império SKrull". São historias sem nenhuma participação dos Vingadores.

Claro, tem lá menções em flashback (ou melhor, retcon) de uma página ou alguns poucos quadros com algum vingador, como a Mulher-Aranha, e também da Guerra Secreta (aquela aventura com o Nick Fury e os heróis que viriam a ser os Novos Vingadores, publicada nos Estados Unidos há quase quatro anos).

Mas não é isso que o "assinante" está pagando para ler. Afinal os títulos se chamam Mighty Avengers e New Avengers, e não Mighty Avengers of the S.H.I.E.L.D. ou New Skrulls of the Illuminati Empire.

Alguém poderia argumentar: "mas é super-herói e está relacionado com o crossover da Invasão Secreta!" Sim, mas não é o que o sujeito assinou. É como dar uma revista sobre PC para um assinante de Linux, porque é tudo sobre computador; ou até mesmo uma revista de carros no lugar dos computadores, POIS é tudo tecnologia.

Antigamente, um sujeito como o Walt Simonson, por exemplo, decidia escrever uma grande saga na revista do Thor envolvendo o vilão Surtur. E o que ele fazia? Ia aos poucos inserindo pistas na revista. Um quadro aqui, outro ali, e ia progredindo, criando um clima, um quadro obscuro virava meia página, e finalmente uma página inteira, e depois de vários números havia um clima.

O leitor sabia que algo estava para acontecer e tinha várias peças do quebra-cabeça, tudo na sua revista do Thor. Até que, finalmente, chegava a hora da grande saga e a história era contada, normalmente com um resultado positivo para o leitor.

Hoje em dia, o Brian Bendis - que, diga-se de passagem, não é ruim, e já escreveu coisas boas - roteiriza uma história, no caso a Guerra Secreta, que parece ser um evento quase isolado, no máximo relacionado com o futuro dos Vingadores e do Nick Fury, mas que na última parte da minissérie (que atrasou muitos meses) tem lá um skrull desenhado num canto de uma página, no meio de uma invasão de Krees, sem o menor propósito. É tão sem propósito que o leitor pode achar inicialmente que foi erro do desenhista ou até gozação.

Quatro ou cinco anos mais tarde, esta é a história inicial da megassaga que envolve os Vingadores e todo o Universo Marvel, durante uma invasão skrull. Mas como as pistas foram simplesmente omitidas ou puladas, o escritor decide que é interessante fazer diversos retcons (inserções retroativas na cronologia, algumas vezes disfarçada de flashbacks) contando o que realmente ocorreu durante este ou aquele período enquanto você achava que nada estava acontecendo além daquilo que viu na revista que pagou para ler.

Se houvesse um único editor com algum bom senso na Marvel, esta bobagem não teria acontecido. A mesma saga teria sido contada de uma maneira muito mais racional, com a participação dos personagens nas revistas cujos títulos levam o seu nome.

Qualquer editor da velha guarda (Stan Lee, Roy Thomas, Archie Goowdwin) teria resolvido isso. Até mesmo o Bob Harras perceberia que isso é um erro estratégico, e ruim para as vendas.

Se o público-alvo são os adolescentes, dividir a saga em 200 partes ao longo de cinco anos não faz nenhum sentido, principalmente do ponto de vista financeiro. Não há adolescente, nem nos Estados Unidos, com esta grana disponível para quadrinhos.

E se o público é adulto então piorou. Afinal, o sujeito lê quadrinhos e tem poder aquisitivo, mas não é burro.

Será que e tão difícil dividir as 22 páginas de uma história só com o Nick Fury, envolvendo elementos periféricos da megassaga em algumas partes, e colocá-las no meio das revistas ao longo desses quase cinco anos?

Supondo que o problema da falta de editores mais capacitados não possa ser resolvido, parte do problema estaria solucionada se Nick Fury e a S.H.I.E.L.D. tivessem uma revista própria que não fosse às aventuras do Homem de Ferro, diretor da S.H.I.E.L.D.

A minha implicância não é com a saga ou com as histórias citadas em particular, mas com o aparente descaso com os leitores.

Eu também gostaria de saber onde está a crítica especializada americana nessas horas. Eles costumam reclamar de tudo, do sexismo ao machismo, passando por todos os outros "ismos". Mas ainda não vi ninguém reclamando que a revista dos Vingadores não traz os Vingadores.

No próximo mês: uma revista do Homem-Aranha só com histórias do Ultraman ligadas a uma aventura do Fu Manchu de 1934.

06 maio 2008

Os quadrinhos franco-belgas em 2007

Segundo dados da ACBD (Association des Critiques et des journalistes de Bande Dessinée) e do CBBD (Centre Belge de la Bande Dessinée), foram publicados 4.313 álbuns de quadrinhos, em francês, no ano de 2007.

Deste total, 3.312 eram novas publicações, das quais quase a metade (1.371) tinha origem asiática (Japão, Coréia, China, etc.). Dos mais de três mil lançamentos citados acima, apenas 253 eram originários da América.

Os números mostram a força dos quadrinhos franco-belga, comparados com o interesse pelo material americano, e também a ascensão alucinante do mangá na Europa.

Ainda segundo o CBBD, o primeiro mangá publicado na Europa foi Akira, de Katsuhiro Otomo, em 1990, pela Glénat.

Agora comparem com o mercado brasileiro.

04 maio 2008

Star Wars em Bruxelas

A exposição de Star Wars realizada em Bruxelas, na Bélgica, faz parte de um tour mundial, e por coincidência também está sendo exibida no Brasil. Eu e o Nasi visitamos o evento, como ele explicou aqui.

A primeira impressão da exposição de Bruxelas é que os ambientes ficaram muito escuros, sem necessidade. Além disso, a julgar pelas fotos do Nasi, muitos dos objetos são diferentes nas duas exposições.

Em Bruxelas havia um pouco de tudo, mas com uma ênfase nas maquetes e roupas do Episódio I - A Ameaça Fantasma. Entre os destaques estavam os vilões: Darth Vader, Darth Maul, Boba Fett e Jango Fett. Para contrabalancear também estavam em exibição R2-D2, C3-P0 e Yoda.

Os objetos apresentados (naves, criaturas, roupas, apetrechos, desenhos de produção, maquetes) são curiosidades, muito mais interessantes para os aficionados por Guerra nas Estrelas (e amantes dos efeitos especiais), do que para um espectador comum.

Eu me incluo na categoria dos amantes da série, e cheguei até mesmo a escrever dois livros, 100 Respostas sobre Star Wars e O Universo de Star Wars, para a Editora Abril, na época do lançamento do Episódio III. Confesso que, assim como o Nasi, também me decepcionei um pouco com a mostra.

Embora algumas peças, como o Podracer de Anakin Skywalker e o Naboo Starfighter, chegavam a impressionar pelo tamanho e riqueza de detalhes, algumas outras pareciam ser cópias de qualidade inferior ao material usado nos filmes.

No final valeu a experiência de poder ver de perto modelos, maquetes de desenhos de produção, principalmente para desenvolver conceitualmente as criaturas e naves.

03 maio 2008

Coisas que eu acho 3

Tinha uma coisa me incomodando a respeito de Homem de Ferro. Não me dei conta até a tarde de hoje, quando lembrei de uma cena em que o "herói" faz uma descabida apologia ao linchamento. Ele entrega um bandido à população afegã e diz "Agora é com vocês".

Essa idéia de que a justiça pode ser feita a partir do ódio é, no mínimo, um retorno à barbárie.

Por mais que o filme seja bacana em vários aspectos, como eu disse antes, esse tipo de bizarrice não pode passar batido. Linchamento não é fichinha. E não é algo que se possa apoiar de forma alguma. O que o Homem de Ferro faz é um ato vil, covarde, baixo e inconseqüente.

Se alguém duvida, recomendo a leitura da entrevista que a Flávia Tavares, do Estadão, fez com o sociólogo José de Souza Martins há alguns domingos.
Coisas que eu acho 2


C-3PO 3

Eu moro em São Paulo. O Codespoti, em Luxemburgo. Mas, neste feriadão, acabamos vendo a mesma exposição: eu aqui, ele em um passeio por Bruxelas. Como exposições circulam pelo mundo, isso não chega a ser impossível, mas é uma baita coincidência.

Nós dois fizemos fotos das exposições (as dele e as minhas).

Confesso que não me entusiasmei muito com a mostra Star Wars Brasil. Os desenhos de produção eram bacanas, mas a verdade é que tudo aquilo me só pareceu legal pra quem é muito fã dos filmes e muito fetichista, o que não é bem o meu caso. Com todo o auê que foi feito em torno da exposição, eu esperava bem mais.

Ainda não sei o que o Codespoti achou, mas logo ele deve comentar por aqui. Mas pode ser uma opinião bem diferente, já que a exposição dele tinha outras peças, como dá pra ver pelas fotos.
Coisas que eu acho


Vi ontem, sem esperar grande coisa, o filme do Homem de Ferro. Mas não é um filme de se jogar fora, não. O roteiro em si é uma história de origem, o que geralmente rende alguns minutos de chatice, mas no fim das contas o troço se sustenta com um humor legal, vindo principalmente do próprio super-herói. E é daí que vem o papo de que a alma do filme é Robert Downey Jr., mas eis o ponto em que discordo: a Pepper Potts de Gwyneth Paltrow é responsável por conectar o transloucado Tony Stark ao resto do mundo, e faz isso muito bem.

Bem, já falei mais do que queria, até porque o Guilherme já fez uma resenha no Universo HQ. Eu só entrei no assunto para falar que o New York Times fez um especial audiovisual bacana sobre os efeitos especiais da montagem da armadura a partir de um depoimento de Aaron Bride, da Industrial Light & Magic. É de onde saiu a imagem de abertura do post.