28 maio 2007

O que estamos lendo

Com a pauleira das duas últimas semanas, fiquei 15 dias sem escrever sobre materiais que li e acho que merecem ser comentados. Então, vamos logo com dez deles! Let's go!

Um quadrinho muito legalInvencível - Volume Três - Perfeitos Estranhos: que série bacana! O roteirista Robert Kirkman conseguiu resgatar a diversão de se ler uma HQ de super-heróis. A história, que começou com um tom de humor bem agradável, agora ganha ares de drama com a mesma competência. O desenhista Ryan Ottley também cumpre com categoria seu papel. E o trabalho editorial da HQ Maniacs melhora a edição. Leitura altamente recomendável.

Diversão medianaBatman Extra # 2: fim do primeiro arco da nova revista do Morcegão, que trará apenas histórias fechadas. A trama da entrada de Hugo Strange para o mundo do crime é mediana apenas, mas superior às porcarias que vinham aparecendo no título principal do Batman. Leitores mais novos podem ficar decepcionados com o desfecho, mas os fãs veteranos sabem que ele não poderia ser de outra forma. A revista é um entretenimento razóavel. E só.

Edição caprichadaNeil Gaiman - Dias da Meia-Noite: a edição que marca a estréia dos álbuns da Vertigo pela Pixel é diferente da versão americana (que tem duas HQs do Monstro do Pântano a mais), mas não decepciona. Graficamente impecável, traz histórias que se não estão no nível de Sandman, ficam acima de quase tudo que se acha em bancas atualmente. A melhor é a de John Constantine: curta, forte, direta e muito bem sacada. Em segundo lugar vem o (rapidíssimo) encontro dos Sandmen: Wesley Dodds vê Lorde Morpheus aprisionado, mas logo sua memória é apagada pelo Perpétuo. E a trama do "antepassado" do Monstro do Pântano é honesta, nada mais do que isso. Achei apenas que faltaram algumas notinhas editoriais para situar leitores novos. Por exemplo: dizer que a trama dos Sandmen remete diretamente à saga inicial de Gaiman - Prelúdios & Noturnos - à frente do título do Senhor do Sonhar.

Começo insLJA # 54: A saga Um Ano Depois deveria começar com todos os títulos "adiantados" em um ano. Deveria, porque dois dos quatro componentes do mix desta revista - Liga da Justiça e SJA: Arquivos Confidenciais têm histórias que se passam antes desse evento. E não há qualquer menção editorial a isso. Uma pena. Já Lanterna Verde e SJA trazem histórias que se prestam ao papel de deixar o leitor com dúvidas e mais dúvidas a respeito do que está acontecendo - ou aconteceu nesse período saltado - essa era a intenção da DC. Nesse sentido, até por serem as primeiras edições desta nova fase, os autores conseguem despertar aquela vontade de saber o que virá a seguir. Mas, por enquanto, com pouco brilho.

Gostei deste númeroGrandes Astros - Superman # 5: continua a grande ode de Grant Morrison às histórias do Homem de Aço na Era de Prata. Não é nada que seja classificado como genial, muito longe disso, aliás. No entanto, este número foi o que mais me chamou a atenção, pois o roteirista escocês conseguiu resgatar o "velho" Clark Kent: atabalhoado, paspalhão, covarde, mas sempre se virando para salvar o dia mesmo em trajes civis. Claro que algumas coisas soam absurdas, como deixarem Lex Luthor, uma das mentes mais brilhantes do planeta, na cadeia inventando coisas. Quem imaginaria que ele pudesse dar um jeito de escapar, não é? Mas tudo bem, pois a idéia se encaixa na premissa da série. E os desenhos e a narrativa do Frank Quitely são bem legais. Curti o seu Kent meio gordo e corcunda.

Sem pizzaTartarugas Ninja - Volume 1: quem conheceu as Tartarugas Ninja nos desenhos animados infantis da TV vai levar um susto se ler este álbum da Devir. Afinal, a edição mostra o surgimento dos personagens, com um ar muito mais violento (os protagonistas, que não são tarados por pizza aqui, matam seus inimigos sem qualquer pudor), justamente como Kevin Eastman e Peter Laird os conceberam. Mas que ninguém espere uma obra-prima da nona arte, pois os autores criaram a série para ser uma diversão sem grandes pretensões. E é isso que rola. Mais na primeira parte do livro, pois na segunda, quando surge uma viagem interplanetária, o ritmo dá uma caída brava. É legal conferir também que o traço das HQs era muito mais próximo do underground do que do "engraçadinho" adotado na telinha e nos produtos de merchandising.

Edição para quem conhece o seriadoAlias: apesar de um texto na edição dizer que o entendimento desta HQ independe de o leitor assistir ao seriado homônimo de TV, não é bem assim. A trama é confusa para quem nunca viu as aventuras da agente secreta Sydney Bristow (interpretada pela curvilínea Jennifer Garner, a Elektra do cinema) e a leitura requer bastante atenção, pois o texto de Pierluigi Cothran por vezes confuso deixa pistas importantes aqui e ali, mas que, de cara, parecem irrelevantes. O desenho de Alberto Ponticielli é razoável. Como já aconteceu com A Última Batalha, a Panini estranhamente nem colocou esta graphic novel, produzida pela Disney italiana, no seu site oficial.

Tá feia a coisaRising Stars - Estrelas Ascendentes - Volume 2 # 3: J. Michael Straczinsky desandou a maionese nesta série, que começou tão legal e cai vertiginosamente a cada edição. Agora, dez anos depois, ele faz voltar o argumento do aumento de poder dos especiais cada vez quem um deles morre. Como se isso não bastasse, o personagem que desde o começo vinha sendo considerado o mentor da trama malévola, veja só, estava dominado mentalmente e fez tudo "sem querer". Fala sério! De bom nesta edição, apenas o fato de a segunda história ter arte do Stuart Immonem, o mostra que, mesmo com todos os furos no roteiro, Rising Stars seria bem mais agradável com desenhistas de verdade.

E tome Crise InfinitaDC Apresenta # 3 - Crise Infinita Especial Volume 2: desta vez são abordados capítulo "finais" de Projeto OMAC e Vilões Unidos. A primeira até tem um tom de desfecho, piegas e forçado pra caramba, mas ainda assim um desfecho. Já na reunião de malvadões do Universo DC, não tinha como terminar sem o tradicional "continua...". As duas tramas são fracas, com desenhos medianos. Ambas estão entre aquelas leituras que, daqui a algum tempo, poucos se lembrarão.

Será que vem por aí um campeão de audiência?Naruto # 1: as três principais editoras de mangás no Brasil queriam este título, mas foi a Panini quem levou. Pra quem não conhece Naruto, trata-se, hoje, do único título com potencial para ser um novo Dragon Ball (a última revista em quadrinhos, tirando Turma da Mônica, a vender mais de cem mil exemplares, em 2001). A molecada já é muito fã do desenho animado e, de olho nisso, até assinatura do mangá já foi lançada. Quanto à história da estréia, é uma apresentação apenas, mas fica claro que é mais um "filhote" de Dragon Ball, com um protagonista divertido, que pode se tornar extremamente perigoso e com uma missão a cumprir. Não curto aquelas bobagens de narizes sangrando quando os homens se excitam, mas como isso é voltado para outra faixa etária, vá lá. Vejamos os próximos números.

21 maio 2007

Superamos a marca de três mil resenhas

Na sexta-feira, recebi e-mails de leitores perguntando por que não tinham entrado os reviews, como acontece normalmente. Respondi que era por uma causa justa, que eles veriam na segunda-feira (hoje). Pois bem, agora todos já sabem: preparamos uma atualização especial para comemorar o fato de o Universo HQ ter ultrapassado a casa das três mil resenhas!

É resenha a dar com pau, hein?Ou seja, na sexta foi o primeiro aniversário do Blog e agora temos outro significativo motivo para festejar.

O setor de reviews é um dos mais acessados do UHQ. Apesar de eu achar que cada um deve formar sua própria opinião a respeito deste ou daquele título, muitos leitores norteiam suas compras pelas análises que fazemos. Então, só nos resta agradecer a confiança e, especialmente, a audiência que nunca pára de crescer, felizmente.

Como desde que batemos as mil resenhas, em julho de 2004, mantivemos uma média de um ano e cinco meses para dobrar (em dezembro de 2005) e triplicar (agora) esta marca, pode esperar que no final de 2008 deve ter outra festa no Universo HQ.

Agora, que venha a pizza com nossos amigos colaboradores. Depois posto aqui as fotos.

20 maio 2007

Outro papel de parede pra compartilhar

Coloquei no meu computador mais um papel de parede que resolvi compartilhar com os visitantes do blog.

Com o perdão do trocadilho, é superbonito. Basta clicar pra ampliar a imagem. Está em alta resolução.

18 maio 2007

O que aconteceria se...
... Wolverine, acidentalmente, fatiasse o seu "carcaju"?

Certa manhã, na mansão dos X-Men, um velho mutante canadense acorda de um sonho agitado em que fatiava um salsichão num açougue e se depara com uma aterradora constatação: nem todo recanto do seu corpo se regenera depois de retalhado:


Solidários com Wolverine, vários de seus aliados vasculham a cidade em busca de uma substituto para aquela parte do corpo do baixinho invocado que não é revestida com adamantium. O Justiceiro o faz à sua maneira:


Sharon Carter, ex-namorada do Capitão América, tenta uma aproximação mais íntima com o Sentinela da Liberdade e aproveita para inspecionar se aquilo tudo era amor à pátria ou ele ficou feliz em vê-la:


A S.H.I.E.L.D. (Sociedade Humanitária de Inclusão dos Eunucos Largados e Denegridos) organizou um movimento internacional para angariar um doador:


E o desespero tomou conta daquelas que desejavam ter de volta o que permitia a Wolverine ser o melhor naquilo que fazia a elas:

Mas, no fim, tudo dá certo. Uma das admiradoras de Logan conseguiu, à força, um substituto à altura. Pode não ser de adamantium, mas dizem por aí que é de aço:

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("Up" sugerido pelo leitor Alexandre Ferreira).

Já se passou um ano!

Pois é, passou rápido à beça, mas o Blog do Universo HQ completou um ano de vida. Então, senta que lá vem história.

Quando o Naranjo veio com essa idéia, quase o espanquei. Pô, já não basta o trabalho que o Universo HQ nos dá diariamente, o maluco queria inventar um pouco mais? Mas ele - espertamente - primeiro convenceu o Sérgio, depois convidou o Ramone para participar e acabei virando minoria. E quer saber? No fim das contas, curti (olha a imagem do meu primeiro post abaixo).

O primeiro post a gente nunca esqueceNo Blog, desde o início, nosso compromisso era não seguir a mesma linha do site. Então, aqui não precisamos escrever em linguagem jornalística; é mais um papo descontraído com os leitores, em que usamos primeira pessoa toda hora.

Nesse primeiro ano, falamos de raridades achadas em sebos, bonecos (ou action figures, como preferem alguns), preciosidades de nossas coleções, de coisas engraçadas que ocorreram no mercado de quadrinhos, de bizarrices ligadas à nona arte, de curiosidades, do que estamos lendo e muito mais.

Também usamos o Blog pra informar quando dá algum pau na atualização do site ou quando precisamos de mais velocidade. Nesses casos, chegamos a dar notícias aqui, para não esperar o dia seguinte para soltar no UHQ.

E ainda usamos este espaço para comentar assuntos não ligados a quadrinhos - eu, por exemplo, mandei bala num desabafo após a eliminação da seleção de futebol na Copa do Mundo, elogiei o timaço de vôlei do Bernardinho e contei de atividades minhas em outras áreas (matérias e especiais na Mundo Estranho, Quatro Rodas etc.)

Ou seja, a regra aqui é não ter regra.

Às vezes, rola uns estresses (meus) por ficarmos algum tempo sem postar nada novo, em virtude de absoluta falta de tempo. Mas é o preço a pagar por fazermos tantas coisas ao mesmo tempo.

Então, nesse primeiro aniversário, muito obrigado a você que tem a paciência de nos visitar. Fique sempre à vontade. A casa é sua.

(Dê uma olhada abaixo num post que fiz lá no começo do Blog para explicar como tudo começou. Também “subi”, a pedido de um leitor, um em que conto como entrei no mercado de quadrinhos.)
Como tudo começou

Sempre que dou uma entrevista, vira e mexe me perguntam como comecei a trampar com quadrinhos. Já contei várias vezes, mas como nem todo mundo as leu, resolvi relatar aqui.

Este texto me abriu as portas do mercado de quadrinhosBem, quando terminei o colegial, aos 17 anos, entrei na faculdade de Educação Física (por ser apaixonado por esportes). Eu me formei em 1986 e em 1988 cursei jornalismo. Claro que a intenção era trabalhar com jornalismo esportivo, o que fiz (em rádio) por quase dois anos.

Mas era uma época brava. Não ganhava nada (mesmo) na rádio e ainda estava na faculdade de jornalismo (a Metodista, de São Bernardo do Campo, na qual me formei em 1991). Então, eu e um grupo de amigos criamos um jornal mural (falo de 1989, não tínhamos nem sequer computador, quanto mais net), no qual comecei a fazer algumas críticas de quadrinhos. Era a época do boom da Abril e da Globo, e todos os grandes jornais de São Paulo abriam páginas e páginas para falar de HQs.

Primeira página de minha matéria de estréia, publicada em Fantasma # 7 e Sandman # 7, da GloboAí, como a galera da faculdade sempre falava que meus textos estavam bacanas, decidi usar minha boa e velha cara-de-pau para tentar a sorte! Enfiei vários desses textos (datilografados, em sulfite e com as pontas das folhas furadas – por causa das tachinhas) debaixo do braço e saí visitando as pessoas que escreviam à época - André Forastieri (Folha), Marcelo Alencar (Estadão), Alessandro Gianinni (Jornal da Tarde), Franco de Rosa (Folha da Tarde), Rosane Pavam (Diário do Grande ABC) e Leandro Luigi Del Manto (Editora Globo).

Fui sempre bem recebido, mas conseguir um frila eram outros quinhentos. Até que, numa dessas visitas, o Leandro leu e gostou do meu texto sobre Cinder e Ashe (é este aí acima), minissérie que ele editou ainda na Abril. Aí, perguntou se eu gostava de música, porque queria publicar na HQ Press (seção que saía nas páginas centrais de Sandman e Fantasma, aquele remake da DC Comics) uma matéria sobre quadrinhos e música!

Cara, naquela hora, minha alegria era tanta, que se o Leandro me perguntasse se eu gostava do Palmeiras (sou corinthiano fanático) era capaz de dizer sim... Bom, agora exagerei um bocado! :-)

Segunda página de minha matéria de estréia, publicada em Fantasma # 7 e Sandman # 7, da GloboLógico que topei! Lembro que quando saí da Globo (na rua do Curtume, na Lapa), olhei pra trás pra ver se tinha alguém olhando e quando me vi sozinho, dei um salto, como se estivesse comemorando um gol. E, pra mim, foi um gol mesmo! Era a chance de entrar no mercado de quadrinhos, algo que, até então, era um sonho apenas.

Só quando baixou a adrenalina que percebi: a missão não seria nada simples. O Leandro queria sete laudas (9.800 caracteres). Eu quase não tinha material de referência e meu conhecimento sobre quadrinhos não era tão grande. Aí, liguei para a Livraria Muito Prazer, que ficava na av. São João, expliquei a situação e perguntei se poderia passar o dia pesquisando lá.

Como a resposta foi sim, fiquei lá horas e horas, folheando centenas de HQs e anotando, anotando, anotando. Começou aí o meu gosto pela pesquisa, algo que sempre norteou meus textos desde então.

Terceira página de minha matéria de estréia, publicada em Fantasma # 7 e Sandman # 7, da GloboÉ incrível me recordar como as coisas mudam, mas aquele texto eu escrevi primeiro à mão! Só depois datilografei! Resultado: 14 laudas! O dobro! Quando entreguei, enquanto o Leandro ia lendo, minha agonia só aumentava. Depois de um bom tempo, ele falou: "Gostei muito; tenho que dar um jeito de publicar inteira essa matéria!"

A sensação de dever cumprido só não foi maior do que a satisfação de sentir que eu finalmente estava assinando minha entrada no mercado de quadrinhos.

A matéria saiu nas edições 7 de Fantasma e Sandman; e como as revistas são de 1990, coloquei as quatro páginas (com poucas ilustrações, porque eu escrevi demais) aqui, num tamanho legal, pra quem quiser ler.

Depois, com ela debaixo do braço, consegui mais frilas. Passei para jornais (o primeiro foi o Jornal da Tarde), entrei na Globo, pra trabalhar como redator, escrevi para várias revistas e o resto é história (que, com o tempo, contarei aqui).

Quarta página de minha matéria de estréia, publicada em Fantasma # 7 e Sandman # 7, da GloboDesde então, acho que não passei nem um mês de minha vida sem escrever (nem que fosse uma notinha) sobre quadrinhos. Claro que, hoje, quando leio aqueles textos do jornal mural, penso: "Nossa, como eu pude escrever isso?". Mas isso é natural com qualquer profissional, em qualquer ramo de atividade, quando se recorda de seu início de carreira! E, quer saber? É uma lembrança deliciosa!

Por isso mesmo, todas essas matérias estão na página de abertura de meu portfólio (tenho todas as matérias que publiquei até hoje). Guardo-as com todo carinho, pois foi com aquelas folhas datilografadas e amareladas que minha carreira começou! E devo muito a elas!

* Este post foi criado no dia 28 de maio de 2006 e "subido" a pedido do leitor Geraldo Moreira Alves.
Começou mais ou menos assim...


É... acho que agora vai!

* Este post foi criado no dia 22 de maio de 2006. Como alguns leitores têm pedido para "subirmos" coisas mais antigas do Blog, achei esta pertinente.
Um ano do blog no ar

E hoje comemoramos um ano da estréia deste blog!

Em nota no Universo HQ, coloquei qual a idéia deste espaço, um adendo ao site para falarmos de assuntos afins, de modo menos formal, como num bate-papo.

Já foram quase 300 postagens, seja falando de quadrinhos antigos, acontecimentos relevantes ou de divertidas situações pelas quais passam nossos personagens favoritos, entre tantos outros assuntos.

Agradecemos demais sua companhia.

16 maio 2007

A arte na capa de um LP

Sou do tempo dos LPs, as chamadas "bolachas de vinil", que podem não ter (e realmente não tinham) toda a qualidade que um CD oferece, além de serem mais frágeis. Mas sinto falta deles, ainda tenho guardado todos os meus quase trezentos e faço uma limpeza periódica em cada um pra que durem pelo menos mais uns 150 anos.

Na transição pra o CD, muitas produções antigas ganharam um tratamento de primeira no som, mas as capas, que chamam a atenção nas prateleiras, perderam muito da magia. Pegue o álbum Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band (1967) dos Beatles e tente apreciar aquela imagem reproduzida no tamanhico de um compact disc. Dá pra ver bem algum detalhe da capa considerada uma das maravilhas da pop art?

Quem só começou a curtir o Iron Maiden na era do CD e comprou o magnífico Powerslave (1984), por exemplo, nem imagina onde esteja na ilustração o inconfundível símbolo da banda, presente em todas as capas, e que nessa e em outras foi reduzido pra o formato compact disc e ficou sumido.

Ainda em Powerslave, só quem tem o LP pode ver a inscrição “Indiana Jones was here” (“Indiana Jones esteve aqui”) e o desenho do Mickey Mouse talhados na entrada de uma das esfinges.

Pra mim, essa é a melhor capa dos discos do Iron Maiden, pela riqueza de detalhes e por causa do tema, o Egito antigo, que me fascina desde a infância. Mas há outras belas ilustrações, como as dos álbuns Seventh Son of a Seventh Son (1988) e Somewhere in Time (1986).

Esta última traz também um festival de citações, como o nome do escritor de ficção científica Isaac Asimov em um letreiro e, no alto de um edifício, a inconfundível imagem do Batman na penumbra. Isso tudo quase não dá pra perceber na versão da capa em CD.

Muitas outras bandas de heavy metal também se valem da arte pintada pra chamar a atenção na capa de seus discos. O Manowar é mestre nisso, e destaco aqui as belas ilustrações pra Hail to England (1984), que é de fazer babar qualquer fã do Conan, e Fighting the World (1987), que emula a capa de Destroyer (1976), do Kiss. Compare nas imagens postadas aqui.

Aliás, o Kiss tem outro álbum com uma capa espetacular, Love Gun (1977). A pintura realista é de encher os olhos.

E voltando ao bárbaro cimério, o ilustrador Ken Kelly, que já foi capista de A Espada Selvagem de Conan, é o responsável pelas ilustrações de um CD-tributo ao Kiss lançado em 2005 na Noruega. Também é dele a maioria das artes de capa do Manowar.

Mais bandas famosas entre os metaleiros (ou headbangers, como queiram) apresentaram em seus discos algumas capas sensacionais, como o Judas Priest em Painkiller (1990) - um clássico insuperável, daqueles cuja parede de guitarras faz estourar os tímpanos de qualquer desavisado.

Tem ainda o Iced Earth, que já usou uma capa e encarte com ilustrações do Spawn, a Cria do Inferno de Todd Mcfarlane, em The Dark Saga (1996).

Entretanto, por mais belas que sejam todas essas e muitas outras artes, elas perdem um pouco do impacto em um espaço tão pequeno como a capa de um CD. Já nos LPs, são verdadeiros painéis no tamanho perfeito até pra serem emoldurados.

Saudade...

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(Recebi e-mails de dois leitores que gostariam de rever alguns tópicos que foram postados no blog antes da liberação do campo de comentários. Esta foi uma das postagens sugeridas pra um "up").
Mais um Sandman a caminho

Mas será o Fim dos Mundos?Devo terminar entre hoje (de madrugada) e amanhã a adaptação de mais um álbum de Sandman, para a Conrad. É o oitavo da série! Putz, parece que foi ontem que a coleção estreou. Essa capa ao lado é gringa, não sei se a editora a usará.

Esta saga saiu pela Globo como Fim do Mundo, mas o tradutor Daniel Pellizzari (um dos maiores "nerds do Sonhar" que conheci, além de ótimo de texto) sugeriu consertar o título para Fim dos Mundos, pois o original é Wolds' End. Correção efetuada!

Pra quem não leu este arco, ou não se lembra dele, são seis histórias fechadas e repletas de referências (e tome trabalho para fazer as notas), que se passam dentro de na Estalagem Fim dos Mundos, um lugar que reúne pessoas de diferentes épocas e lugares.

Enquanto uma tormenta animal rola lá fora, os ali abrigados contam histórias para passar o tempo. Sempre com um pé no reino do Sonhar, lógico.

Gosto muito das HQs curtas do Gaiman, acho que ele dá a elas uma densidade que poucos autores conseguem em seus trabalhos. Este álbum é prova disso.

Durante esse prazeroso (mas cansativo) trabalho, vi algo que tinha esquecido: Mike Allred (o criado do irreverente Madman) desenhou uma das histórias.

Sandman - Fim dos Mundos deve estar à venda nas melhores livrarias, creio, em julho. Até lá, pra não perder a chance, bons sonhos!
Os quadrinhos europeus de ontem

Xará #1Esporadicamente, principalmente desde a década de 1970, sempre pipocaram HQs européias em nossas bancas, uma aqui, outra acolá.

Como este Xará, da Vecchi, título dado para a famosa série franco-belga Spirou, criada por Rob-Vel em 1938, grande sucesso na Europa.

Na trama, estilo infanto-juvenil, as movimentadas aventuras do jornalista Spirou e de Fantasio, um fotógrafo desastrado. Entre os coadjuvantes, o carismático Marsupilami, um bichinho inteligente que tem uma cauda que faz, literalmente, o que ele quiser.

Xará #2Infelizmente, essa série teve poucas chances por aqui. Além dos formatinhos da Vecchi de 1975 (acredito que são apenas dois números, com histórias dos criadores Franquin e Greg), também foi lançado, no ano de 1996, o álbum Luna Fatal, pela Editora Manole.

Errata: algumas horas depois dessa postagem, confirmei que a editora também lançou dois álbuns em formato grande, logo após os dois números em formatinho. Como descobri? Acabei de comprar um deles! Deve ser uma coincidência cósmica, ou algo do tipo.

14 maio 2007

Como antigamente

Não sou um "velho" (sou até mais novo que o Sidão, hi, hi, hi...), mas confesso ser tradicionalista, antiquado, atrasado, careta, o que for quando o assunto é mudança, no Brasil, de nomes de personagens clássicos e outras nomenclaturas com as quais me acostumei desde criança.

E não me convencem as afirmações de que tudo é fruto de uma necessidade mercadológica, imposição dos donos das marcas, blá-blá-blá. Por isso, ainda hoje fazem parte do meu vocabulário:

Super-Homem. Superman é o catzo que o parta! Pra mim é Super-Homem e ponto final;

Ajax. Podiam até fazer brincadeira com ele por ter o nome daquele detergente, mas não me acostumo e nunca me acostumarei a chamá-lo agora de Caçador de Marte;

Puff. Cáspita, por que agora é Pooh??? Sempre vai ser Puff, pra mim! E o pior é que na turma dele também mudaram pra o inglês o nome de outros personagens;

Supermoça. Não é tão mais fácil do que dizer Supergirl?

Batmoça. Idem!

Eu não me importaria nem se voltassem a chamar Smalville de Pequenópolis. Tá, o nome é bestinha de dar dó, mas me dá uma saudade daqueles gibis antigões da Ebal, he, he, he.

Ah, e só pra não perder a oportunidade, também prefiro usar o nome "marvete". Odeio o termo "marvelmaníaco" que a Panini insiste em usar.

13 maio 2007

Ponto pra Panini

Os atrasos nas revistas e os problemas de distribuição da Panini merecem críticas, sem dúvida. No entanto, ao contrário do muitos leitores querem fazer parecer, a editora tem acertado em diversos pontos.

Na minha opinião, uma das grandes sacadas da multinacional italiana nos últimos anos tem sido a republicação de clássicos das HQs de super-heróis em formato americano e papel de luxo - tanto que sugeri à comissão do HQ Mix sua inclusão na categoria Projeto Editorial.

Quando a gente achava que Fênix ia morrer mesmo Este é um baita clássico
Além de essa estratégia atrair fãs mais novos, que apenas ouviram falar dessas obras, "fisga" leitores veteranos, que só viram esses materiais em formatinhos, com cortes de texto e, principalmente, de páginas. E ainda rende bons dividendos para a editora.

Nessa bem-sucedida empreitada, já saíram as fases de Frank Miller em Demolidor, os Novos Titãs de Marv Wolfman e George Pérez, a Saga da Fênix Negra, Massacre de Mutantes, o Thor de Walt Simonson, a Tropa Alfa e o Quarteto Fantástico de John Byrne, Lanterna Verde / Arqueiro Verde de Dennis O'Neil e Neal Adams, Crise nas Infinitas Terras, Os Maiores Clássicos dos Vingadores, a Mulher-Maravilha de George Pérez, Lendas (o mais recente) e outros.

Uma maravilha de mulher O Thor de Simonson

E agora vem aí a interessantíssima Biblioteca Histórica Marvel, que trará as primeiras aventuras dos heróis da "Casa das Idéias" num formato bacanudo, algo que poucos sonharam em ver no nosso mercado.

Portanto, parabéns à Panini e que venham mais desses valiosos resgates.

Miller fez o Demolidor honrar o nome Lendas, de Byrne
Mais um "O que estamos lendo"

Semaninha complicada de trampo esta. Mesmo assim, agora que arrumei um tempinho, seguem mais rápidos comentários sobre HQs que li.

Ainda bem que é Infinita só no nome...Crise Infinita # 6: Ufa, está acabando! Realmente uma pena esta minissérie que foi tão alardeada ter se mostrado uma história tão fraca. Pior ainda: que tenha “manchado” uma das sagas de super-heróis mais bacanas dos últimos 20 anos, Crise nas Infinitas Terras. Pra piorar, como bem observou o Eduardo Nasi em sua resenha no UHQ, sem o apoio das revistas de linha, Geoff Johns teve que acelerar a narrativa, deixando-a mais capenga.

Vale esperar os próximos capítulosJustiça # 3: o ritmo dos acontecimentos nesta minissérie é lento, mas nada que desagrade. Pelo contrário, o roteiro de Jim Krueger está deixando o leitor ansioso pelo desfecho das várias subtramas que estão sendo espalhadas – especialmente a de Brainiac e Aquaman. Desse modo, cresce a expectativa pelo contragolpe dos super-heróis à investida de seus inimigos. O trabalho de Doug Braithwaite e Alex Ross na arte continua bacana.

Terror leve e bacanaCourtney Crumrin & as Criaturas da Noite: li este álbum da Devir sem grandes expectativas e ao chegar ao final estava bastante satisfeito. Uma história de terror leve e divertida. O roteiro de Ted Naifeh mostra o estereótipo da família norte-americana: pais em busca de glamour, que nem ligam pros filhos. E é aí que a relação da jovem Courtney e seu misterioso tio Aloysius ganha força. A arte também é bacana, com bons contrastes de luz e sombras e narrativa competente.

Bem legal a volta do coelho samuraiUsagi Yojimbo - Sombras da Morte: ponto pra Devir por promover este retorno ao mercado nacional. Usagi Yojimbo, que teve três álbuns pela Via Lettera, é uma série muito legal. Stan Sakai usa personagens antropomorfizados para narrar histórias de samurai mesclando ação, humor e ficção (neste volume as Tartarugas Ninja viajam no tempo para juntar-se ao protagonista – mas faltou uma notinha dizendo onde rolaram os outros encontros deles). Tudo com uma narrativa show de bola. E pensar que já li nerds dizerem que é uma babaquice um coelho samurai! Como se homens com cuecas sobre as calças e com capas existissem...

Fique atento aos detalhes da tramaCapote no Kansas: não li o livro A Sangue Frio, de Truman Capote, mas após terminar este álbum decidi que ainda o farei. Esta HQ romanceia o período que o escritor passou no interior dos Estados Unidos para produzir a obra referida. É uma leitura agradável, com desenhos (de Chris Samnee) bons e um roteiro enxuto. No entanto, em alguns pontos, o roteiro de Ande Parks fica confuso e é preciso o leitor ficar atento para saber se quem está conversando com Capote está vivo ou morto.

Terror angustiante nesta HQA Serpente Vermelha: o terror japonês nos quadrinhos segue uma linha diferente da adotada no mundo ocidental. Mas pode ser tão interessante quanto. Este álbum comprova isso. Hideshi Hino, que já havia tido Panorama do Inferno lançado pela Conrad, constrói uma trama que angustia o leitor. O garoto protagonista vive numa casa pra lá de estranha (que tem “lugares proibidos”), de onde não pode fugir (é cercada por uma floresta) e na qual vê sua esquisita família passar por transformações bizarras. Destaque para o belo trabalho da Zarabatana Books. É raro uma editora começar com tanta qualidade de texto e de impressão.

Não tem o que pensar: compre!Lobo Solitário # 28: Chegou ao fim a melhor revista seriada do mercado nacional em muito tempo. E não há muito que dizer, para não estragar a surpresa, apenas que vale demais a pena. E fica aqui registrado o agradecimento dos leitores de bom gosto à Panini. Afinal, finalmente, uma editora brasileira se dignou a publicar na íntegra este clássico dos quadrinhos mundiais, escrito por Kazuo Koike e desenhado por Goseki Kojima. Que a série seja republicada de tempos em tempos, pois mais gente merece conhecê-la.

História fracaA Última Batalha: Esta graphic novel é fraca (será por isso que a Panini nem a anunciou em seu site oficial?). Dividida em vários capítulos curtos, conta uma história batida, com uma reviravolta previsível no final. Em momento algum o texto do italiano Tito Faraci empolga. E os desenhos “duros” do norte-americano Daniel Brereton também não colaborar. Sua narrativa é truncada demais.

Que Morcego é esse?Grandes Astros - Batman & Robin # 4: se durante a leitura você conseguir assumir que o personagem principal não é o Batman do universo normal da DC (esse o propósito da série), esta edição é passável. Mas se não fizer isso, complica. O Morcego está mais paranóico do que nunca – Frank Miller parece ter pegado o jeito de ver a vida do Batman cinqüentão de O Cavaleiro das Trevas e colocado neste, ainda em início de carreira. Comer ratos? Essa foi dose pra cavalo! Na arte, a página sêxtupla é realmente bonita. Foi um recurso para mostrar o quanto o lugar impressiona Dick Grayson. E funciona.